Arts Issue
...que mal idolatrada.
Neste museu a que chamo de casa, não vivo sozinha. Moro com os quadros e as esculturas que admiro e venero, como se de melhores amigas se tratassem. Nesta casa que parece um museu, moro com a arte em cada canto e a raridade de cada peça, que se repete não só nas paredes, mas na companhia, essa que surge em escassez. Vivo em pose eterna, numa popularidade efémera, trajada num guarda-roupa que é um autêntico desfile de criatividade e que é admirado em silêncio, confundindo-se com a opulência das peças que se multiplicam por todas as divisões e que desdenham o banal a favor da sumptuosidade. Neste lar a que outros chamam de casa-museu, também eu sou obra-prima. Para ser admirada e venerada e idolatrada e depois protegida sob uma redoma, deixada a sós, quando as luzes se apagam e o refúgio a que chamo casa fecha as portas ao público. Longe dos olhares, do toque e da constante bajulação.
A Vogue Portugal agradece ao Museu Nacional Soares dos Reis e Casa-Museu Fernando de Castro todas as facilidades concedidas.
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