A Moda está a dar tempo de antena aqueles que têm a sabedoria de uma vida e um estilo irrepreensível. Há, inclusive, quem lhes chame a próxima geração da indústria.
A Moda está a dar tempo de antena a quem tem a sabedoria de uma vida e um estilo irrepreensível. Há, inclusive, quem lhes chame a próxima geração da indústria. Irónico? Nada.
Anna Von Rueden para a Vogue Portugal (fevereiro de 2018) | Realização de Jan Kralicek |Fotografia de Branislav Simoncik
Anna Von Rueden para a Vogue Portugal (fevereiro de 2018) | Realização de Jan Kralicek |Fotografia de Branislav Simoncik
Nos últimos anos temos assistido a um crescendo de mulheres mais velhas a tomarem conta da indústria da Moda. Protagonizaram campanhas, capas de revista e editoriais de Moda, como foi o caso de Anna Von Rueden no editorial Primeiro dia do resto das nossas vidas para a Vogue Portugal de fevereiro. São it girls, influencers ou bloggers; Vestem Chanel, Vetements, Balenciaga, Saint Laurent, Dolce & Gabbana, Valentino ou J.W. Anderson, e são o epítome da elegância. Uma verdadeira inspiração para as gerações vindouras.
“Tenho 53 anos e quero ser saudável, ter estilo e ser moderna. Quero ser relevante, mesmo com as minhas rugas. Somos role models importantes para as mulheres mais novas,” afirma Alyson Walsh, jornalista e autora do livro Style Forever: the Grown-up Guide to Looking Fabulous e do blogue That’s Not My Age, em entrevista ao The Guardian.
A seguir as pisadas de Walsh pelos meandros da Moda está Lyn Slater, uma antiga professora da Universidade de Nova York que, aos 61 anos, decidiu fundar Accidental Icon. “Comecei o blogue porque não estava a encontrar uma plataforma digital ou uma revista que oferecesse uma estética urbana, moderna, intelectual e que falasse para mulheres como eu,” escreve Slater, a norte-americana que já protagonizou uma campanha para a espanhola Mango e que afirma ser frequentemente contactada por diferentes marcas para fazer publicações na sua conta de Instagram.
Se pertence ao clã das mulheres que pensa que envelhecer é um filme de terror, Slater, Jan de Villeneuve ou Maye Musk são a prova do contrário. Através das suas fotografias de Instagram dá para perceber que, muito provavelmente, estas it girls e Greynnaisance, como são apelidadas as modelos com mais de 50 anos, estão a viver a melhor fase da vida delas.
“Gosto mais de ser modelo agora que sou mais velha. É mais apropriado com o meu estado de espírito. Aqui estou eu com as minhas rugas e as pessoas só têm que aceitar isso. Quando era mais jovem, nunca senti que era bonita. Era muito insegura. Hoje em dia sou muito mais feliz. Parei de pintar o cabelo e é bom não ter essa preocupação de manter uma imagem quase impossível. É muito mais fácil envelhecer. Sou como sou,” afirmou Jan de Villeneuve ao New Statesman.
As grandes marcas de luxo como Céline, Lanvin, Calvin Klein e Saint Laurent também já têm no seu currículo campanhas protagonizadas por estas mulheres. Um dos casos mais icónicos dos últimos anos é o de Joan Didion quando, em 2015, foi escolhida para fazer parte da campanha de verão da francesa Céline. Não que fosse necessário uma campanha de luxo para percebermos a genialidade de Didion mas a verdade é que, assim que foi divulgada a fotografia da norte-americana, foi amor à primeira vista. E então, o mundo inteiro voltou a homenagear a escritora que desde os anos 60 nos faz sonhar através das suas estórias.
Estas são as mulheres de agora, que nos inspiram e dão alento para um futuro promissor onde a idade não passa de um número. Envelhecer nunca soou tão bem.