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Descobrir Portugal: 10 cidades imperdíveis fora do radar habitual

20 May 2020
By Mathilde Misciagna

A Vogue reuniu 10 cidades maravilhosas para viajar em Portugal que todos deveríamos conhecer, perfeitas para uma escapadinha de fim de semana ou umas férias em família.

É provável que se nos pedissem para planear as férias de 2020 há uns meses atrás os destinos no topo da nossa lista seriam no estrangeiro. Queremos sempre descobrir outras culturas, outras gastronomias, outros monumentos. Queremos perder-nos em sítios desconhecidos, ouvir falar outras línguas, explorar terras longínquas.

Acontece que o mundo trocou-nos um pouco as voltas e, desta vez, a solução estará mesmo no clássico “ir para fora cá dentro”. Sem descurar os conselhos da DGS, mas ajudando o nosso país a reerguer-se, uma vez que um dos setores mais afetados pela pandemia foi a Hotelaria e o Turismo. A verdade é que Portugal nos oferece tudo e está na altura de valorizar o que é nosso.

Se estiver a pensar na sua próxima escapadinha de fim de semana ou férias de verão, não pense que já conhece tudo o que este “jardim à beira mar plantado” tem para oferecer e aventure-se em terras lusas.

Viana do Castelo

A Matriz medieval, os Antigos Paços do Concelho, a quinhentista Casa da Misericórdia e o Chafariz do mesmo século, entre outros, são marcos importantes de um passado com História em Viana do Castelo. As ruas e ruelas do centro histórico, um dos mais belos e conservados do País, chamam a nossa atenção, quer pelas belas fachadas armoriadas, quer pelos painéis de azulejos preciosos no traço e na cor, constituindo um autêntico compêndio da história da arquitetura em Portugal. 

Visita Extra: O Navio Hospital Gil Eannes, construído em Viana do Castelo em 1955, apoiou, durante décadas, a frota bacalhoeira portuguesa que atuava nos bancos da Terra Nova e Gronelândia e merece, por isso, uma visita. Várias obras de reabilitação e restauro têm sido feitas, proporcionando aos visitantes o contacto com os diversos espaços característicos de uma embarcação como a ponte de comando, casa das máquinas, cozinha, padaria e diversos camarotes bem como, os espaços  que integram a zona hospitalar como o consultório médico, sala de tratamentos, gabinete de radiologia, enfermarias e bloco operatório, permitindo assim que o visitante adquira um pouco da história do navio hospital e da pesca do bacalhau que se fazia nos mares da Terra Nova e Gronelândia.

Chaves 

Transmontana sem igual, Chaves é uma cidade que combina uma beleza natural com um incomparável legado histórico e cultural. Banhada pelo rio Tâmega e quase a beijar a vizinha Espanha, a passagem por Chaves permite admirar a Torre de Menagem do Castelo Medieval, o perímetro da muralha, os fortes de São Francisco e São Neutel, a ponte romana de Trajano, as igrejas Matriz e da Misericórdia, as varandas florais tão típicas, o paço dos Duques de Bragança e as termas romanas – reveladoras do forte passado termal. Se ainda não ficou convencido, prepare-se para degustar as famosas iguarias gastronómicas como carnes de caça, presuntos e enchidos fumados e pastéis de Chaves. O Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso é outro dos pontos-chave (exatamente!) da cidade. Inaugurado em Julho de 2016, encontra-se instalado num edifício projectado pelo renomado arquitecto Siza Vieira.

Visita Extra: Graças às caraterísticas geológicas específicas da região, Chaves é um ponto importantíssimo no turismo termal a nível europeu, pela enorme concentração de nascentes termais e mineromedicinais, valendo-lhe a classificação de Destino Turístico Termal por excelência, focado na saúde e bem-estar. A cerca de 16km de Chaves, encontra-se a vila de Vidago, conhecida pelas suas estâncias termais, beleza natural e pelo respeitável Vidago Palace Hotel, internacionalmente admirado.

Guarda

A cidade da Guarda é uma das principais localidades no Interior Centro de Portugal. Localizada bem perto da Serra da Estrela, trata-se de uma cidade habituada às dificuldades do clima frio e montanhoso. A Guarda possui inúmeros locais para visitar de elevado interesse, com destaque para a sua Catedral. Toda esta região é ainda caracterizada pela histórica presença judaica e, por isso mesmo, são muitas as localidades com judiarias (antigos bairros judaicos) e museus dedicados a este povo. Localizado dentro das muralhas da cidade, o antigo bairro judeu da cidade da Guarda existe ainda hoje, perto da Porta D’ El Rei. A comunidade judaica da Guarda foi durante muito tempo uma das mais importantes comunidades judaicas no país, e também uma das mais ancestrais. Há evidências de que remonta ao século 13, quando o rei D. Dinis deu o foro às comunidades judaicas da paróquia de S. Vicente.

