A baixa lisboeta recebe de novo, após um mês de renovações, a loja Hermès: ampliada e com dois novos métiers, abraçou as cores quentes que a caracterizam, e manteve a sua essência original, na celebração do centenário da sua loja na rua de Saint Honoré, em Paris.
É o ex-libris da Hermès - um selo de assinatura presente em todas as lojas do mundo - no chão original que remete para a calçada portuguesa, que nos continua a dar as boas-vindas na renovada loja da marca em Lisboa. A zona de entrada presenteia-nos com a antecipada coleção primavera/verão de acessórios, perfumes, beleza e sedas, enquanto somos envolvidos na multiplicidade de cores característica à maison.
Sob a direção executiva de Axel Dumas, Hermès é desde 1837 uma referência pela liberdade criativa, inovação e utilização de materiais nobres, prezando por uma transmissão de um savoir-faire marcado pela excelência, mas também pela funcionalidade e durabilidade. Com a maior parte da sua produção baseada em França, com cerca de 60 ateliers e locais de produção, foi no centro de Lisboa que a 24 de fevereiro reabriu a loja da reconhecida marca, no edifício original que data do século XVIII.
Interior da renovada loja Hermès
Pablo Zamora
A data da (re)abertura, no entanto, não surgiu por mero acaso: trata-se de uma homenagem a um número especial, o 24 - afinal, a morada parisiense, coração e alma da maison Hermès, foi renovada e aumentada para possuir a sua aparência atual em 1924, celebrando o seu centenário, que dá mote ao tema do ano: o Espírito do Faubourg. Tema presente no espaço da marca na capital, num carré oversize em exposição, da autoria do artista Dimitri Rybaltchenko, e alvo de foco na montra da loja numa interpretação da artista Kiki Van Eijk.
O atelier RDAI - fundado por Rena Dumas, mulher de Jean-Louis Dumas, quinta geração da família Hermès- tem a cargo a decoração das lojas Hermès em todo o mundo, e esta não foi exceção: a passagem dos 133m2 para os 155m2 pode não parecer surpreendente, mas permitiu receber dois novos métiers: joalharia e Lés ateliers Horizons - com peças bespoke. É o banco Karumi, do arquiteto Álvaro Siza Vieira (desenhado para a coleção Maison da Hermès em 2022), que nos indica o caminho certo até ao centro das coleções de casa, relojoaria, joalharia, marroquinaria, equestre e Lés ateliers Horizons.
Interior da renovada loja Hermès
Pablo Zamora
A pedra de toque da reabertura da loja são algumas das obras de arte que remontam até coleções privadas de alguns membros da família: Joël Person inspira-se na ligação entre a humanidade e o mundo equestre tendo peças expostas nas lojas Hermès de todo o mudo, bem como Albert Adam cujas mantas e proteções evocam a elegância de objetos pensados para cavalos, e aos quais o lenço de seda Couvertures et tenues de jour com desenho de Jacques Eudel, presta homenagem. Também Hubert de Watrigant na sua colaboração com a Hermès produziu lenços de seda icónicos como Plaza de toros e Ballet équestre.
Numa loja localizada a poucos metros do rio, o pôr do sol que o cobre é homenageado no espaço que separa as coleções de pronto a vestir feminina e masculina, coberto por tapetes feitos local e manualmente por artesãos portugueses, marcados por uma paleta de tons em dégradé de amarelo e laranja, terminando no culminar de um encarnado quente - tons icónicos e presentes nas lojas Hermès de todo o mundo.
Fachada da loja Hermès em Lisboa, localizada no Largo do Chiado 9, 1200-108.
Pablo Zamora
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