A artista veio mostrar que já é crescida, e as novas músicas são a prova disso.
A artista veio mostrar que já é crescida, e as novas músicas são a prova disso.
© Getty Images
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Dois anos depois do último álbum, When We Fall Asleep, Where Do We Go?, Billie Eilish voltou aos estúdios e regressou ao panorama musical com uma coletânea que marca o fim de uma era. O medo deste novo capítulo condenar a carreira da cantora ao esquecimento provou-se só redondamente equivocado - sim, Billie Eilish como a conhecíamos pode ter morrido, mas a cantora renasceu. O cabelo verde e as roupas oversized foram deixadas para trás, para dar lugar a uma imagem renovada. Na capa de Happier Than Ever, Eilish está praticamente irreconhecível, com uma cabeleira loura, os ombros destapados e um rosto cuidadosamente maquilhado, para não esconder as suas feições de boneca.
A adolescente que conhecíamos como Billie Eilish já não existe. Agora, com 19 anos, a cantora e compositora vem mostrar ao mundo que os dois últimos anos foram de muito crescimento. As 16 músicas que compõem Happier Than Ever, assumidamente semiautobiográficas, são o testemunho de desgostos amorosos e de uma vida afetada pela fama. Getting Older abre o álbum com o título mais esclarecedor do que define o que nos conta Eilish - a viagem de uma jovem adolescente a envelhecer. Da mesma forma que Your Power ou Male Fantasy, a canção de abertura assinala a diferença com um ritmo mais lento, que deixa para trás os sons eletrónicos que eram a imagem de marca da cantora.
Para além disso, não podemos deixar de ouvir, também, alguns dos contos que, biográficos ou não, mostram a realidade crua com que Eilish se deparou na indústria musical: “And you swear you didn’t know / No wonder why you didn’t ask / She was sleeping in your clothes / But now she’s got to get to class” ou “I can’t stand the dialogue, she would never be / That satisfied, it’s a male fantasy”. O abuso de poder e a emancipação são temas recorrentes nas letras da artista, que as canta num tom melancólico e quase sussurrado. Uma das poucas ocasiões em que ouvimos Billie Eilish elevar a voz é, precisamente, no auge do seu cancioneiro de libertação: Happier Than Ever. A canção que dá nome ao álbum é o grito de despedida da cantora, que diz adeus a um namorado tóxico e indiferente.
Pela terceira semana consecutiva, o single está no primeiro lugar da tabela da Billboard 200. Mais do que o tom triste e reflexivo, o crescimento de Billie Eilish é notável na sensualidade e erotismo que emana da letra e da maneira como a pronuncia. “You wanna kill me / You wanna hurt me, stop being flirty / It’s kinda working”, e todos os vibratos de OverHeated prometem ser já o vestígio de uma próxima imagem de marca da cantora. Também Billie Bossa Nova é das mais sensuais de todo o disco, com a ode à música brasileira junto dos versos “You better lock your phone / And look at me when you’re alone / Won’t take a lot to get you goin’”. Já Not My Responsibility é uma dedicatória a todos os haters, críticos e paparazzi que sempre tiveram alguma coisa a dizer acerca da aparência da cantora. Com este segundo álbum, Eilish anuncia a sua emancipação enquanto jovem adulta, bem como o novo capítulo da sua vida e carreira, escrito em conjunto com o irmão, Finneas O’Connell.