Inspiring Women  

Quem é Chloé Zhao, a vencedora do Óscar de Melhor Realização?

26 Apr 2021
By Mathilde Misciagna

É alguém que quer transmitir uma mensagem muito específica e emotiva com as suas histórias. Mas como é que se tornou uma contadora de histórias tão empática e dedicada? Conheça a realizadora do filme Nomadland.

É alguém que quer transmitir uma mensagem muito específica e emotiva com as suas histórias. Mas como é que se tornou uma contadora de histórias tão empática e dedicada? Conheça a realizadora do filme Nomadland.

© Getty Images
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Os Óscares tiveram este ano um grande vencedor: o filme Nomadland que arrebatou boa parte das principais categorias nesta edição dos prémios de cinema, nomeadamente Melhor Filme, Melhor Atriz — pela interpretação de Frances McDormand — e Melhor Realização. A cineasta Chloé Zhao fez história nos Óscares, ao tornar-se a segunda mulher a vencer a categoria dedicada a Melhor Realização em 93 edições. É a primeira asiática e a primeira realizadora nascida fora dos Estados Unidos da América (nasceu em Pequim) a conseguir o prémio, que tinha sido ganho por uma mulher pela primeira vez em 2010: Kathryn Bigelow, com Estado da Guerra. De notar que em 93 edições, só cinco cineastas femininas tinham sido nomeadas para esta categoria.

Mas quem é Zhao? Chloé Zhao, 39, nasceu em Pequim, China, passou o período da escola secundária entre Londres e Los Angeles e estudou Ciência Política no Mount Holyoke College de Massachusetts. Segundo a Volture, era fraca na escola e uma criança rebelde de uma forma geral. Gostava de manga, do Michael Jackson e dos filmes do realizador chinês Wong Kar-Wai. Depois de quatro anos de universidade, o deslumbramento com a política terminou e em vez disso descobriu que gostava de conhecer pessoas e aprender sobre as suas histórias. Acreditando que o cinema combinava todos os seus interesses, e depois de alguns empregos fracassados, inscreveu-se no Programa de Pós-Graduação em Cinema da Universidade de Nova York. Foi lá que fez a curta-metragem Daughters, que ganhou o Best Student Live Action Short no Festival Internacional de Curtas de Palm Springs de 2010 e o Prémio Especial do Júri no Festival de Cinema Cinequest de 2010. De acordo com a sua página de IMDB, fez também duas curtas-metragens antes de Daughters: Post (2008) e The Atlas Mountains (2009).

O seu primeiro filme, Songs My Brothers Taught Me (2015) – que estreou no festival de Sundance - conta a história de dois irmãos indígenas e é ambientado na reserva Lakota Pine Ridge, em North Dakota (América do Norte). Zhao disse à Filmmaker que foram os mesmos impulsos que a levaram a estudar ciência política que a atraíram para esta história de um adolescente revoltado que procura o seu caminho num ambiente enclausurado no qual o suicídio de adolescentes é galopante. Quis explorar a ideia de casa e a decisão de sair ou ficar. “Isto remonta a quando eu era adolescente na China, um lugar onde há mentiras por toda parte”, refere. E acrescenta: “Sentes que nunca mais serás capaz de sair dessa espiral. Muitas informações que recebi quando era mais jovem não eram verdadeiras e tornei-me muito rebelde em relação à minha família e ao meu passado. Fui para a Inglaterra de repente e reaprendi a minha história. Estudar Ciência Política numa faculdade de artes liberal foi uma maneira de descobrir o que é real. Informa-te e, de seguida, desafia essa informação também.” 

A sua segunda longa-metragem, The Rider (2017) - que conta a história de Brady Blackburn, uma estrela de rodeo que sofreu um acidente e luta para encontrar um propósito para a sua vida depois de saber que nunca mais poderá montar -  foi aclamada pela crítica e recebeu vários elogios, incluindo nomeações ao Independent Spirit Award de Melhor Filme e Melhor Realizador. “Sinto que estou na indústria que regista o tempo,” disse a realizadora numa entrevista recente ao The Philadelphia Inquirer. “Estou sempre curiosa acerca da forma como as pessoas gostariam de ser lembradas. Não é sobre aquilo que eu penso. Não é sobre o meu ponto de vista.” Vê-se como uma facilitadora de histórias que são muito maiores do que ela. Com Nomadland, quer deixar claro que as pessoas que vivem num país tão rico como os Estados Unidos não deveriam encarar uma vida nómada como a sua única opção. Um filme que pode muito bem ser o símbolo deste último período tumultuoso da história.

Zhao tem pouco de nómada, como a própria refere na mesma entrevista à Volture, residindo neste momento em Ojai, Califórnia, com o seu companheiro e cineasta Joshua James Richards, dois cães (Taco e Rooster) e três galinhas (Red, Cebe e Lucille). O seu último projeto é o filme Eternals, que deverá estrear em novembro deste ano e que se baseia na banda desenhada da Marvel com o mesmo nome. Mas os filmes independentes não são cartas fora do baralho para Chloé Zhao: “Se quero voltar a fazer um filme com ainda menos budget que o The Rider? Com certeza. Se surgir a história certa”.

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