Estreou na televisão portuguesa uma nova série conduzida por Joana Barrios que homenageia o melhor da Moda portuguesa. Resumindo é isto, mas no fundo, é muito mais complexo.
Estreou na televisão portuguesa uma nova série conduzida por Joana Barrios que homenageia o melhor da Moda portuguesa. Resumindo é isto, mas no fundo, é muito mais complexo.
©D.R.
Composta por treze episódios, onde em cada um são abordados diferentes temas alusivos à Moda - se o primeiro voltou atrás no tempo para descodificar o conceito de luxo, o segundo trouxe-nos um dos temas mais atuais e importantes da indústria: a imprensa tradicional e os novos media -, o Armário apresenta uma perspetiva fresca e inovadora sobre a indústria em Portugal. A Vogue falou com Joana Barrios sobre este desafio, sobre a importância de olhar a indústria de dentro para fora e, ainda, de alertar os consumidores para a questão da sustentabilidade.
“Eu acho que quando se fala de Moda, fala-se de uma forma muito perceptível e aberta para todos os públicos, agora, o que eu também acho é que a Moda continua posicionada como nicho, e que isso é que não é muito correto.”, afirmou Joana, que considera que a Moda, no seu sentido mais lato, continua a ser vista como uma indústria supérflua. Contudo, “o que o Armário quer, e aquilo a que se propõe, é falar de Moda como fenómeno transversal na cultura ocidental. Porque Moda é biopolítica, é sociologia, é o reflexo da identidade do indivíduo. Se nos vestimos todos os dias, como é que consideramos esse ato supérfluo? Queremos pensar a Moda com a ajuda de agentes externos à Moda, porque achamos muito divertido fazê-lo assim; é uma forma de validar a Moda, convocando pessoas que não são necessariamente da Moda. É uma forma de credibilizar um tema ao qual não se atribui muita importância.”, revela, sobre o principal objetivo da nova série da RTP2.
“A Moda faz parte do quotidiano de toda a gente, e é essencial, para muitas coisas, retirá-la do nicho, debatê-la e pensá-la.”
Numa breve análise sobre a cultura de Moda em Portugal, haver espaço de antena para um programa inteiramente dedicado a ela é, para a apresentadora um passo muito simbólico e importante. “Não somos um país com cultura de Moda, o nosso contexto político e social contribuiu muitíssimo para não sermos esse país, no entanto há um compromisso enorme por parte dos profissionais da área em explorar novos caminhos, capitalizar a produção nacional, promover o design e os designers portugueses dentro e fora do país, e isso é extraordinário. Eu não sou muito paternalista e longe de mim ter a pretensão de educar acho que o mais importante é estabelecer o diálogo, e isso é o que estamos a fazer com o Armário.”.
Com convidados ilustres como Suzy Menkes, Mário Moura, Luís Cunha e Paulo Gomes, entre outros, o critério de seleção de cada um é, segundo Joana, maravilhoso. “Sento-me com a Joana Cunha Ferreira, uma Deusa maravilhosa que a Maria João Mayer nos colocou no caminho, e com o André Godinho, o nosso realizador extraordinário; olhamos para os temas que temos em cima da mesa e pensamos em conjunto como é que os podemos abordar. Começamos por decidir qual a linha de pensamento que nos rege naquele contexto. Depois a Rita Rolex vem ter connosco e dizemos-lhe tudo o que queremos fazer e pensamos quem é que poderia falar connosco para corroborar, ou não, as nossas vontade e ideias e questões. Googlamos muito, também, procuramos no Instagram... E é tudo conceptual: do styling à música, escolhemos tudo para cada episódio.”.
E se por um lado o processo de seleção dos convidados é de extrema importânica, também os temas de cada episódio são escolhidos criteriosamente, com base na atualidade, mas com os olhos postos no futuro, como é o caso da sustentabilidade que é, para Joana, um dos mais importantes da série.“É o episódio que poderia ser a série inteira, é aterrador e muito complexo de expor e defender. Andamos às voltas com ele, porque o tema é extremamente complexo e nós somos muito ambiciosos. A sustentabilidade na Moda, como em qualquer indústria, está na ordem do dia, temos de convocar o consumidor, neste caso o espectador, para tomar determinadas medidas, e é muito paradoxal e perverso todo o tema. Porque se por um lado quem descredibiliza a Moda também é responsável pela situação de burnout ecológico do planeta, por outro não se imagina como a fast fashion, por exemplo, é tão poluente e exigente para os recursos naturais. É mesmo muito difícil, é um desafio, a sustentabilidade!”, afirma.
Do Armário televisivo para o armário real de Joana Barrios, quisemos saber o que podemos encontrar por lá. “Tenho peças maravilhosas, que uso e conservo e gosto, mas é mesmo sempre o mesmo: sweatshirts, e jeans e vestidos, acessórios super fancy para disfarçar que ando quase sempre de fato de treino e sapatos no mínimo excelentes. É a minha receita!”. Para saber mais, espreite também o Privado com "a mulher que nos lembra que o melhor que podemos vestir é a personalidade".
Produzida por Maria João Mayer, Armário é transmitida quinzenalmente, sábado, às 19h30, na RTP2.