Francesco Carrozini assina o documentário que mostrou uma versão mais humana de Franca Sozzani, a lendária diretora da Vogue Itália. Mais do que uma obra cinematográfica, este documentário é uma carta de amor.
Francesco Carrozini assina o documentário que mostrou uma versão mais humana de Franca Sozzani, a lendária diretora da Vogue Itália. Mais do que uma obra cinematográfica, este documentário é uma carta de amor.
Franca Sozzani
Franca Sozzani
Teve a sua estreia mundial na edição de 2016 do Festival de Cinema de Veneza e, um ano depois, entra para a lista de novidades da plataforma de streaming Netflix. Francesco Carrozini é o autor de Franca: Chaos and Creation, a obra cinematográfica que é a mellhor homenagem que um filho pode fazer a uma mãe.
Falar de Franca Sozzani é falar de uma revolução no mundo das publicações de Moda. Se antes de 1988 a Vogue Itália era um catálogo de marcas, depois da edição de julho/agosto, quando Franca se estreou como diretora, a publicação ganhou outro estatuto. O modus operandi da revista sofreu uma alteração de 180 graus. Os fotógrafos ganharam uma maior liberdade e a Moda passou a ter um estatuto complementar.
Anna Wintour e Franca Sozzani ascenderam à posição de chefia no mesmo ano, em 1988, mas sempre caminharam por caminhos opostos. Enquanto Wintour liderava a publicação que nenhuma marca podia recusar estar associada, a Vogue de Sozzani era a publicação de Moda da qual todas as marcas queriam fugir.
“Eu fiz o oposto do que me era dito para fazer.”, afirma Franca ainda no início do documentário. Agradecemos a sua determinação, a coragem e a persistência em querer fazer as coisas à sua maneira. Numa altura em que a crise assombrava as publicações, Sozzani conseguiu com que a Vogue se mantivesse no topo e que continuasse a vender.
Jonathan Newhouse, presidente da Condé Nast International, mesmo estando de pé atrás com a direção que a Vogue estava a tomar, decidiu não despedir Franca. “Eu disse-lhe: se continuas a ir nesta direção, talvez tenha que te despedir”, afirmou no documentário.
Vários são os artistas, designers ou fotógrafos que intervêm em pequenas entrevistas que relembram alguns dos melhores momentos com Sozzani. Donatella Versace, Karl Lagerfeld, Bruce Weber, Peter Lindbergh, Paolo Roversi ou Courtney Love compõem o elenco e Franca: Chaos and Creation revela-nos a faceta mais reservada de uma das mulheres mais influentes da indústria da Moda. Não fosse este documentário produzido pelo próprio filho e talvez não se tinha dado a conhecer como o fez.
Entre as várias confissões, afirmou nunca ter levado o filho ao parque e, também, não apareceu no dia em que o filho terminou a escola primária. Confessou, ainda, que não podia revelar o nome do pai de Francesco por ser um homem casado. Sempre foi uma mulher livre. Anulou o casamento três meses depois e quis ser mãe e trabalhar ao mesmo tempo.
“Eu nunca me comprometo e em qualquer relação é necessário que haja um compromisso.”, diz Sozzani. Talvez esta tenha sido a chave para o seu sucesso no mundo da imprensa.
Francesco Carrozini e Franca Sozzani
Francesco Carrozini e Franca Sozzani
Para Sozzani, uma revista de Moda tinha que abordar questões sociais; estando em Itália e a Vogue sendo a sua única ferramenta, utilizou-a. Destacou as imagens, pela sua linguagem internacional, um elemento fundamental para o jornalismo - e para chegar a toda a gente. Afinal, valem mais do que mil palavras.
Pronunciou-se sobre a violência doméstica, sobre as questões raciais e ainda sobre um dos maiores desastres ambientais americanos, o vazamento de óleo por parte da BP no Golfo do México no ano de 2010. Foi criticada por ter romantizado a violência doméstica, por, supostamente, ter exagerado quando cobriu Kristen McMenamy com óleo e ainda por ter ridicularizado as mulheres que faziam cirurgias plásticas. Na verdade Sozzani, só representou tudo aquilo que a sociedade estava a viver.
Mesmo sendo constantemente criticada, foi a primeira diretora a realizar uma edição inteiramente com modelos negras - o Black Issue, que esgotou e se multiplicou por três edições, sendo assim um dos números mais icónicos da Vogue Itália.
A genialidade de Franca não coube, pelo menos, na sua totalidade nos quase 80 minutos. A certeza de que Sozzani era uma mulher de armas ficou confirmada com esta homenagem à vida e ao legado profissional. Francesco Carrozini demorou quatro anos para terminar esta carta de amor que teve oportunidade de partilhar com Franca e com o mundo.
Para celebrar o lançamento mundial de Franca: Chaos and Creation, selecionamos as capas mais icónicas da Vogue Itália sob a direção de Sozzani.
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