Cada cabelo sua sentença. Pelo menos no que a tons diz respeito. E há quem o queira ter pintado de um muito incandescente azul.
Cada cabelo sua sentença. Pelo menos no que a tons diz respeito. E há quem o queira ter pintado de um muito incandescente azul.
Fotografia de Branislav Simoncik. Styling de Nina Ford. Vogue Portugal, outubro 2020
Fotografia de Branislav Simoncik. Styling de Nina Ford. Vogue Portugal, outubro 2020
Areferência mais óbvia chega-nos cedo: Simpson, Marge Simpson. O tamanho e o corte podem não ser os melhores (nem os mais fáceis de manter) mas a cor, essa, não fica indiferente a ninguém. Chama-se Cyan Cornflower Blue, e é reconhecida mundialmente, da Coreia do Sul a Berlim. O azul da farta cabeleira ostentada pela mulher de Homer entra-nos casa adentro sem pedir licença, e quase nos ofende, tal é o à-vontade, e o orgulho, que transmite com aquele look invulgar – um pouco à semelhança da maravilhosa Emma (Léa Seydoux) de Blue Is The Warmest Colour (2013), que passeia a sua rebeldia e o seu desassossego à boleia do seu minibob azul.
Podíamos continuar com uma lista semi-infinita, da popular estrela anime Sailor Saturn, da squad Sailor Moon, às igualmente famosas Katy Perry, Gwen Stefani, Nicole Richie, Kylie Jenner ou Cara Delevingne. Mas de onde é que vem este fascínio pelo cabelo azul, já que nenhum ser humano o tem naturalmente? Decidimos perguntar a Olga Ferreira-Hilário, art director do Slash e hairstylist com 15 anos de experiência. “Já havia algumas pessoas que experimentavam com azul roxo nos anos 20, mas foi nos anos 60/70, durante o movimento punk, que havia muita gente a pintar o cabelo de cores ‘fantasia’. Nessa altura não havia tantas opções de pigmento para cabelo, mas o azul era um dos mais usados," começa por nos contar.
"Depois, nos anos 80, foi lançada uma marca chamada Manic Panic, que se focou só em cores ‘fantasia’ e na altura começou a haver mais variedades de tons. No outono/inverno 2007, Marc Jacobs fez um revival da tendência e pintou o cabelo das suas modelos de vários tons de azul. E depois, a partir daí, começámos a voltar a ver mais pessoas a pintar o cabelo de cores ‘fantasia’. Eu acho que o azul sempre acabou por ficar porque é uma cor que acaba por fazer uma boa ligação com a cor natural da maioria das pessoas e tem uma durabilidade muito longa em comparação com outros tons," continua. Tudo certo. As respostas batem com a nossa pesquisa.
A sentença de uma profissional
Só que há coisas que apenas uma hairstylist pode saber. Como a primeira vez que alguém lhe pediu para pintar o cabelo dessa cor. “A primeira vez que pintei o cabelo a alguém de azul foi em 2009, quando ainda trabalhava em Londres. Na altura não tinha muitas pessoas a pedir esse tipo de coloração.” E atualmente, como é? “Hoje em dia, tenho várias clientes que pintam o cabelo de azul. Algumas fazem uma vez só para experimentar, mas outras adoram e acabam por manter essa cor durante imenso tempo.”
Fotografia de Branislav Simoncik. Styling de Nina Ford. Vogue Portugal, outubro 2020
Fotografia de Branislav Simoncik. Styling de Nina Ford. Vogue Portugal, outubro 2020
Imaginamos que a manutenção deve ser complicada. Confirma-se? “Se a coloração base para conseguirmos atingir o azul for bem feita, o azul pode chegar a durar dois/três meses sem precisar de ser retocado, desde que não se lave o cabelo todos os dias e se use um champô com pH neutro para ajudar a manter a cor. Para quem tem de lavar o cabelo todos os dias, há sempre a opção de usar uma máscara pigmentada em casa, uma vez por semana.”
Em que cabelos é que o azul assenta melhor? “O azul pode ser feito em todos os tipos e cores de cabelo. Para conseguirmos um azul bonito e brilhante, a base ideal de cabelo devia ser ‘virgem’ e temos sempre de descolorar.” Para fechar, a pergunta de um milhão de dólares: E a Olga, já teve o cabelo azul? “Sim, eu já tive o cabelo azul, em 2008. Na altura passei por uma fase superexperimental com o meu próprio cabelo e adorava os tons petróleo e as cores das penas de pavão, então fiz vários tipos de azuis.