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A casa cor-de-rosa de Jamie Nelson

24 Sep 2019
By Rui Matos

Se sempre desejou que a sua casa de bonecas se transformasse no seu próprio lar, fique a saber que sim, é possível ter uma casa cor-de-rosa e viver como uma verdadeira Barbie. Dos tempos modernos, claro.

Se sempre desejou que a sua casa de bonecas se transformasse no seu próprio lar, fique a saber que sim, é possível ter uma casa cor-de-rosa e viver como uma verdadeira Barbie. Dos tempos modernos, claro. 

© Ryan Schude
© Ryan Schude

Para Jamie Nelson, o cor-de-rosa não é apenas uma cor, mas sim um estilo de vida. “Quando tinha 17 anos, sonhei que um dia seria uma artista famosa a envelhecer numa mansão cor-de-rosa, repleta de homens mais novos, com sungas vestidas a servirem-me comida e cocktails enquanto fumava na piscina. É provável que tenha visto o filme Blow vezes de mais. Mas, de qualquer maneira, uma parte do sonho tornou-se realidade... apesar de ser em Los Angeles e de ter deixado de fumar há uns anos.”

Se este imaginário não foi suficiente para corroborar a nossa premissa, atente, uma vez mais, nas palavras de Jamie: “Tento usar o maior número de peças cor-de-rosa: quimonos, marabou slippers, minissaias, casacos em pelo, calções curtos. Barbie style da cabeça aos pés.” Ou melhor dizendo, da cabeça às paredes do oásis que a fotógrafa norte-americana adquiriu há dois anos. “A minha obsessão com o cor-de-rosa fez com que encontrar a casa fosse muito mais fácil, só visitei casas com esta cor. Este foi o segundo, ou terceiro, imóvel que vi.” 

O millennial pink, que envolve toda esta arquitetura, contrasta com a paisagem verde que rodeia o refúgio. Entrar em casa de Jamie é fazer uma viagem no tempo com destino à época dourada do “glamour de Hollywood”, como a própria caracteriza. “Sou uma eterna apaixonada pelos anos 60 e 70. Então, o que faço é aliar essas décadas à minha paixão pelos motores vintage, resultando naquilo a que podes chamar o meu estilo.”

Estilo esse que faz a combinação perfeita com os objetos que existem dentro destas quatro paredes. “Adoro as minhas molduras douradas estilo Gaudí, as imagens de mulheres em helicópteros nos anos 70 e também fotografias de modelos nuas na Playboy”, diz Jamie sobre os seus itens preferidos, que para a norte-americana são o contrapeso do seu estilo decorativo. “Este tipo de objetos são ótimos para dar um toque mais arrojado à minha casa, para não ser tudo muito feminino.” Certo. O equilíbrio é a palavra-chave, seja qual for a situação, e é por isso que, segundo Nelson, a garagem é o espaço com menos glamour deste palácio em tons de rosa. “Os meus motores estão na garagem, onde gosto de me sujar,” confessa. Se fossem motores vulgares diríamos que sim, que a garagem de Jamie é o espaço com menos glamour. No entanto, é lá que guarda as suas motas, o Mustang e o Cadillac - que, surpresa, surpresa, são cor-de-rosa. Querida Jamie, até a tua garagem é um sonho. 

Quando lhe perguntamos qual é a sua divisão preferida, Jamie responde-nos - sem surpresa, temos de confessar - que é a casa de banho. Sim, aquela casa de banho que está inteiramente coberta de faux fur. “Adoro maquilhar-me e ouvir música lá. A banheira redonda e as paredes de pelo são reconfortantes.” Ter uma casa de banho com paredes revestidas a pelo não é para qualquer um - se vivermos no centro de Lisboa e só tivermos uma casa de banho, parece-nos impossível. Qual é a manutenção, é a primeira pergunta que nos surge: “Comprei alguns sprays para limpar os tecidos. Tenho três portas - uma para o pátio e duas interiores - a circulação do ar não é um problema. A banheira não é utilizada com muita frequência para não haver problemas de humidade.” Ufa. Ficamos mais descansados.

Agora sim, qual foi a inspiração? “Jayne Mansfield. Há fotografias épicas dela numa casa de banho inteiramente cor-de-rosa, toda coberta em pelo, ou carpete. Há qualquer coisa de porno dos anos 70, ali. É grotesco mas, ao mesmo tempo, muito sexy e confortável.” 

Jamie está na indústria há 15 anos e a sua lente já registou nomes bem conhecidos, entre eles Lily Allen, Solange Knowles e Drew Barrymore. Mensalmente, publica vários editoriais de Moda e Beleza, alguns deles nas páginas da Vogue Portugal, que são inclusive fotografados nesta mansão. “As sessões fotográficas são uma boa motivação e um deadline para terminar determinadas divisões.” Esta casa, que é um universo, resulta dos vários anos de trabalho de Jamie. Aqui, tudo é construído com base nos truques que diariamente aprende ao construir cenários para as suas sessões fotográficas. “Não saio tanto à noite como o fazia quando vivia em Nova Iorque. Hoje em dia, fico em casa a pintar ou a colar pelo falso às paredes, como uma croma.” 

 

Com uma casa assim, histórias não devem faltar, o que nos faz questionar sobre os momentos mais insólitos que já ali aconteceram. “Tenho uma bicicleta estática cor-de-rosa [não seria de outra cor] ao pé da piscina. Quando faço festas, as pessoas sentam-se com uma cerveja na mão e um hambúrguer na outra, e pedalam noite dentro,” começa por contar. “Recentemente, fotografei a Kourtney Kardashian no meu jardim e a equipa do reality show dela, Keeping up With the Kardashians, filmaram-na a pedalar ao pé da piscina com um robe. E aí pensei: ‘que vida estranha que eu tenho’.” Dizer que a vida de Jamie é estranha parece-nos redutor para toda a fantasia que acontece dentro e fora destas quatro paredes. Preferimos dizer que a vida de Jamie é um reflexo da sua personalidade, do seu gosto e do seu espírito livre. Long live Jamie.

 

Artigo originalmente publicado na edição de agosto de 2019 da Vogue Portugal.

Rui Matos By Rui Matos

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