A nossa família tem uma quota parte na manutenção da nossa saúde mental. Ou no agravamento da mesma. Pode parecer uma afirmação polémica, mas os dramas nos encontros familiares a propósito da quadra festiva são uma realidade e podem ter consequências.
A nossa família tem uma quota parte na manutenção da nossa saúde mental. Ou no agravamento da mesma. Pode parecer uma afirmação polémica, mas os dramas nos encontros familiares a propósito da quadra festiva são uma realidade e podem ter consequências.
ⓒ Istock images
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Encontros familiares (mesmo virtuais) a propósito da quadra festiva podem ser repletos de tensão ou discussões, especialmente quando um grande número de pessoas está a lutar para ter um salário ou está efetivamente sem nenhum. Sobreviver à época festiva num contexto normal já é de si tenso o suficiente, imagine-se com uma pandemia e as respetivas consequências económicas e sanitárias. Mas normalmente as discussões à volta da mesa não são uma apresentação de factos e antes uma conversa emocional que põe em evidência as diferenças de valores que existem entre os vários membros da família, normalmente de gerações muito diferentes e que vivem em contextos igualmente diferentes.
Há sempre quem se sente no direito de tecer julgamentos sobre carreira, finanças ou, claro, filhos (ou a falta deles) aos outros membros da família, deixando-os desconfortáveis ou instaurando o caos à mesa. Isto leva-nos muitas vezes a repensar toda e qualquer reunião familiar, por forma a evitar dramas e ansiedade desnecessários. Este ano, dado que a pandemia enfatizou a distância física entre as pessoas, ansiamos por este contacto próximo. O bom da questão, se é que existe algum aspeto positivo, é que para aqueles que estarão em modo virtual, podem sempre silenciar a conversa de uma forma que talvez não fosse possível na vida real.
Dizem que há hora e lugar para tudo, mas dinheiro (avaliação sobre como é gerido), trabalho (se estamos ou não a viver de acordo com o nosso potencial) e questões ainda mais complexas e privadas como filhos parecem entrar sorrateiramente e invariavelmente em todas as reuniões familiares. Escolhas de vida que trazem consigo discussões familiares são mais comuns do que o que gostaríamos de admitir - o que acaba por nos impedir de falar abertamente da nossa vida.
Existe alguma forma de provar aos nossos familiares que estamos a fazer o melhor que podemos com os recursos que temos à disposição? Há alguma estatística ou experiência financeira que possamos citar? Quão abertos seriam a um diálogo sincero sobre a forma como as suas boas intenções afetam o nosso bem-estar e, digamos, sanidade mental? A solução passa mesmo por encontrar uma maneira de comunicar, para que as nossas experiências e escolhas de vida não se transformem num peso e trauma intergeracional sem fim que acabamos por carregar.
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