Fotografia: cortesia Coletivo 284
No coração de Lisboa, onde a tradição e a modernidade se cruzam, encontramos o Coletivo 284, um “ponto de encontro” que faz coexistir a arte e o design. Numa conversa com a Vogue Portugal, Paulo André, CEO e co-fundador, fala sobre a origem do projeto e leva-nos a descobrir mais sobre a inspiração por detrás deste espaço.
O Coletivo 284 nasce como um conceito dedicado a proporcionar uma experiência sensorial única, na qual a relação do espaço com a arte é privilegiada. Em constante evolução mas mantendo enorme foco no design, o espaço reflete a paixão e a curiosidade de Paulo André por criar um ambiente onde as marcas podem arriscar e ousar.
Com a habilidade de se transformar - de um espaço para reuniões e encontros durante o dia, a uma galeria e local de eventos à noite -, o Coletivo 284 cria “um ecossistema vibrante e saudável onde se envolvem marcas, indústria e cliente final.” Este é um local que valoriza a experimentação, materializando “a criatividade, o pensamento e o belo” através da arte e do design. Assim, o Coletivo 284 oferece uma experiência sensorial elevada “com capacidade de adaptação, de partilha energética, com um sistema capaz de elevar e evoluir em função da sinergia coletiva.” Amanhã, dia 20 de setembro, é inaugurada uma exposição com a Artista Paula Gouveia e o Escultor Carlos Ramos que estará patente até dia 6 de outubro.
Trazendo este conceito a Portugal, o espaço continua a transformar a cidade de Lisboa. Como tal, a Vogue Portugal entrevistou o CEO Paulo André para descobrir mais sobre este projeto em ascensão.
Fotografia: cortesia Coletivo 284
Como surgiu a ideia de criar o Coletivo 284 e qual foi o momento impulsionador para que acontecesse?
O design e o mobiliário sempre fizeram parte da minha vida, tanto pela minha área de formação, como mais tarde, pela ligação que o meu Pai teve com marcas de mobiliário. Tirei o curso de design de interiores na Fundação Ricardo Espírito Santo, no ano 1995, com especialização em design de mobiliário urbano. [...] Desde cedo que estou ligado a marcas de design e ao seu processo de comercialização, mas sentia que faltava algo. Quis trazer uma maior abertura ao mercado português, onde havia pouca relação entre os diversos intervenientes no processo. [...] Quando conheci a minha futura sócia, Adriana Scartaris, na feira internacional de Milão em 2016, percebi que poderíamos dar forma às minhas ideias, que na verdade eram a ideia de ambos. Já conhecia o evento Casacor, e fui desafiado por ela, para ir conhecer presencialmente à cidade de São Paulo, uma vez que já tinha participado em 5 edições. Se já era fascinado pelo design brasileiro, fiquei ainda com mais certeza, que queria criar algo completamente diferente em Portugal. É deste encontro inesperado com a Adriana que consegui materializar as minhas expectativas, surgindo o projeto Coletivo 284.
Fotografia: cortesia Coletivo 284
Como sente que o seu percurso profissional influenciou a relação com o design, refletida também no Coletivo 284?
Sempre fui um apaixonado por design, mas não cheguei a exercer como designer de produto, mas só como designer de interiores. [...] Sou visitante assíduo de todas as feiras europeias do mercado criativo, isto acontece tanto pela presença constante das marcas que represento nessas feiras, como pela necessidade de me atualizar, vendo e sentindo as novidades apresentadas.
Com a criação do Coletivo 284, procurei trazer essas novidades para o mercado nacional. Procurei criar um espaço onde as marcas pudessem apresentar o seu produto e pensar de uma forma diferente e mais disruptiva. Onde pudessem arriscar de forma mais ousada. Procurei criar um ambiente sensorial, onde as marcas de design, de forma direta (através de um evento de design ou através da exposição no espaço) ou de forma indireta, pudessem chegar ao cliente final/consumidor. [...] Somos um lugar pouco convencional que potencia os sentidos e a relação.
Como é o processo de curadoria das peças que fazem parte do Coletivo 284?
É uma curadoria que pretende despertar as forças vivas da criação, seja por iniciativa própria ou acolhendo iniciativas externas, com a contribuição de consultores e parceiros experientes. [Há] uma estratégia que permite o contacto crucial entre marca, público e imprensa. Existe um programa que criamos, mas estamos sempre abertos a novos projetos, a ser desafiados, desde que nos faça sentido e estejam de acordo com os nossos valores e princípios.
Fotografia: cortesia Coletivo 284
De que forma sente que está a trazer um conceito novo para Portugal?
Pela forma como relacionamos a arte, os artistas, o design ao mundo empresarial e corporativo. Pela ligação que temos com o design, com a arte, com as empresas e com as marcas. Surge na forma de um espaço camaleónico e cénico, numa zona nobre da cidade de Lisboa, onde quase tudo é possível: da criação aos eventos, passando por sessões de cozinha, fotografia, exposições, conferências, lançamento de produtos ou qualquer outra coisa que ainda não nos passou pela cabeça apesar de, acreditem, muitas passarem. É um local imprevisível que impacta e onde se cria, ou melhor, se desenvolvem conceitos e oportunidades nos domínios do, da arquitetura, da Moda, da Arte, da comunicação e do marketing. Um espaço amplo, imponente, discreto, confortável, com alma e onde nos sentimos em casa. [...] Um sitio para quem sabe. [...]
