Esqueça o púrpura. O verde é o novo tom a ganhar protagonismo na indústria da Beleza.
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Creme hidratante de dia regenerador com SPF 30, aproximadamente € 97, Josh Rosebrook, Cultbeauty.co.uk
Bob Marley chamava-lhe "o remédio da nação" e não demorou a ganhar um estatuto de estrela na cultura pop: foi protagonista de diversos temas musicais de artistas como Snoop Dogg, Dr. Dre ou A$AP Rocky, teve tempo de antena em Annie Hall, Dazed and Confused ou Sexo e a Cidade, e Rihanna é uma das suas fãs assumidas. De símbolo hippie a possível cura para as mais diversas condições clínicas, a canábis tem sido um dos assuntos mais discutidos nos últimos anos, num jogo de forças entre fatos e mitos, legal e ilegal, benefícios e malefícios.
Num artigo de opinião publicado no The Guardian, o Professor Mike Barns explicou os resultados de uma investigação relativa à utilização da cánabis na medicina, que ligava o seu consumo a um panorama positivamente assumido. "O meu relatório mostra que existem provas de que a canábis medicinal ajuda a tratar uma série de condições clínicas como a dor crónica, a espasticidade, as náuseas e os vómitos, especialmente sentidos durante a quimioterapia, bem como a gerir estados de ansiedade. Também existem provas dos seus benefícios no tratamento de distúrbios de sono, na estimulação do apetite, no tratamento de condições como a fibromialgia, o stress pós-traumático, a epilepsia infantil, os problemas de bexiga, e até mesmo no controlo de alguns tipos de cancros. A lista continua.", pode ler-se sobre o estudo. "Os benefícios medicinais e terapêuticos são tão impressionantes que a criminalização da canábis em si é algo imoral", continua.
Apesar da sua legalização e da sua utilização para fins medicinais ser, ainda hoje, um assunto controverso, segundo o Brightfield Group - que conduz estudos sobre a indústria da Cannabis, o mercado de canabinóides (também conhecidos como CBD), atingirá os mil milhões de dólares (aproximadamente 824,5 milhões de euros) em 2020, com um crescimento médio anual previsto de 55%. Quando olhamos para o crescente uso deste composto, extraído da planta da canábis e não psicoativo, na indústria da Beleza, não é difícil imaginar que os resultados deste estudo se torne uma realidade nos próximos anos.
Nos dias que correm, e graças ao enorme buzz que envolve o debate sobre a canábis, é cada vez mais comum encontrar derivados como os canabinóides, o óleo de cânhamo ou o óleo extraído das sementes de cânhamo, nos mais diversos cuidados cosméticos. "Estamos a assistir a uma nova onda de marcas, como a MGC Derma, a Kiko Health e a Optiat, que usam técnicas modernas para separar os canabinóides da própria planta e aplicá-los em novos produtos, pelas suas propriedades eficazes na pele", comentou Alexia Inge, fundadora da Cult Beauty, à edição britânica da Vogue. Ricos em ácidos gordos, os canabinóides funcionam como um emoliente natural que, quando aplicado topicamente, pode ajudar a reduzir a produção de sebo nas peles mais oleosas, ao mesmo tempo que ajuda a hidratar e a suavizar as peles mais irritadas ou secas. "A nossa pele tem recetores nativos de canabinóides, o que permite que o composto seja instantaneamente e totalmente absorvido, para além de verdadeiramente eficaz no tratamento de condições inflamatórias como a eczema ou a acne", explicou Alexia Inge.
Seja através de óleos para o rosto, hidratantes corporais ou bálsamos labiais, reunimos vinte produtos que estão a ganhar cada vez mais espaço nas prateleiras da indústria, e que provam que é possível beneficiar de todos os efeitos da canábis sem quebrar a lei ou sofrer de intermináveis munchies.