Neste Dia Internacional da Mulher, relembramos as figuras que moldaram o percurso feminino, da Ucrânia para o mundo.
Neste Dia Internacional da Mulher, relembramos as figuras que moldaram o percurso feminino, da Ucrânia para o mundo.
© Acielle Tanbetova
© Acielle Tanbetova
Da pintura à literatura, passando pela música, o ativismo feminista ganha as mais diversas formas, num país que desde muito cedo teve de aprender a lutar pelo conceito de liberdade. Hoje, neste Dia Internacional da Mulher, destacamos as personalidades femininas que pavimentaram o caminho para a igualdade de género na Ucrânia.
Maria Zankovetska (1854-1934)
Maria Zankovetska foi responsável por dar vida a um grande número de fortes personalidades femininas nos palcos ucranianos, acabando por se tornar, ela própria, numa figura de destaque no seu país. Nascida em 1854, numa pequena cidade que hoje se dá pelo nome de Nizhyn Raion, Zankovetska teve o seu primeiro grande papel com 28 anos, ao interpretar Natalka Poltavka na peça homónima de Ivan Kotlyarevsky.
Ao longo da sua vida, a atriz ucraniana interpretou mais de trinta papéis, entre teatro e cinema, tendo iniciado igualmente uma carreira na música, dado o seu talento vocal. Em 1922, foi homenageada pelo governo ucraniano, com o título de People's Artist of Ukraine. Faleceu em 1934, em Kiev, e a sua herança cultural encontra-se exposta na sua Casa-Museu, também na capital ucraniana. Em Lviv, foi ainda fundado um teatro com o seu nome.
Lesya Ukrainka (1871–1913)
Um dos maiores nomes do Modernismo ucraniano, Larysa Petrivna Kosach nasceu em 1871, na cidade de Novohrad-Volinski (agora Ucrânia, mas parte do antigo Império Russo), e faleceu, 42 anos depois, deixando para trás um importante legado literário. Aos 13 anos, publicou o seu primeiro poema, intitulado Lily of the Valley, e foi também aqui que utilizou pela primeira vez o seu pseudónimo, Lesya Ukrainka - o nome pelo qual é hoje mais conhecida -, já que naquele tempo, no Império Russo, não era permitido lançar publicações escritas em língua ucraniana.
Entre ensaios sociopolíticos e peças de teatro, foi na poesia que o génio literário de Ukrainka mais se destacou. A sua coleção de poemas Na krylakh pisen’, publicada em 1893, é um dos grandes trabalhos da poetisa ucraniana, tal como o livro Contra spem spero, também do mesmo ano. Lesya Ukrainka foi também uma importante figura ativista no país, tendo trabalhado ao lado de movimentos feministas ucranianos para a igualdade de género no país.
Kateryna Bilokur (1900-1961)
A Natureza pintada por Kateryna Bilokur é talvez um dos maiores símbolos da arte ucraniana contada no feminino. Nascida em 1900, Bilokur começou o seu percurso artístico muito cedo, embora o sucesso só tenha começado a chegar por volta de 1930, quando os motivos florais se tornaram no seu assunto criativo predileto. Rapidamente, mas não sem antes enfrentar diversos obstáculos, chegou às elites artísticas soviéticas e o seu trabalho foi exposto na Exposição Internacional de Paris de 1954. Também foi aqui que Pablo Picasso contactou com o seu trabalho, tendo alegadamente afirmado: “Se tivéssemos uma artista deste nível [em Espanha], iríamos ter a certeza de que todo o mundo falava sobre ela!”
Oksana Zabuzhko (1960-)
No panorama literário presente, Oksana Zabuzhko é um dos mais importantes nomes ucranianos, principalmente quando a temática se debruça sobre identidade nacional e de género. Nasceu em 1960, na cidade de Lutsk, de onde teve de fugir em consequência de uma perseguição feita à elite intelectual do país. Estudou filosofia na Universidade de Kiev, e pouco depois publicou Field Work in Ukrainian Sex, um livro que ainda hoje levanta inúmeras controvérsias no país.
Atualmente, alguns dos seus títulos mais conhecidos são The Museum of Abandoned Secrets (2009) e Notre Dame d’Ukraine (2018), este último que centra a história de Lesya Ukrainka. Em 2020, Oksana Zabuzhko foi galardoada com o prémio Women in Arts da Organização das Nações Unidas.
Jamala (1983-)
Susana Alimivna Jamaladinova, mais conhecida por Jamala, é uma cantora e atriz ucraniana cujo nome se tornou internacionalmente conhecido após ter vencido a Eurovisão, em 2016. No festival europeu, Jamala interpretou a música intitulada 1944, que centrava a deportação da minoria étnica muçulmana da Crimeia, no ano de 1944, e, mais propriamente, a história da sua bisavó no contexto dessa mesma deportação. Ainda hoje, essa mesma música é usada como um hino contra as pretensões da Rússia no território ucraniano e, mais propriamente, na região da Crimeia.