Suzy Menkes conversa com três empresários brasileiros sobre o setor de luxo vibrante que está em crescimento nos países de língua portuguesa.
Suzy Menkes conversa com três empresários brasileiros sobre o setor de luxo vibrante que está em crescimento nos países de língua portuguesa.
Carlos Jereissati Filho conversa com Suzy Menkes no palco da CNI Luxury Conference 2018, em Lisboa ©Indigital
Com uma abundância de artesãos e uma cadeia eficaz de manufaturação e distribuição, Portugal - o pano de fundo da Condé Nast International Luxury Conference deste ano - é um ambiente entusiasmante para a indústria do luxo. Suzy Menkes convidou três experts brasileiros nas áreas de comércio, joalharia e calçado, para conversarem sobre a ligação lusófona - a importância e influência dos países de língua portuguesa fora do ambiente europeu.
Enquanto diretor executivo do Iguatemi Group, Carlos Jereissati Filho supervisiona as atividades de um dos maiores operadores de centros comerciais no Brasil, com um total de 13 estabelecimentos no país. A sua posição de destaque permite-lhe falar sobre os hábitos de luxo dos consumidores brasileiros, incluíndo o papel dos centros comerciais numa era dominada pelo e-commerce.
"Evoluimos muito nos últimos 50 anos", disse Filho na conferência. "Mais e mais, as pessoas querem sentir-se em casa nos centros comerciais e experienciar um percurso total. Podem começar no centro de fitness, almoçar e ir ao cinema.". Os centros Iguatemi oferecem tanto ao ambiente envolvente que não parecem meros centros comerciais.
Existe, contudo, um malabarismo entre manter a qualidade aliciante dos centros comerciais e respeitar a ideia de que os consumidores também farão as suas compras online. "Devemos compreender os desejos das pessoas e como podemos fazê-las felizes, ao invés de pensar como podemos fazer dinheiro através delas. O consumo é uma coisa bonita; a parte má é teres que pagar e carregar as compras! A tecnologia consegue tirar esse ponto menos positivo e enaltecer a experiência.".
Filho sente-se otimista em relação à Inteligência Artificial, porque acredita que ajudará a empresa a perceber quem compra em centros comerciais e oferecer um serviço eficiente. As propriedades Iguatemi sempre foram mais do que um conjunto de lojas que passam objetos para o outro lado do balcão, e a Inteligência Artificial conseguirá fortalecer essa humanidade.
Ara Vartanian conversa com o público da CNI Luxury Conference 2018, em Lisboa ©Indigital
O financeiro Ara Vartanian regressou ao Brasil em 2002, vindo de Nova Iorque, para se focar na sua verdadeira paixão: o design de joias. Trocou os stocks pelas pedras preciosas - quanto mais raras e invulgares, melhor - e canalizou a sua herança brasileira em criações experimentais que chamaram a atenção de Madonna, Naomi Campbell e Kate Moss, com quem colaborou numa coleção em 2017.
Apesar de não ter a habilidade dos designers profissionais, trabalha a partir de uma folha de papel onde, como explica, coloca as suas pedras num pedestal. "Quero dar o meu amor por cada pedra preciosa, um presente da natureza, às pessoas. Dar-lhes mais do que apenas comprar e vender.".
O seu atelier faz parte da sua casa - "os clientes conseguem ver as joias a serem criadas, o que oferece uma experiência de uso das mesmas verdadeiramente diferente" - e a sua mulher é o rosto das campanhas publicitárias. Tudo é "integrado e simples.". Agora, a sua missão é trazer ao mundo uma fatia do Brasil através da primeira loja em 44 Bruton Place. À semelhança do seu negócio, foi construída atarvés da intuição: "Hipotequei a minha casa e a minha mulher quase me matou!". Mas o compromisso e o charme, parece, são intrínsecos à ligação lusófona.
Alexandre Birman no palco da CNI Luxury Conference 2018, em Lisboa ©Indigital
Enquanto herdeiro e diretor executivo da Arezzo & Co, Alexandre Birman comanda um dos maiores impérios de calçado no Brasil, que vende mais de 10 milhões de pares de sapatos anualmente - no Brasil e internacionalmente. A sua própria marca homónima, integrada no império Arezzo & Co, é famosa pelas suas peles exôticas, em tons e padrões vibrantes, e pelo seu culto entre as celebridades. Com seguidoras como Gisele Bündchen, Alessandra Ambrosio e Gigi Hadid, Birman compreende a energia que o calçado brasileiro pode trazer ao mercado de luxo.
O seu modelo tem sucesso porque Birman não tem medo da mudança. "Tens que ser disruptivo", disse. "Tens que questionar o que vai mudar no futuro e estar à frente disso.". A empresa tem "um belíssimo sistema operativo", porque está em constante evolução. Arezzo & Co tem um centro de desenvolvimento de produto com 14.000 metros quadrados que controla as operações de todas as marcas. O ano passado, a empresa contruiu um armazém suficientemente grande para albergar 20.000 pares de sapatos que conseguem ser entregues no espaço de 48 horas, porque a unidade anterior simplesmente não bastava.
Para qualquer empresa ter sucesso, acrescentou, também tem que ter um lado humano. A escolha de um CEO de 30 anos é um indicativo do seu compromisso com a novidade. Com uma expansão eminente, Birman é um tornado para manter na mira.
A quarta edição da conferência anual Condé Nast International Luxury Conference em Lisboa acontece nos dias 18 e 19 de abril. Para mais informações, visite www.cniluxury.com/2018.
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