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Warhol’s Factory, um estúdio para ser lembrado

06 Aug 2021
By Margarida Oliveira

The Factory, o nome do estúdio de Andy Warhol que reuniu alguns dos maiores nomes da cena artística dos anos 60/70 em Nova Iorque, numa experiência criativa que até hoje influencia a produção artística.

The Factory, o nome do estúdio de Andy Warhol que reuniu alguns dos maiores nomes da cena artística dos anos 60/70 em Nova Iorque, numa experiência criativa que até hoje influencia a produção artística.

Andy Warhol © Getty Images
Andy Warhol © Getty Images

O fascínio pela cena artística de Nova Iorque do final do século XX persegue-nos. Desde Warhol a Basquiat, Bob Dylan e Brian Jones, todos passaram pela Factory. O estúdio criado por Andy Warhol em 1964 recebia artistas, músicos e escritores, com quem colaborava na produção de obras que até hoje nos chegam enquanto objetos icónicos da Pop Art

The Factory, um nome que descreve um espaço de produção em massa, reflete a forma como o Andy Warhol via o seu processo de criação. Numa quebra entre a cultura erudita e a cultura popular, o artista marca a sua prática através da apropriação de símbolos da cultura americana do séc. XX traduzidos em pinturas, impressões, instalações e vídeos. O filósofo Arthur Danto reflete sobre a prática do artista como sendo o início da arte contemporânea, que abandona a ideia do artista e da arte enquanto representações quase divinas. A arte contemporânea assume uma atitude afastada da exigência técnica da história da arte, há uma nova liberdade concedida aos artistas que, segundo Danto, poderá ter tido início com Andy Warhol. Quando o artista nos apresenta réplicas de uma caixa de sabão Brillo numa exposição, demonstra-nos a possibilidade de qualquer objeto de se tornar arte quando colocado num contexto de exposição.

Brillo Boxes, Andy Warhol © Getty Images
Brillo Boxes, Andy Warhol © Getty Images

“O que é mais incrível neste país é que a América começou a tradição de que os consumidores mais ricos compram essencialmente as mesmas coisas que os mais pobres. Podes estar a ver televisão e vês a Coca-Cola, e sabes que o Presidente bebe Coca-Cola. A Liz Taylor também bebe Coca-Cola, e pensa que também tu podes beber Coca-Cola”, afirmava Warhol sobre o fator democrático do consumo americano. Esta reflexão será notada na forma como aborda a produção artística, a perspetiva de Warhol sobre a produção em massa para as massas, reflete o seu interesse de interação com o maior número possível de pessoas. Uma grande parte da sua prática artística era focada na comercialização e na venda de trabalho, e o processo de impressão serigráfica explorada pelo artista permitiu-lhe a produção industrial de trabalho original. Quanto maior fosse o público melhor, e não apenas no momento de exposição das obras, mas também no momento de produção. Quantas celebridades não foram eternizadas pelas obras de Warhol, não só pelas serigrafias mas pelas fotografias também. A sua obsessão pela documentação e pela comunidade, assim como pelos símbolos da cultura Pop, poderá ser reconhecida na atualidade das redes sociais. Qual seria o trabalho de Andy Warhol tivesse nascido nos anos 2000?

Warhol será mais conhecido pelas suas serigrafias, mas apresenta um corpo de trabalho variadíssimo que se estende para um campo de experimentação conceptual e de diferentes media. Desde vídeos como Blow Job a pinturas realizadas em colaboração com Jean-Michel Basquiat, o processo de trabalho do artista estava aliado à comunidade construída em torno da Factory. Andy Warhol procurava energia criativa nas pessoas que o rodeavam. “Tudo o que eu fazia era sentar-me e observar estas pessoas incrivelmente talentosas e criativas a fazer arte, e era impossível não ser afetado por isso” afirmou Lou Reed relativamente à sua experiência na Factory. Um espaço decorado com papel de alumínio e espelhos partidos, marcado tanto pelo trabalho como pelas festas, pela criatividade como pela decadência, onde Warhol criou uma comunidade de artistas e socialites que alimentavam o seu espírito criativo.

Na Factory foram fotografados Arnold Schwarzenegger e Mick Jagger, Fran Lebowitz escrevia para a Interview – a revista de Warhol – e os Velvet Undergound ensaiaram as suas primeiras músicas. Poucos espaços serão tão icónicos como o estúdio criativo criado por Andy Warhol na Nova Iorque dos anos 60.

Margarida Oliveira By Margarida Oliveira

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