Visita extra: A Guarda é, sobretudo, um excelente ponto de partida para conhecer a região da Beira. A partir daqui pode visitar a Serra da Estrela e um enorme conjunto de pequenas aldeias históricas de Portugal, com especial destaque para Almeida, Trancoso e Sortelha.

Amarante

A cerca de 60km do Porto, Amarante é um destino que vale muito a pena visitar. Caminhe pelas ruas antigas do centro histórico, onde poderá encontrar inúmeros exemplos de arquitetura românica e ainda muitos edifícios da Idade Média. Veja o casario típico e a história que a cidade conta, seguindo assim o passeio pela ponte de S. Gonçalo (nome do frade dominicano que a terá mandado construir) e aprecie alguns dos pontos mais turísticos da cidade: a Igreja e Convento de São Gonçalo e o Museu Amadeo de Souza-Cardoso. Ao passear junto do convento, principalmente ao fim de semana, vai reparar nas barracas dos vendedores dos doces de S. Gonçalo que, por terem um aspeto fálico, são sempre motivo de curiosidade e de grandes gargalhadas. A tradição manda que, nas festas de S. Gonçalo, os rapazes os ofereçam às raparigas que querem conquistar. Assim era antigamente, pelo menos. Mas, segundo a lenda, quem quer arranjar noivo tem de tocar no túmulo de S. Gonçalo, vai daí que se assuma o santo como casamenteiro...

Visita extra: Desde as piscinas naturais do Rio Ôlo (o mesmo rio que passa na famosa cascata de Fisgas do Ermelo no distrito de Vila Real), à aldeia de Carvalho de Rei e Lugar da Rua, passando pela Serra do Marão e até mesmo o Vale do Douro ali tão perto… não vão faltar atividades para os mais aventureiros e exploradores.

Castelo Branco

Capital da Beira Baixa, cidade de luz, património e tradições enraizadas, Castelo Branco é rica em natureza, sabor e cultura e é, ainda, um segredo bem guardado. Repleta de história e com um património de incalculável valor, esta cidade secular usufrui de um ambiente próximo e familiar, onde a serra e a cidade se cruzam. Com uma oferta cultural ímpar, que revela a história que moldou a região durante séculos, a Rota dos Museus revela-nos a “História da Seda em Portugal”, a herança deixada pela indústria têxtil, a história dos canteiros no concelho, a presença judaica na cidade, a história dos portados quinhentistas, as obras do célebre modernista Manuel Cargaleiro, exposições de artistas nacionais e internacionais e o Bordado de Castelo Branco, com reconhecimento que ultrapassa fronteiras, sendo o maior testemunho da história da cidade, que é também fonte única de seda em Portugal.

Visita extra: A cerca de 50km de Castelo Branco, localiza-se a aldeia histórica de Monsanto - “A aldeia mais portuguesa de Portugal”. Localizada nas íngremes encostas de uma colina, esta aldeia é um local fascinante, com um ambiente tranquilo e autêntico que nos transporta para trás no tempo. Com vestígios de presença humana desde a época do Paleolítico, Monsanto é doada por D. Afonso Henriques à Ordem dos Templários após a sua conquista aos mouros em 1165.

Tomar 

Também conhecida como a “cidade dos Templários”, Tomar ganhou este epíteto após a conquista destas terras aos mouros por parte do rei D. Afonso Henriques. Depois desta conquista, no século XII, o rei cedeu as terras à Ordem dos Templários como forma de agradecimento pelo esforço dos cavaleiros desta ordem na manutenção e expansão da fé cristã em território português. Dois séculos mais tarde, com a pretensão do papa em acabar com esta ordem no continente europeu, o rei D. Dinis fez com que fosse possível a criação da Ordem de Cristo. Esta ordem viria a ficar com as propriedades e membros da extinta Ordem dos Templários. Uma curiosidade sobre esta cidade é que o seu centro histórico se organiza em cruz, tendo um convento em cada um dos seus pontos cardeais. Tomar tem ainda entre outras atrações a Sinagoga mais antiga de Portugal, o original Museu dos Fósforos (com mais de 60 mil caixas representando 127 países), o castelo, Convento de Cristo e Mata Nacional dos Sete Montes.

Visita extra: Se tiver mais tempo disponível, poderá visitar a Praia fluvial do Agroal (a 15km) e a pitoresca Aldeia de Dornes (a 31km). A povoação está situada numa pequena e estreita península banhada pelo Zêzere. Além do rio, a paisagem envolvente é marcada pelo domínio de grandes manchas de pinhal. Porém, quem chega a Dornes, muito provavelmente irá ficar rendido a outra imagem: a Torre Templária Pentagonal, monumento ímpar da arquitetura medieval portuguesa e cujas origens estão envoltas em algum mistério.

