Bette Franke, protagonista do editorial "Family Affairs", falou com a Vogue sobre o Natal, a importância da família, e uma vida dedicada à Moda.
Bette Franke, protagonista do editorial "Family Affairs", falou com a Vogue sobre o Natal, a importância da família, e uma vida dedicada à Moda.
Foi uma das caras que revolucionou o conceito de top model nos anos 2000. Depois da overdose de grunge e de heroin chic, a angel face de Bette Franke (Heemskerk, Holanda, 3 de dezembro de 1989) aterrou nas passerelles como uma lufada de ar fresco. Em 2006 estreou-se em Milão, em exclusivo, pela mão de Jil Sander. O sucesso foi imediato. Passou a ser presença habitual nos desfiles de Dries Van Noten, da Chanel ou da Balenciaga, entre outros. Este inverno dá a cara pela campanha da Hermès, depois de já ter sido escolhida pela Celine, Oscar de la Renta e Stella McCartney. Não sabe ao certo quantas capas da Vogue já fez, mas garante terem sido "pelo menos seis." É, por direito próprio, uma das maiores supermodelos das últimas décadas. E tem uma família de sonho. Senhoras e senhores, Bette Franke.
Acaba de completar 30 anos. Como é que se sente ao entrar numa nova década?Para ser sincera, não senti que estava a entrar numa nova década. Talvez isso venha daqui a alguns anos. Gosto de ter a idade que tenho. Sinto-me muito feliz com a vida que tenho com o meu marido e com os meus filhos. Mal posso esperar pelo que esta década tem em mente para mim. A última foi espetacular.
Li algures que quando foi “descoberta” nem sabia o que faziam exatamente as modelos. Quais eram os seus sonhos nessa altura?Quando era nova, queria trabalhar com madeira. Fazer móveis ou, até, fazer uma casa. Algo com as mãos, com certeza.
Está nesta área desde 2006. Como é que a indústria mudou desde que começou?Antes de mais, não tínhamos smartphones. Durante os desfiles, tínhamos de conversar umas com as outras ou ler um livro. Também não havia o stress de postar no Instagram. Gostei realmente dos bastidores quando comecei. Sempre foi muito divertido. Estava simplesmente a divertir-me com as outras raparigas.
O que é que a atrai mas na Moda?Adoro como as pessoas que trabalham em Moda amam o seu trabalho. Estamos juntos aproveitando o dia e criando belas imagens e histórias. E conhecer novas pessoas, com diferentes origens, culturas e interesses sempre nos mantém conscientes do resto do mundo.
Qual foi, até agora, o ponto alto da sua carreira?Não consigo destacar um só momento. Estou muito feliz com todas as campanhas que tive a oportunidade de fazer e com as pessoas com quem trabalhei. O meu primeiro shooting fora de Amesterdão foi com Steven Meisel. Tenho muita sorte da forma como a minha carreira evoluiu. Quando trabalhei como fit model para Jil Sander e Calvin Klein vi o progresso de conceção de um vestido ou um casaco. É incrível como alguns pedaços de tecido se transformam numa coleção inteira.
Tem outros projetos, neste momento, para além da Moda?De momento, estou focada em estar presente e ver crescer um pequeno ser humano na minha barriga. O corpo humano continua a surpreender-me.
© Fotografia de Frederico Martins. Styling de Michele Bagnara.
© Photography by Frederico Martins. Styling by Michele Bagnara.
Vamos falar sobre este editorial. Não é a primeira vez que posa com o seu marido, que não trabalha na área. Como é a vossa conexão no set?O meu marido é professor e trabalha na Universidade de Amesterdão. É fixe filmar com ele, ele é muito fácil no set e [aqui] só tínhamos de ser quem somos na vida real. Gostamos de passar tempo um com o outro. Nem sequer parecia trabalho. Na verdade, é bom passar um dia inteiro tão perto um do outro. Em casa há sempre qualquer coisa que nos impede de estarmos de mãos dadas o dia todo. (risos)
E os seus filhos? Gostam de ser fotografados?Acho que gostam, mas não sei se entendem muito bem. Eles simplesmente gostam de estar ao pé de nós e ter uma câmara em frente a eles não os incomoda. Ficam os dois bastante à vontade com uma câmara à volta deles. Mas não fazemos isto com muita frequência. O Boris não queria aparecer em algumas fotos, por isso deixámo-lo passear e brincar.
Casou com lja Cornelisz em setembro de 2013, na frente de 80 pessoas, com um vestido desenhado pela sua irmã. Foi um dia de sonho. Depois de quase sete anos, o que considera ser a melhor coisa da vida de casado?A melhor coisa da vida com lja é o amor que temos um pelo outro. Ele é realmente fantástico por ajudar-me a fazer o que quero e faz-me fazer coisas que às vezes hesito. E ainda estamos apaixonados um pelo outro, o que é tão bom. Acho que não há compromisso maior com alguém do que ter filhos e querer vê-los crescer.
© Fotografia de Frederico Martins. Styling de Michele Bagnara.
© Photography by Frederico Martins. Styling by Michele Bagnara.
A sua profissão obriga a que passe muito tempo fora de casa, em viagens. Gosta de ter uma rotina, em família?Quando viajo, o Ilja tenta ficar com as crianças. Normalmente só estou fora por uma ou duas noites. E tentamos não fazer isso mais do que uma vez por semana. Mas, com este trabalho, por vezes trabalhas uma semana inteira e depois tens duas semanas de folga. Por isso é difícil planear. Para as crianças, nada muda realmente durante a semana. Há sempre um de nós em casa. Temos muita sorte em poder organizar-nos desta maneira.
A maternidade mudou-a? Sentiu-se diferente, como mulher, depois dos seus filhos nascerem?É difícil dizer, porque acho que acontece gradualmente. Antes de ter filhos, não percebia que me preocuparia sempre com eles, se estão com fome, agasalhados, felizes, tristes. Mas tento não pensar muito nisso e viver, apenas. E o amor que sinto é irracional. Só percebi o quanto a minha mãe me ama quando tive filhos.
O tema desta edição é família. O que é que a palavra significa para si?Sempre fui muito protetora em relação à minha família (dois irmãos e duas irmãs) e ainda sou. A família está sempre lá quando precisamos deles. Até para nos sentarmos ao lado e [simplesmente] ficar em silêncio. Sabemos quando alguém não se está a sentir bem mesmo sem conversar. Celebramos a véspera de Natal na casa da minha mãe, somos 30 a jantar (irmãos, parceiros, filhos) e somos muito barulhentos. (risos)
Em termos de Moda, quem considera serem os seus amigos de sempre, a sua “Fashion Family”?Sara Blomqvist é a minha melhor amiga, podemos conversar sobre tudo na vida, namorados, trabalho, crianças. É muito bom ter uma amiga assim, mesmo que ela more em Nova Iorque e eu em Amesterdão. Os meus bookers estão sempre lá quando preciso deles. Wilma Wakker conheço há 15 anos e ela também me conhece. Sou muito teimosa, mas juntas parece que juntas chegamos sempre a algum lado. Quando morava em Nova Iorque, Valerie Bulen era a minha pessoa, é uma amiga e uma mãe incrível que tem sempre tempo para ouvir. Sinto que posso falar com ela sobre qualquer coisa. Ela é minha booker desde o início.
Quais são os seus planos para este Natal?Na nossa família, o Natal é estar juntos, comer e brincar com Legos. Nunca peço presentes, mas prefiro experiências a algo material. No meu aniversário, Ilja e eu fomos ao ballet.
Veja a produção completa com Bette Franke na edição de dezembro da Vogue Portugal, nas bancas.