No dia em que foi apresentado ao mundo pela primeira vez, o Le Smoking deixou de pertencer a Yves Saint Laurent e passou a fazer parte da vida das mulheres que, sedentas de liberdade no modo de vestir, receberam aquele fato preto de braços abertos.
No dia em que foi apresentado ao mundo pela primeira vez, o Le Smoking deixou de pertencer a Yves Saint Laurent e passou a fazer parte da vida das mulheres que, sedentas de liberdade no modo de vestir, receberam aquele fato preto de braços abertos. Do modelo original às reinterpretações, traçamos a evolução desta peça que mudou o curso da Moda.
Poder, liberdade, sex appeal, confiança, provocação: não são necessárias mais palavras para definir o Le Smoking. O fato todo-poderoso criado por Yves Saint Laurent na década de 60 viria a desafiar a noção de feminilidade na cultura ocidental, tão colada à ideia de pele à vista, e a transformar, para sempre, o guarda-roupa das mulheres, que até então não tinham por hábito saírem à rua com calças.
Do Le Smoking original às reinterpretações de Hedi Slimane e Anthony Vaccarello, traçamos a evolução desta peça que mudou o curso da Moda e que é muito mais do que a versão feminina do clássico tuxedo.
Os primeiros esboços
Primeiros dois esboços do Le Smoking; Esboço do Le Smoking da coleção Alta-Costura outono/inverno 1999/2000 © Musée Yves Saint Laurent Paris
Primeiros dois esboços do Le Smoking; Esboço do Le Smoking da coleção Alta-Costura outono/inverno 1999/2000 © Musée Yves Saint Laurent Paris
As mulheres já usavam calças antes de Saint Laurent apresentar ao mundo o seu Le Smoking. Pela altura da Primeira Guerra Mundial, a peça tornou-se no uniforme das mulheres que trabalhavam nas fábricas e laboravam nos campos, como as land girls da organização civil britânica Women’s Land Army. Fora do domínio profissional, todavia, era impensável ver uma mulher a usar calças nas ruas e em soirées. Um cenário que viria a mudar a partir da segunda metade do século XX com a criação do Le Smoking.
Os primeiros esboços deste fato inspirado no tradicional tuxedo masculino revelam um blazer pouco cintado, com quatro bolsos e três botões, conjugado com umas calças de corte direito, uma camisa branca e uma fita preta de cetim a formar um laço. Tratava-se, nas palavras de Yves Saint Laurent, de um “coordenado indispensável [para a mulher], através do qual ela se encontrará sempre na moda, porque é uma opção de estilo, e não uma moda.”
A estreia do Le Smoking
“Quando o Le Smoking de Yves Saint Laurent foi apresentado numa coleção de Alta-Costura, iniciou-se uma revolução. Um artigo de vestuário associado à figura masculina tornou-se o símbolo da emancipação feminina”, lia-se no comunicado de imprensa da exposição Smoking Forever, uma mostra totalmente dedicada ao Le Smoking que esteve patente na Fundação Pierre Bergé - Yves Saint Laurent, em Paris, de outubro de 2005 a abril de 2006. Por essa altura, já esta célebre peça de Saint Laurent contava com quatro décadas de vida.
Inteiramente preto e produzido com um tecido de lã chamado grain de poudre, o Le Smoking foi apresentado pela primeira vez no verão de 1966 no âmbito da Pop Art Collection, a coleção de Alta-Costura de Yves Saint Laurent para o outono/inverno 1966. O tuxedo monocromático contrastou com os vestidos coloridos inspirados na estética de Andy Warhol que também estavam inseridos na já mencionada coleção: era diferente de tudo o que o designer havia criado e, dentro de pouco tempo, haveria de chegar às ruas.
As primeiras adeptas do tuxedo
Yves Saint Laurent conseguiu, com o Le Smoking, dar resposta a um grupo de mulheres que, através do vestuário, procuravam passar a imagem de seres confiantes em todas as esferas — profissional, pessoal e sexual. Mulheres seguras de si conjugavam um blazer com calças e não se sentiam menos femininas por isso, pelo contrário. A sociedade, contudo, não estava preparada para tanta ousadia nem para tanta liberdade vinda das mulheres, como um episódio ocorrido em 1968 pode atestar: Nan Kempner, da elite nova-iorquina, preparava-se para entrar no restaurante La Côte Basque quando foi ‘barrada’ por um segurança por estar a usar um smoking. Acabou por despir as calças e ficar só de blazer, com as pernas expostas.
Betty Catroux, Bianca Jagger, Lauren Bacall, Francoise Hardy, Liza Minelli e Catherine Deneuve também ficaram rendidas ao Le Smoking, assim como as assistentes de Yves Saint Laurent. Quem também se deixou conquistar pelo fato foi Helmut Newton que, em 1975, tratou de imortalizar o tuxedo de Yves Saint Laurent em fotografias a preto e branco que chegaram às páginas da Vogue Paris.
As reinterpretações do modelo original
Hoje é raro ver uma coleção de Saint Laurent sem uma versão do clássico Le Smoking. Anthony Vacarello, atual diretor criativio da Saint Laurent, inseriu uma reinterpretação do tuxedo na coleção para o outono/inverno 2019. Hedi Slimane, que assumiu o leme criativo da maison francesa de 2012 a 2016, também redesenhou o Le Smoking: ao afunilar as calças, acrescentou ao fato um edgy vibe. Alber Elbaz, Tom Ford e Stefano Pilati, que em tempos assumiram a responsabilidade de idealizar as coleções de Saint Laurent, também reinterpretaram a peça.
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