Para celebrar o Halloween, das heroínas assombrosas da era silenciosa às mulheres poderosas e feministas de hoje, a Vogue reuniu as scream queens mais memoráveis do Cinema.
Para celebrar o Halloween, das heroínas assombrosas da era silenciosa às mulheres poderosas e feministas de hoje, a Vogue reuniu as scream queens mais memoráveis do Cinema.
©Movie Stills; D.R.
O arquétipo de scream queen é quase tão antigo como o próprio Cinema que o criou. Tradicionalmente reservado às heroínas dos filmes de terror, com um destino fatal e trágico, as versões primitivas do papel eram caracterizadas por mulheres frágeis com rostos pálidos e olhos assombrosos: pense em Lil Dagover no filme The Cabinet of Dr. Caligari (1920), em Helen Chandler na longa-metragem Dracula (1931) ou em Fay Wray no clássico King Kong (1933). Os gritos estridentes de Wray, captados numa única gravação, tornaram-se tão icónicos que, no octogésimo aniversário do filme em 2013, o New York Film Forum criou um concurso de gritos em honra da atriz.
Nos anos 50 e 60, a imagem da donzela em apuros foi redefinida graças aos thrillers de Alfred Hitchcock. "As loiras são as melhores vítimas", disse o famoso realizador. "São como uma neve virgem onde é possível ver as pegadas sangrentas". De Grace Kelly em Dial M for Murder (1954) a Tippi Hedren em The Birds (1963), as musas loiras do Mestre do Suspense eram mulheres destinadas à morte. Contudo, a obsessão voyeurista de Hitchcock só atingiu o seu pico com Janet Leigh na longa-metragem de 1960, Psycho. Na icónica cena em que é assassinada no chuveiro por Anthony Perkins na pele de Norman Bates, o grito de Leigh continuou a ecoar pela história do Cinema, e definiu o nível para tudo o que viria a seguir.
Sem surpresa, a sucessora de Leigh ao título de scream queen de Hollywood surgiu em 1970 com a sua filha, Jamie Lee Curtis. No filme Halloween (1978) de John Carpenter, Curtis interpreta Laurie Strode, uma estudante adolescente que consegue vencer o serial killer que atormenta o bairro. A personagem de Curtis é reconhecida como um dos primeiros exemplo de "the final girl", um termo criado pela historiadora Carol J Clover no seu livro de 1992, Men, Women, and Chain Saws: Gender in the Modern Horror Film.
Clover sugere que este tipo de filmes são criados não para alinhar os espetadores com os opressores masculinos, mas antes com as figuras femininas que os conseguem vencer. Marilyn Burns em The Texas Chain Saw Massacre, Adrienne King em Friday the 13th e Heather Langenkamp em A Nightmare on Elm Street são exemplos de atrizes que assumiram o papel das únicas sobreviventes, capazes de subverter as expectativas da sociedade. A prova de que a tendência perdurou? Curtis irá revisitar a personagem de Strode no filme Halloween deste ano, o décimo primeiro capítulo do franchise.
Inspiradas nestas figuras femininas, as scream queens do grande ecrã nos dias de hoje são mulheres bem representadas. Chloë Grace Moretz cimentou o seu lugar no género de terror ao interpretar a personagem principal em Let Me In e no remake de 2013 do filme Carrie, enquanto Anya Taylor-Joy deu um cunho moderno à "the final girl" nos filmes The Witch, Split e Marrowbone. Resilientes e vingativas, estas personagens não podiam estar mais longe das heroínas tímidas da era do silêncio. Para celebrar o Halloween, a Vogue revisita as scream queens mais memoráveis da sétima arte.
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