Antonella Delgado e Alejandra Velasco fotografadas por Juankr e com styling de Caterina Ospina para o The Revolution Issue da Vogue Portugal, publicado em abril de 2023.
Com os problemas de saúde mental, como a depressão e a ansiedade, a aumentar, estamos a aproximar-nos de uma encruzilhada na forma como abordamos as questões da saúde mental. Numa conversa com a Times Radio, na segunda-feira, o Professor Sir Simon Wessely, diretor não executivo do NHS England, observou o aumento acentuado da vontade das gerações mais jovens de falarem sobre a sua saúde mental, em contraste com os seus pais e avós, que eram muito menos propensos a exporem-se nesse sentido.
“Fui a todas as faculdades de medicina, falei com 40 grupos diferentes de estudantes e, invariavelmente, relataram taxas muito mais elevadas de mau-estar mental e problemas de saúde mental”, disse ele. “Mas, na verdade, quando os pressionamos um pouco, não se referiam ao tipo de perturbações de que estamos a falar - depressão, ansiedade, etc. Referiam-se à solidão, às saudades de casa, ao stress dos exames, à pressão académica, às preocupações com as alterações climáticas, que provavelmente não iríamos classificar como perturbações mentais porque não respondem ao tipo de tratamentos psicológicos que damos.”
Seja qual for o problema de saúde mental, existem alterações no estilo de vida - totalmente apoiadas pela ciência - que podem ajudar a aliviar os sintomas e fazer com que o mundo pareça um lugar mais leve e iluminado. Aqui estão três delas:
Conecte-se com outras pessoas
É fácil isolarmo-nos quando estamos a passar por um mau período mental, mas visitar um amigo, familiar ou outro ser humano pode ser verdadeiramente transformador. Os seres humanos estão programados para estarem rodeados de outras pessoas e, por conseguinte, existem muitos estudos que demonstram que o facto de nos sentirmos ligados, pode ter um efeito positivo na nossa saúde física e mental - desde um melhor controlo do açúcar no sangue até à diminuição do risco de mortalidade cardiovascular e dos sintomas de depressão. De facto, um estudo concluiu que os participantes tinham 50% mais probabilidades de sobreviver quando tinham relações sociais mais fortes. Por outro lado, o facto de nos sentirmos desligados também pode aumentar o risco de depressão e também de morte.
Embora a Internet - à primeira vista - prometer facilitar a ligação, na realidade o oposto parece ser verdade, com os estudos a associarem a dependência da mesma à solidão. Por isso, guarde tempo para os amigos, junte-se a um clube ou a um grupo comunitário e reserve tempo para ver a sua família - nunca é uma perda de tempo, ajuda mesmo, genuinamente, a melhorar a sua saúde mental.
Mexa o corpo
De acordo com um estudo publicado em 2023 na revista BJM Sports Medicine, a atividade física é 1,5 vezes mais eficaz na redução dos sintomas ligeiros a moderados de depressão, ansiedade e stress, do que a medicação e a terapia na maioria das pessoas, incluindo as que têm perturbações mentais diagnosticadas. Embora muitos de nós saibamos instintivamente como um pouco de exercício físico nos pode fazer sentir bem, o autor do estudo, Dr. Ben Singh, acredita que este é, no entanto, “frequentemente negligenciado na gestão destas doenças”. Em vez de ser negligenciada, a atividade que estimula a endorfina deve fazer parte de uma abordagem de base para gerir o bem-estar mental da nação.
Também não precisa de ser intenso ou extenuante. Por atividade física entende-se qualquer movimento que exija energia e trabalhe os músculos, pelo que a bricolage, a jardinagem e as tarefas domésticas também se enquadram nesta categoria. No entanto, se praticar algum exercício aeróbico de baixa intensidade (como andar de bicicleta, exercícios com o peso do corpo, jogging lento ou caminhadas rápidas) três a cinco vezes por semana, durante cerca de 30 minutos por sessão, não só ficará mais em forma, como também se sentirá muito mais feliz, entusiasmado e alerta. Encontre um desporto, uma atividade ou um estilo de exercício de que goste e torne-o numa parte essencial do seu dia.
Aproveite o ar livre
Tal como temos uma necessidade inata de nos sentirmos ligados, os seres humanos também precisam da Mãe Natureza para se sentirem saudáveis e bem - o contacto com o ar livre também pode complementar e/ou substituir outras formas de tratamento de problemas de saúde mental. Há uma razão para os nossos antepassados irem para perto do mar quando estavam a sofrer de uma doença... o ar fresco, o mar salgado e a distância das grandes cidades tinham um impacto profundo na forma como se sentiam.
O mesmo se aplica hoje em dia: estudos relacionam a exposição à natureza com uma melhor função cognitiva, atividade cerebral, pressão arterial, atividade física, sono, stress e saúde mental. A recente moda do wild swimming [natação em águas abertas, como em rios, lagos ou no mar] é apoiada por relatos anedóticos de uma maior felicidade e de uma sensação de calma. Passar algum tempo longe dos telemóveis e refletir sobre a beleza inspiradora da natureza é muitas vezes um lembrete de que somos uma pequena parte de um grande ecossistema, pelo que ir para um espaço verde ou para a beira-mar, ou mesmo ouvir o canto dos pássaros, pode ajudar a melhorar o bem-estar mental. Se tiver acesso a um jardim ou a uma horta, tente passar algum tempo lá - não há nada como cultivar as suas próprias flores para ajudar a melhorar o estado de espírito.
Traduzido do original, disponível aqui.
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