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Fendi Couture: primavera/verão 2021

28 Jan 2021
By Rui Matos

Este era o momento mais aguardado da Semana de Moda de Alta-Costura. Kim Jones estreou-se nas coleções femininas e na Alta-Costura. A direção que tomou foi romântica e isso refletiu-se em cada proposta que pisou aquela passerelle.

Este era o momento mais aguardado da Semana de Moda de Alta-Costura. Kim Jones estreou-se nas coleções femininas e na Alta-Costura. A direção que tomou foi romântica e isso refletiu-se em cada proposta que pisou aquela passerelle.

Entre os meandros do prata, do rosa e do marfim, a estreia de Kim Jones na Alta-Costura foi uma masterclass de luxo, com uma viagem visual entre as linhas muito ténues que separam aquilo que é feminino e masculino. Foi Haute Couture no seu expoente máximo. Para construir a silhueta que esculpiu, Jones disse ter observado “aquilo que as mulheres que o rodeiam vestem. Tenho amigas que compram apenas roupa de Alta-Costura, não compram vestidos megalómanos. Compram peças de roupa que assentam que nem uma luva nos seus corpos,” confessou à Vogue Runway. No fundo, um dos pontos de partida para esta coleção foi criar uma coleção que conversasse com o tempo que estamos a viver.

Se há designers que quando entram numa maison histórica esquecem tudo aquilo que aquele nome representa, Kim Jones está longe de ser um membro dessa estripe. O diretor artístico das linhas femininas de pronto-a-vestir, Alta-Costura e fur da Fendi abraçou tudo aquilo que este nome representa: a família. Para começar Silvia Venturini Fendi, responsável pelos acessórios e coleções masculinas, e a sua filha Delfina Delettrez Fendi, diretora criativa de joias, tiveram um papel importante nesta coleção, não só atrás da cortina como na passerelle - Delfina desfilou um dos 19 looks apresentados na tarde de 27 de janeiro. Quem também fez parte da família Fendi foi Karl Lagerfeld, que liderou a direção criativa da casa durante 54 anos, e numa homenagem ao eterno Kaiser, Jones projetou um dos coordenados a partir de um esboço de Lagerfeld.

O início do desfile foi marcado pela leitura de trechos das cartas trocadas entre Virginia Woolf e Vita Sackville-West, as duas poetas que viveram uma história de amor proibida. Aliás, esta coleção é em parte inspirada em Orlando, o livro que Woolf editou em 1928, três anos depois fundação da Fendi. “Ambos [Fendi e Orlando] vêm do mesmo ponto histórico. Achei muito interessante como ainda hoje são modernos e relevantes,” confessou Jones ao WWD.

Com ajuda de Demi Moore, Kate Moss, Christy Turlington, Naomi Campbell, Bella Hadid, Cara Delevingne e Adwoa Aboah, Kim Jones mostrou-nos uma coleção muito romântica que navega entre tons suaves e silhuetas acentuadas, capas e vestidos transparentes, sem esquecer o rigor da alfaiataria. Sem fugir muito ao que Lagerfeld nos apresentou, o designer britânico deu um passo seguro mas acertado. 

Certamente, chegar ao ponto mais alto de uma carreira é um momento emocionante, até para quem já tem no currículo Louis Vuitton e Dior Homme, mas a Alta-Costura nunca passou pela cabeça de Kim Jones, aliás como o próprio admite à Vogue Runway: “Sempre pensei que trabalharia num banco, que seria casado e teria filhos.”

Veja ou reveja os principais desfiles da Semana de Moda de Alta-Costura na nossa categoria Coleções.

Rui Matos By Rui Matos

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