Stickers, ornamentos faciais, chamem-lhe o que quiserem. Esta é a história de como os autocolantes invadiram a Beleza.
Stickers, ornamentos faciais, chamem-lhe o que quiserem. Esta é a história de como os autocolantes invadiram a Beleza.
Fotografia de Branislav Simoncik. Styling de Jan Králíček. Modelo Denisa Smolikova. Vogue Portugal, novembro de 2021
Fotografia de Branislav Simoncik. Styling de Jan Králíček. Modelo Denisa Smolikova. Vogue Portugal, novembro de 2021
Como todos os ciclos de tendências que caracterizam a atual indústria da Beleza, os ornamentos faciais já viveram momentos muito altos, mas também momentos muito baixos. Nos últimos anos, com o crescimento da cosmética minimalista, era impensável sairmos de casa com brilhantes colados em redor dos olhos ou autocolantes em forma de lua nas bochechas. Mas os tempos estão a mudar.
A maquilhagem divertida e colorida parece ter vindo para ficar, e os stickers são uma parte muito importante desta tendência crescente. Mesmo assim, estão longe de ser uma novidade na indústria. Para conhecermos a relação dos autocolantes faciais com a Beleza, precisamos de regressar a um dos berços da civilização ocidental: Roma.
Da Roma Antiga às cortes francesas, para esconder
Quando os stickers entraram na Beleza pela primeira vez, o objetivo era apenas um: cobrir imperfeições. E tal não era feito da forma mais discreta. Na Roma Antiga, estes ornamentos eram feitos de peles de animais, sendo selecionadas as peles mais escuras para que os autocolantes se pudessem assimilar a sinais cutâneos. Na sua maioria, eram priorizadas pequenas formas redondas, mas dependendo do tamanho da imperfeição – por exemplo, as cicatrizes podiam precisar de uma maior cobertura – a sua forma e largura eram adaptadas.
A partir desse momento, os autocolantes faciais tornaram-se numa constante, ainda que vivessem momentos da história onde a sua presença era mais discreta. O grande ressurgimento deu-se, contudo, por volta de 1500, com os ornamentos a entrarem nas cortes francesas e britânicas. O propósito era o mesmo, e o modo de aplicação também, ao ponto de que os franceses os apelidaram de mouches (em português, moscas), por parecerem pequenos insetos repousados junto à pele pálida que era comum naquela época.
Martine Carol em Madame du Barry (1954)
Martine Carol em Madame du Barry (1954)
À medida que se difundia o gosto por uma maquilhagem mais elaborada, principalmente no seio da corte de Louis XIV, em França, também os stickers começaram a ganhar novas conotações. Para além de serem um símbolo elitista – o que fez Oliver Cromwell proibir a utilização destes ornamentos faciais durante o seu regime no Reino Unido – tornaram-se uma expressão de desejo, atração sexual e até uma preocupação exagerada com a aparência. Só os tempos que se seguiram viriam a equilibrar isso.
Dos finais XVII aos anos 2000, para exibir
Na segunda metade do século XVII, já os autocolantes faciais haviam permeado outras classes sociais, sendo cada vez mais populares e acessíveis. Agora, a diferença estava no número de ornamentos utilizados: se fossem muitos, era sinal de que o seu utilizador estava desesperado para ascender a uma classe social mais alta; se fossem poucos, significava falta de posses monetárias. O número ideal eram dois, e nunca junto à boca.
Ao mesmo tempo, a proliferação de doenças como a varicela, que afetava gravemente a pele dos doentes, levou a uma explosão na utilização de autocolantes como forma de esconder as cicatrizes. Isso levou a que esta tendência perdesse popularidade, usavam-se stickers por necessidade, não por estilo. E assim se mantiveram, meio adormecidos, até serem resgatados no começo do século XX.
Clara Bow em The Saturday Night Kid (1929) © Getty Images
Clara Bow em The Saturday Night Kid (1929) © Getty Images
Era a idade de ouro das estrelas de cinema e de Hollywood, e foi com elas que os autocolantes voltaram à ribalta. Em 1929, estreia o filme The Saturday Night Kid, onde a atriz norte-americana Clara Bow aparece com um ornamento em forma de estrela na sua bochecha. A ela seguiram-se Martine Carol ou até Marilyn Monroe, que transportaram esta tendência até ao seu momento de maior expressão: os anos 2000.
É impossível falar da estética Y2K sem abordar os stickers. Foi nesta época da Beleza que estes ganharam cor, dimensão e formas completamente novas. Os autocolantes estavam por todo o lado, nos nossos rostos, sim, mas também nos nossos cadernos, canetas, ou até na mobília do nosso quarto. Por serem uma altura de experimentação e diversão, foi precisamente dos anos 2000 que saíram as maiores inspirações para o que vemos hoje na Beleza.
A tendência nos dias de hoje
No desfile de Alta-Costura para a estação quente de 2022, Fendi deslumbrou-nos com a colocação de brilhantes no rosto das suas modelos. O mesmo fez Schiaparelli, ao criar lágrimas de glitter. Mas a popularidade dos autocolantes faciais vai muito para além das passerelles.
Desde o momento da sua estreia que Euphoria, e o maravilhoso trabalho da maquilhadora da série, Doniella Davy, catapultou os stickers para o coração dos adolescentes contemporâneos. Tal como Olivia Rodrigo, ou não seria esse um dos focos principais da capa do seu álbum Sour. E todas estas influências têm permitido uma nova difusão desta tendência de maquilhagem.
2022 será o ano para nos divertirmos com a maquilhagem e acreditamos que os ornamentos faciais serão uma parte integral disso. Para os que têm mais dificuldade em transitar do estilo minimalista para esta explosão de cor e de brilho, pode-se sempre começar pelos brilhantes, ou pelas pérolas, que dão um toque extra aos looks de sombra do quotidiano. A partir daí, é uma questão de imaginação.
Este ano, quando se falar de stickers, nem o céu será o limite.
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