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To be continued | 111 tons de azul

12 Oct 2020
By José Machado

Por esta altura, é provável achar que já sabe tudo o que há pra saber sobre azul. Mas será que sabe mesmo?

Por esta altura, é provável achar que já sabe tudo o que há́ para saber sobre azul. Mas será́ que sabe mesmo? Por exemplo, alguma vez lhe disseram que, se usar uma caneta de tinta azul, tem mais hipóteses de decorar o que escreveu? E que existe um planeta extrassolar, de seu nome HD189733B, que também é azul? Não sabia? É normal, nós também não. Contudo, revolvemos a Internet para lhe trazer todas as curiosidades (publicáveis) sobre este tom. 

· Comecemos pelos olhos, esses que usa, agora, para ler este texto. Apesar de raros, os olhos azuis são unanimemente considerados como bonitos e atraentes. No entanto, não existe qualquer pigmentação azul nos olhos - a sua cor é definida pela melanina existente na íris, ou seja, quanto menor for a concentração de melanina na íris, mais clara será a cor do olho, e maior será a probabilidade de ele ter uma cor clara, como o azul.

· Além da sua beleza, parte da atração pelos olhos azuis deve-se à sua raridade. Apenas 8% a 10% da população mundial os tem. Ainda assim, existem locais onde são praticamente a norma, casos da Finlândia ou da Estónia, 75% das pessoas os têm. O caso inverso acontece, por exemplo, nos Estados Unidos, onde nos anos 20 do século passado 50% dos americanos tinham olhos azuis - número que decai para um em cada seis americanos, atualmente. Dos seis continentes, o Europeu é, por larga margem, o que tem mais incidência de habitantes com olhos azuis.

· Nas civilizações antigas, como Grécia e Roma, as mulheres com olhos azuis eram consideradas promíscuas.

· O antigo imperador romano Júlio César dizia que os bárbaros celtas pintavam a cara de azul para incutir o medo nos seus oponentes. Acreditava, igualmente, que quando envelheciam pintavam o cabelo de azul para “esconder” a idade.

· A primeira vez que a cor azul foi produzida sinteticamente foi no Antigo Egipto, cerca de 2.200 a.C. O pigmento usado era feito a partir da “gema” da pedra Lápis Lazúli ou do mineral Azurite. Talvez por isso ainda hoje exista um tom de azul apelidado de Azul Egípcio, também conhecido como cuprorivaite. No Antigo Egipto, o azul era associado ao céu e à divindade. Segundo a lenda, o Deus Ámon conseguia “pintar” a sua pele de azul, de modo a poder voar de forma invisível pelo céu. Por outro lado, acreditava-se que o azul protegia o povo contra todo o mal. 

· Os amuletos azuis usados pelos egípcios para os proteger do azar transportaram-se, com o tempo, para outras culturas. Na Grécia, ainda hoje o famoso “Mati”, ou Greek Evil Eye, é visto um pouco por todo o país, e usado de diferentes formas, por todos os gregos.

· Durante muito tempo, não existiu uma palavra concreta para descrever a cor azul. No famoso livro Odisseia, Homero refere-se ao mar como sendo “vermelho-tinto.” 

· Na Europa, no início da Idade Média, o azul era apenas usado pelas classes baixas. As elites ignoravam a cor, servindo-se dela apenas na decoração. Tudo mudou quando o abade francês Abade Suger, responsável pela renovação da Basílica de Saint-Denis, decidiu cobrir os vitrais da mesma com cobalto. Quando a luz do sol entrava pelos vitrais iluminava o edifício com uma cor azulada e, a partir de então, a cor tornou-se conhecida como “Bleu de Saint-Denis.” Nos anos seguintes outros vitrais foram instalados noutras igrejas, como a Sainte-Chapelle, em Paris. Outro fator importante na mudança de paradigma em relação ao azul foi o facto de a Virgem Maria, até então retratada com vestes escuras, passasse a ser pintada com roupas azuis. O tom começou a ser associado à santidade, à humildade e à virtude.

· Outro dos impulsionadores da mudança foi Luís IX, mais conhecido como São Luís, por ter sido o primeiro monarca a usar (repetida e constantemente) azul. As elites e a nobreza rapidamente seguiram a tendência.

· A arte seguiu um caminho semelhante. Depois de ser importado para a Europa via Afeganistão, o azul começou a ser cada vez mais cobiçado por todos os artistas, principalmente pintores. O Renascimento é a época dourada no uso desta cor, mas para saber mais detalhes sobre o affair entre a arte e o azul é ler o artigo “Período Azul.”

· O azul é uma das três cores primárias dos pigmentos na tintura e, na teoria tradicional, das cores, assim como no modelo de cores RGB. Fica entre o violeta e o verde no espectro de luz visível. O olho “percebe” o azul ao observar a luz com um comprimento de onda dominante entre aproximadamente 450 e 495 nanômetros.

· Há coisas que parecem ser azuis mas que, na verdade, não são. O céu claro do dia e o mar profundo parecem azuis devido a um efeito ótico conhecido como dispersão de Rayleigh.

· Pesquisas efetuadas em vários países mostram que o azul é a cor mais comumente associada à harmonia, à fidelidade, à coragem, à confiança, à distância, ao infinito, à imaginação, à calma e, por vezes, à tristeza. Esses estudos de opinião mostram que o azul é a cor mais popular, escolhida por quase metade dos homens e mulheres inquiridos.

· Popular um pouco por todo o mundo, o azul é a terceira cor mais usada no símbolo maior de cada país - a bandeira nacional - estando presente em 53% das bandeiras, ficando apenas atrás do vermelho e do branco. O mesmo se passa nos passaportes, onde o azul é a segunda cor mais usada. Se quisermos estender esta lógica a um contexto mais empresarial, não é por acaso que a maior parte dos logótipos das grandes empresas são azuis - Facebook, Skype, Twitter, a lista é quase infinita.

· Na natureza, o azul é considerado uma das cores mais raras. Menos de uma em cada dez plantas são azuis. O mesmo vale para a gastronomia, onde é praticamente inexistente.

· O Prémio Nobel da Física de 2014 foi atribuído a Isamu Akasaki, Hiroshi Amano e Shuji Nakamura por terem descoberto a luz LED (azul).

· Ao longo dos anos têm sido realizadas, em várias demografias e com vários objetivos, diversas sondagens relacionadas com as cores. Na esmagadora maioria dessas investigações, à pergunta “qual é a sua cor preferida?”, mais de 50% dos inquiridos respondeu “azul”, sendo que a percentagem de homens que deu essa resposta foi sempre superior à de mulheres.

· O azul é também uma das cores mais usadas em roupa - é o tom mais vendido se pensarmos, por exemplo, em blazers. Também é a cor que prevalece em uniformes, da polícia ao pessoal médico, dos marinheiros aos carteiros, das tripulações de aviões a estudantes.

· A cor mais vendida de escovas de dentes é azul.

· YInMn Blue, também conhecido como Oregon Blue, é um pigmento azul inorgânico que foi descoberto acidentalmente pelo professor Munirpallam Appadorai “Mas” Subramanian e pelo seu então aluno Andrew E. Smith na Oregon State University em 2009. É o mais recente tom de azul a acrescentar à longa lista da Pantone.

 

José Machado By José Machado

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