Uma seleção da diretora de Moda da Vogue, Cláudia Barros.
Uma seleção da diretora de Moda da Vogue, Cláudia Barros.
É na Alta-Costura que os designers dão asas à imaginação e não olham a medidas - nem a metros de tule - para idealizar coordenados que nos fazem sonhar. Claúdia Barros, diretora de Moda da Vogue Portugal, voou até Paris a propósito da Semana de Moda de Alta-Costura, para a primavera/verão 2019, e elege agora aqueles que foram, na sua opinião, os melhores momentos do evento.
“Normalmente, na Alta-Costura não há muitas tendências, no sentido em que cada Casa é muito individual e trabalha muito a sua estética. A Alta-Costura não quer, nem pode, ser mainstream, logo não deve estar a boiar numa piscina repleta de tendências. Tem que ser algo muito único,” explica Cláudia, dando o mote. Enquanto que as tendências ficam guardadas para o pronto-a-vestir, na couture o foco é está nos coordenados, na manufactura e história de cada peça. Nestas passerelles querem-se criar sonhos, apresentar looks que nos façam viajar e inevitavelmente sonhar, como acontece com os seis desfiles que a diretora de Moda da Vogue destaca abaixo.
Viktor & Rolf
“A silhueta é muito couture, mas depois tens lá um statement - estás a falar daquilo que se passa hoje em dia. O que é ótimo, porque daqui a 40 anos esta coleção vai representar um período de tempo. Achei brilhante a maneira como o desfile começou, com a frase “No photos please” e assim que o vestido entrou, as pessoas começaram a guardar o telemóvel. Cada coordenado traduz aquilo que se passou no dia a dia.”
Jean-Paul Gaultier
“É voltar à época dourada, aos anos 90. Foi uma viagem ao Oriente. Visitar o Japão muito futurista, com cores elétricas, os clássicos cintos obi, plissados estruturados. Muitos coordenados, mas cada um muito forte visualmente.”
Armani Privé
“Foi voltar atrás no tempo. Houve um espírito muito clássico, mas com uma fusão muito contemporânea. Havia muita presença.”
Schiaparelli
“Schiaparelli é Alta-Costura. Para mim representa o sonho, um sonho que depois se traduz em roupa. É a marca que mais respeita o conceito da mentora, Elsa Schiaparelli, e acho isso muito bonito, passaram tantos anos e ainda tens lá a mão dela. Há um cuidado muito grande em manter esse lado. Olhas para estes looks e percebes que são verdadeiros objetos de desejo. A Schiaparelli tem muita atenção aos bordados e aplicações. É mesmo Alta-Costura.”
Alexandre Vauthier
“Couture para a mulher de hoje. Ou seja, para uma mulher francesa, uma mulher que goste de Moda, uma Beyoncé ou uma Rihanna. É como se vestisses Alta-Costura para uma gala e logo a seguir pudesses ir para uma festa dançar. Há um lado muito sexy e rock’n’roll. Vais a uma festa, consegues dançar e ao mesmo tempo tens uma grande peça de Haute Couture.”
Ronald van der Kemp
“Sai um bocadinho do que é associado à Alta-Costura. É um desfile mais curto, cada look é pensado para uma personagem. O Ronald não cria roupa para um grupo de mulheres, ele cria personagens e aquele look vai contar essa história. É Alta-Costura no sentido literal da palavra, tudo foi pensado para aquele coordenado, é construído de raiz e não se cola a mais nenhuma peça. É um objeto de desejo, é quase uma obra de arte e, para mim, isto seria o ideal para definir o que é realmente a Alta-Costura.”
Veja, ou reveja, os principais desfiles da Semana de Moda de Alta-Costura, aqui.