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A Cara de uma nova geração

26 Sep 2019
By Rui Matos

Modelo, atriz, autora, influencer, ativista. Cara Delevingne é tudo isto, mas, acima de tudo, é o rosto de uma nova geração de ídolos. Mais atentos, mais conscientes.

Modelo, atriz, autora, influencer, ativista. Cara Delevingne é tudo isto, mas, acima de tudo, é o rosto de uma nova geração de ídolos. Mais atentos, mais conscientes. 

Aos 27 (nasceu a 12 de agosto de 1992), Cara Delevingne conta já com um currículo invejável. A estreia aconteceu quando tinha apenas 10 anos, nas páginas da Vogue Itália, fotografada por Bruce Weber, com um chapéu amarelo Philip Treacy. Os olhos felinos, as sobrancelhas imponentes e um rosto inesquecível fizeram de Cara uma das miúdas mais desejadas da indústria, a belle du jour do século XXI, reconhecimento que lhe valeu variadas campanhas, desfiles e produções de Moda. 

Com a indústria a seus pés, decidiu experimentar o Cinema, onde conseguiu um papel em Paper Towns (2015), seguiu-se Suicide Squad (2016), depois Valerian and the City of a Thousand Planets (2017) e, mais recentemente, Her Smell (2018). Para o cidadão comum, isto seria suficiente. Mas não para Cara. Em 2017, decidiu acrescentar ainda um livro ao seu rol de conquistas, intitulado Mirror, Mirror, que conta uma história sobre o crescimento de quatro amigos. Este pequeno resumo do currículo de Cara é uma prova de que é possível fazer qualquer coisa. 

Etiquetar as pessoas pode parecer uma coisa datada, mas Cara Delevingne encaixa-se na perfeição na secção de novos role models da cultura pop. Movimenta-se muito bem nas redes sociais, isto é, tanto as usa para momentos de autopromoção e puro lazer, como para defender os direitos das mulheres, do ambiente, dos animais, ou seja, de tudo aquilo em que acredita. Delevingne é embaixadora da TAG Heuer e, claro, rosto da campanha, cujo mote é #DontCrackUnderPressure. 

Aproveitámos o slogan para fazer algumas perguntas a Delevingne. Mas nenhuma inventada à pressão. 

No início da sua carreira, certamente sentiu alguma pressão sobre si. Como lidou com essa pressão para continuar a lutar para ser a melhor e não se deixar afetar? 

Ainda lido com essa pressão. Eu arranjo tempo, todos os dias, para meditar e fazer ioga. Ajuda-me a manter-me focada em mim e não me distrair com tudo o que se passa à minha volta. 

Hoje em dia, as redes sociais colocam imensa pressão nos seu utilizadores: como gere tudo o que acontece nas caixas de comentários e mensagens diretas? 

Tento não ler os comentários. As mensagens diretas são ótimas para me manter ligada aos fãs, mas também pode ser um espaço traiçoeiro. À medida que a idade avança, passo cada vez menos tempo em social media. 

Não tem medo de vocalizar aquilo em que acredita e os direitos dos animais são uma dessas causas. Foi por isso que decidiu tatuar a imagem de um leão? Que significado tem?

A tatuagem do leão tem muitos significados, sendo que um é o facto de ser o meu signo astrológico. Os leões são criaturas ferozes que eu amo e gosto de o ter entranhado em mim. 

Por falar nesses felinos, foi fotografada para a campanha da TAG Heuer de 2018 com um leão verdadeiro. Como foi essa experiência? Assustadora ou nem por isso? 

Eu amei fotografar com um leão. Senti-me sempre segura por causa dos tratadores que tínhamos no set, mas também foi algo muito delicado, porque foi necessário movermo-nos tendo em conta o instinto do animal. 

Em janeiro deste ano, juntou-se ao movimento #MyEcoResolution. Educar as pessoas sobre sustentabilidade e criar uma consciência em torno do tema é muito importante. Em que momento se apercebeu que, mais do que nunca, precisamos de prestar mais atenção ao nosso planeta? 

Sempre fui apaixonada pelo meio ambiente e por tudo o que possamos fazer para o proteger. À medida que mais e mais informação foi sendo divulgada sobre como o fazer, quis usar a minha plataforma pública para ajudar a fazer algumas mudanças benéficas. 

Nas suas entrevistas, sempre partilhou a mensagem de cada um ser como é. Acreditar em nós próprios. Como é que esse ponto foi um patamar importante na sua vida e carreira?Todo o meu sucesso veio do que me torna única - sejam as minhas sobrancelhas, a minha personalidade, etc. Não teria metade do sucesso que tenho hoje se não o tivesse abraçado. 

Já está na indústria da Moda há algum tempo, também já colecionou papéis importantes no Cinema e escreveu um livro. É uma mulher muito ocupada - como arranja tempo para tudo o que quer fazer, na sua vida? 

Tenho muitas pessoas ao meu redor que me ajudam a arranjar tempo para estas oportunidades maravilhosas. 

Há alguma outra profissão que gostaria de experimentar (ou investir mais nalguma que já tenha experimentado)? 

Isso é uma pergunta perigosa para mim. Há sempre algo novo que quero fazer. 

Estar sob os holofotes significa ter o mundo inteiro a seguir os seus passos. É um ícone moderno para milhões dos seus seguidores. É algo em que pensa? O que sente em relação a isso e que tipo de exemplo gostaria que as pessoas reconhecessem em si? 

Tento não pensar muito nisso. O máximo que posso fazer é continuar a ser quem sou e, espero, outros continuarão a sentir-se confortáveis com o seu próprio eu, também. 

 

Artigo originalmente publicado na edição de setembro de 2019 da Vogue Portugal.

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