Fotografia: cortesia Coletivo 284
Quais são as principais inspirações e influências do Coletivo 284? Este espaço assenta num conceito altamente enraizado na filosofia e no sentido de partilha…
A nossa principal inspiração é impactar e surpreender as pessoas. A nossa filosofia é sermos um lugar com histórias e emoções, um lugar onde se fomentam e formam vínculos. O Coletivo 284 é um passo no sentido da economia colaborativa, onde a colaboração diferenciada traz uma contribuição multidisciplinar transformadora. [...] Unidos com o firme propósito de fomentar o mercado e construir um legado inspirador de ideias, de práticas e de experiências. Somos um ponto de encontro. [...] Pretendemos através da arte ‘abrir’ novos caminhos de percepção e transformação onde as emoções e as relações estão na génese da criação dos projetos. [...] O Coletivo 284 é, portanto, um desafio à forma de criar e produzir.
Mencionam que pretendem “saciar a sede do ‘algo mais’ que nos persegue”. Que sede é esta?
Há um momento na vida que precisamos de evoluir, precisamos de mais conhecimentos, novos horizontes, novos mundos, por isso pretendemos essa busca de transformar, inquietar, mostrar que há diferentes modos de olhar, diferentes perspectivas e percepções. [...] Neste momento estamos a criar umas propostas de experiências transformadoras para apresentar às empresas, cujo objetivo é através da arte da psicologia e da filosofia analisar temas que estão presentes no dia a dia das organizações. [...] Através da interdisciplinaridade e de uma abordagem diferenciada pretendemos potenciar a criatividade individual e em grupo, melhorar a comunicação, melhorar a produtividade, encontrar novas soluções, ‘pensar diferente´. Ter uma abordagem inovadora através da criação. Queremos também levar esta abordagem criativa para fora do Coletivo 284 e desenvolver junto com as marcas, propostas diferenciadoras, envolvendo a arte no seio das empresas.
Fotografia: cortesia Coletivo 284
De que forma funciona a simbiose entre o Coletivo 284 e quem o aluga?
A forma como as marcas criam a relação com as pessoas é essencial e determinante para a criação da envolvência entre as marcas e o seu público, se essa envolvência for criada através de uma experiência sensorial em que se possa, tocar, sentir, observar, cheirar e saborear, potenciará a envolvência e a memória com a marca. Sempre vi por esta perspetiva o caminho a seguirmos. Assim criei o Coletivo 284, onde para além do espaço para contacto entre o público e as marcas, e de darmos todo o apoio técnico e criativo, pretendemos fomentar uma dinâmica diferente no mercado. [...] Quando recebemos as empresas, estas são impactadas com o nosso conceito, com o nosso ADN. [...] Temos uma abordagem ao mercado mais alternativa que vai além da ideia convencional das galerias comerciais. O que acontece no Coletivo 284 é muito mais que uma pura relação comercial.
Já criaram projetos artísticos próprios como “IMPERFEITA” e “IDENTIDADE”. O que é que este processo envolve? Podemos contar com novos projetos em breve?
Temos imensas novidades e projetos alinhados para 2025. Os projetos de arte IMPERFEITA e IDENTIDADE, são os nossos projetos artísticos mais maduros. IMPERFEITA teve três edições e foi um projeto de arte criado para homenagear a mulher. Foi inaugurada no mês de março (com excepção do ano da pandemia) e de uma forma inovadora e diferenciada, ofereceu conteúdos que debatiam questões fundamentais e olhavam a mulher numa lógica de 360º. [Em] IDENTIDADE, o tema da exposição traz uma profunda pesquisa sobre a questão da identidade e propõe uma imersão por várias estações e cápsulas expositivas que nos levantam questões de: ‘Quem somos?’, ‘De onde vimos?’, ’Para onde vamos?’.
Temos tido resultados muito interessantes e inquietantes. O primeiro artista a ser desafiado foi David Reis Pinto (2022), o segundo foi o Rui Carruço (2023), e este ano de 2024 em parceria com a Galeria Pedro Jaime Vasconcelos, teremos dois momentos diferenciados com as artistas Sandman e Maria Toskovic. Para além destes dois projetos anuais, desenvolvemos exposições tanto de arte como de design. No próximo mês de setembro, vamos ter uma exposição de uma marca de cerâmica Claraval. Vamos ter também, uma exposição com a Artista Paula Gouveia e o Escultor Carlos Ramos.
Fotografia: cortesia Coletivo 284
Como vê o futuro do Coletivo 284?
Queremos ser um lugar em que as pessoas nos consideram uma referência. Um lugar em que as pessoas se sintam bem, felizes, se sintam confortáveis como se estivessem em casa. Queremos ir mais longe, inovar, mas continuar a manter a essência que caracteriza a ‘nossa alma’. Ser um palco que recebe as várias expressões artísticas, onde as marcas de design coabitam. Queremos ser desafiados a fazer diferente, a encontrar inovação nos negócios, onde o design e a arte estarão sempre presentes. O futuro do Coletivo 284 passará sempre por inquietar, receber, inovar, despertar, dar, criar, transformar e fazer. Estar na linha da frente.
Fotografia: cortesia Coletivo 284
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