Gaseificada, da torneira, filtrada, sem gás, de nascente, com sabor: é água e é complexa. Disto, Alexis Durand não tem dúvidas. Conversámos com este sommelier que trocou os vinhos por H2O e abandonámos a visão turva de que toda a água é igual.
Gaseificada, da torneira, filtrada, sem gás, de nascente, com sabor: é água e é complexa. Disto, Alexis Durand não tem dúvidas. Conversámos com este sommelier que trocou os vinhos por H2O e abandonámos a visão turva de que toda a água é igual.
© D.R
Uma identidade única, um sabor específico, uma estrutura interessante. Bem que poderíamos estar a falar sobre uma qualquer bebida alcoólica, sobre chás ou sobre cafés, mas estamos única e exclusivamente a discursar sobre água. Bebemo-la todos os dias, mais por necessidade do que por gosto, sem pensarmos na sua complexidade — que existe, assegura Alexis Durand. Este francês sabe do que fala, ou não fosse ele sommelier de águas. Diariamente, trabalha com H2O, educando quem o rodeia para a importância da ingestão desta bebida e abastecendo-se de novas águas. “Cada água é única”, começa por dizer à Vogue Portugal. “Tal como o vinho, cada água tem um terroir”, e por terroir entendam-se os aquíferos e os glaciares, de onde a água provém. Assim, terroirs diferentes, águas diferentes. Há as mais puras, outras mais mineralizadas, há águas com sabores mais ácidos, outras mais adstringentes. Em suma: há águas para todos os gostos, como os mais reticentes poderão provar no primeiro bar de águas em Portugal.
Leu bem: bar de águas, um conceito pioneiro no país que nos chegada pela mão de Cyril Decoret, o fundador das clínicas LEV que lançou a Alexis Durand o desafio de criar um menu de águas para os renovados espaços da marca em Portugal. “A ideia era associar diferentes tipos de água ao resultado da consulta médica da LEV. Na verdade, Cyril pensou em tudo com alguma antecedência e eu fiquei de selecionar uma gama de águas para acompanhar cada prescrição”, explica o sommelier, que definiu, para já, um menu com aproximadamente 50 referências, de 14 países (Suíça, Islândia, Japão, França, Inglaterra, etc.). “Um bar de águas tem de responder às necessidades de cada pessoa: se te sentes cansado, se tens refluxo ácido, dores de estômago, se precisas de recuperar após a prática de uma actividade desportiva intensa ou se queres apenas encontrar uma água suave para acompanhar com vinho tinto, num bar de águas encontras uma água adaptada para cada ocasião”, resume Durand.
Águas para cada ocasião
Para consumo diário entre as refeições, por exemplo, o especialista recomenda a ingestão de uma água mineralizada leve, como a Baikal, uma referência russa; a Hildon, uma água proveniente de Inglaterra; ou a Mehrner Quelle, da Áustria, que Durand diz ser “ideal durante o programa de perda de peso”. Queremos saber mais: qual a água perfeita para beber em jejum? “A Lauretana, da Itália, ou a Inland Ice, da Gronelândia. São águas muito pouco mineralizadas que delicadamente acordam o estômago e o intestino. A Perlage, da Polónia, ou a St. Geron, natural de França, são boas em caso de ressaca, para ajudar o corpo a limpar e hidratar o cérebro.”
Já durante um treino de alta intensidade, as melhores água para se beber, assegura Alexis Durand, são a Oxygizer, da Itália ou Are Water, da Suécia, “porque ambas têm um nível muito alto de oxigénio, o que é óptimo para o desempenho atlético e para a recuperação após a atividade física.” Continuando a mergulhar no profundo conhecimento de Durand sobre H2O, ficamos a saber que a Veen, da Finlândia, com ligeiras notas de citirnos, é uma água que acompanha bem um arroz de marisco, mas a francesa Velleminfroy, "altamente mineralizada e encorpada, é perfeita com carne”, diz. “Pode mesmo substituir o vinho, no caso de as pessoas não ingerirem álcool”. Caso para contrariar o ditado popular e dizer: destas águas sempre beberemos.