Estremoz

Estremoz é a “cidade branca” do Alentejo. Reconhece-se ao longe pelo seu casario branco, espalhado ao longo de uma colina, abraçado por velhas muralhas e protegido, noutros tempos, pela imponente Torre de Menagem. O epíteto de “cidade branca” deve-se, para além da cor do casario, às jazidas de mármore branco, o célebre “Mármore de Estremoz”, com uma exploração tão antiga e conceituada, de tal modo que esta região contribui em 90% para o facto de Portugal ser o segundo maior exportador de mármore do mundo. Para além do Centro Histórico de Estremoz com a sua Torre Medieval e as suas fortificações seiscentistas, não deixe de fazer uma visita ao castelo de Evoramonte, com a sua imponente Torre/Paço Ducal, donde se avista um panorama único. A paisagem rural povoa-se de vastos vinhedos, ao longo de extensas planícies levemente onduladas, sob o sol escaldante que ilumina e amadurece as uvas que se transformam nos vinhos de Estremoz. Passeios a cavalo e Enoturismo, fazem desta cidade um destino perfeito para um fim de semana relaxante e silencioso.

Visita extra: Perto de Estremoz fica a bela Vila Viçosa, a “princesa do Alentejo” e terra dos duques de Bragança. Esta vila-museu alentejana é também a terra de uma das mais ilustres poetisas portuguesas, Florbela Espanca. A autora escreveu extraordinárias obras de arte da nossa literatura e foi pioneira do movimento feminista em Portugal.

Silves

Hoje, a capital regional do Algarve é Faro, mas já foi Silves. Esta encantadora cidade está repleta de história e cultura, ruínas e edifícios transformados em museus. O Castelo de Silves e a Catedral de Silves são locais de destaque, mas a cidade está cheia de mais surpresas culturais, como o mercado Municipal e a ponte de Silves sob o rio Arade. É, talvez, um dos maiores e mais secretos tesouros ainda por descobrir no Algarve. No tempo dos Mouros, Silves era um importante centro governativo, mercantil e cultural e estendeu a sua influência por toda a zona sul da Península Ibérica. São muitos os vestígios islâmicos em Silves e estão muito bem documentados e preservados nos seus museus e centros culturais que são, sem dúvida, dignos de uma visita. Silves possui praias, mais concretamente em Armação de Pêra, mas não é pelas praias que esta cidade se está a tornar cada vez mais famosa e visitada. 

Visita extra: Silves é um ponto de partida ideal para caminhadas e passeios de bicicleta. Caminhos recomendados levam ao longo do rio Arade e até às Barragem do Funcho e do Arade, na serra. Na freguesia de Alcantarilha, situa-se uma impressionante Capela de Ossos.

Angra do Heroísmo, Açores

A encantadora capital da bonita Ilha Terceira, Angra do Heroísmo, encontra-se desde 1983 classificada como Património Mundial pela UNESCO, plena de beleza, história, monumentos e cosmopolitismo. Muito há para ver e conhecer nesta cidade que conta com monumentos como o Forte ou Castelo de São João Baptista e o de São Sebastião, que têm guardado a sua costa ao longo dos séculos, sem falar nos outros muitos fortes que defenderam a Ilha, ou as muitas Igrejas, Capelas e Ermidas, cujo expoente máximo é a Sé Catedral do século XVI, e também Conventos como o de São Gonçalo do mesmo século, ou mesmo a centralidade e beleza da Praça Velha - ponto de partida para a descoberta do riquíssimo Património que a cidade oferece. 

Visita extra: Localizado a cerca de 30 minutos de carro de Angra, numa Reserva Florestal, o miradouro da Serra de Santa Bárbara oferece vistas de cortar a respiração sobre grande parte da ilha Terceira bem como do Oceano Atlântico e de outras ilhas do grupo central do arquipélago. Esta Reserva Florestal ocupa grande parte da Serra de Santa Bárbara e integra o ponto mais alto da ilha, localizado a 1021m de altitude.

Câmara de Lobos, Madeira

Dos locais mais antigos e históricos da Ilha da Madeira, Câmara de Lobos deve a sua existência à pesca e à agricultura, tendo sido também dos primeiros locais colonizados na Ilha, um pouco devido à facilidade marítima da aprazível baía, onde hoje em dia estão atracadas as mais variadas, coloridas e pitorescas embarcações piscatórias (os Xavelhas). O antigo primeiro-ministro inglês, Winston Churchill, pintou este retrato excecional quando visitou a ilha a 8 de janeiro de 1950. Destaca-se a nível gastronómico a aclamada banana da Madeira e a famosa poncha, originariamente confecionada pelos pescadores, utilizando aguardente de cana-de-açúcar, água, açúcar e casca de limão.

Visita extra: O Curral das Freiras, freguesia localizada a cerca de meia hora de carro de Câmara de Lobos, situa-se num vale profundo que se assemelha à cratera de um vulcão, mas que deve o seu aspeto apenas à forte erosão. O nome desta localidade nasce de uma curiosa situação que se calcula ter acontecido por volta de 1560. As freiras do Convento de Santa Clara, ao fugirem dos corsários franceses luteranos que invadiram a ilha e saquearam a cidade do Funchal, encontraram o abrigo ideal nesta localidade escondida entre as montanhas.

Mathilde Misciagna By Mathilde Misciagna

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