Quem são os historiadores de Moda do Instagram que nos dão a conhecer os arquivos de designers como Alexander McQueen e marcas como Prada e Maison Martin Margiela?
Quem são os historiadores de Moda do Instagram que nos dão a conhecer os arquivos de designers como Alexander McQueen e marcas como Prada e Maison Martin Margiela?
À medida que uma das décadas mais transformadoras da Moda se aproxima do fim, muito tem sido escrito sobre a forma como o Instagram surgiu enquanto força motriz para a mudança. Sem a app, poderíamos ter perdido a dose diária de Diet Prada, as publicações de influencers gerados por computador, como Lil Miquela e Bermuda, e os posts de influenciadores. No geral, e talvez o mais marcante, o crescente desejo de nos conectarmos com a história muitas vezes evasiva da Moda.
Até há muito pouco tempo, aceder a arquivos de Moda significava estudar o assunto numa qualquer instituição de renome, frequentar leilões exclusivos e correr as lojas — e todos os cantos da Internet — à procura de livros raros e de revistas antigas. Mas graças à ascensão dos chamados historiadores de Moda do Instagram, as narrativas dos nossos designers favoritos estão agora a ser recontadas de uma forma muito mais democrática.
A crescente popularidade destes arquivistas simboliza mais do que uma apreciação nostálgica da estética anti-Moda. Acontece que a proliferação destes perfis de Instagram passou a representar uma ânsia coletiva de entender os designers de Moda.
De @mcqueen_vault a @rarebooksparis, reunimos cinco historiadores de Moda que merecem um follow no Instagram.
@mcqueen_vault
John Matheson criou uma espécie de templo sagrado para todos os apreciadores do trabalho de Alexander McQueen com @mcqueen_vault, uma comunidade dedicada ao designer britânico e à casa de Moda por ele fundada. Resultante de 25 anos de pesquisa, o arquivo de Matheson é mais do que uma galeria de criações de McQueen. Como explicou à Vogue, durante a recolha de imagens, o fundador desta página de Instagram procura saber "mais sobre as equipas em torno do designer, o que mostra a capacidade única [de McQueen] de encontrar os melhores talentos para dar forma à sua visão".
Possuindo aquele que é, talvez, o mais extenso arquivo entre os seus pares, Matheson oferece uma visão diferenciada do trabalho do falecido Lee Alexander McQueen e da atual diretora criativa, Sarah Burton, que inaugurou uma nova visão na Casa britânica.
@rarebooksparis
Tendo trabalhado como designer em Paris por mais de 15 anos, o misterioso dono de @rarebooksparis tem uma das coleções de artefatos de Moda mais elogiadas na Internet. Sem focar um único designer ou marca, esta conta de Instagram oferece uma espécie de greatest hits de imagens relacionadas com o trabalho de vários criadores da indústria — pode ser o Negotium de Franz West, um documento raro acerca do trabalho de Martin Margiela em 1999, assinado por Mark Borthwick, ou uma cópia da primeira edição do Bodyworks, de Issey Miyake. Afinal, não é por acaso que esta página está rotulada como sendo “o melhor recurso de arte e Moda vintage”.
Quando questionado sobre a importância da acessibilidade aos arquivos impressos da Moda na era digital, o fundador da @rarebooksparis diz: “À medida que as roupas enfrentam a sua mortalidade mundana e as imagens online se difundem infinitamente, as publicações impressas ganham uma grande importância na hora de conhecer o trabalho de um designer. Como uma espécie de documento teatral, essas publicações oferecem uma visão única ao congelarem uma constelação performativa de vários players da indústria, como os designers gráficos, fotógrafos, criadores, modelos e cenógrafos.”
@margiela.archive
Poucos designers oferecem uma mística tão grande quanto Martin Margiela, e o @margiela.archive une todos os fãs devotos do criador, lembrando-nos, em primeiro lugar, de como é que esta Casa surgiu. “O papel de Margiela enquanto marca de luxo comercial dificulta muitas vezes o entendimento da sua mensagem anti-Moda, especialmente para os que não conhecem a história da marca. Espero que a minha conta, a ter algum efeito, proporcione a mais pessoas uma visão da mensagem inicial de Martin Margiela”, diz à Vogue Darius Fischbacher, fundador da página @margiela.archive.
Foi enquanto percorria o Tumblr e sites como o Vogue Runway e o já extinto Style.com que Fischbacher se sentiu atraído pela Maison Margiela. Começou então a construir um arquivo para melhor entender a marca e a partilhá-lo, de maneira a que outras pessoas que estão agora a iniciar a sua educação em Moda possam ter acesso ao legado da marca.
@archivings.stacks
A análise erudita de Shahan Assadourian sobre os momentos esquecidos da Moda começou por ser um meio de explorar uma afinidade com as antigas publicações comerciais da década de 1990, como a Gap Press, e os raros designers japoneses que essas publicações tanto mencionavam. Eventualmente, isto levou à recolha e à partilha de inúmeras imagens difíceis de descobrir online.
Carregada de um humor muito caraterístico, a conta @archivings.stacks tem uma das coleções de Moda mais envolventes e abrangentes disponíveis, atualmente, nas redes sociais. "Eu tento certificar-me de que tenho um ponto de vista e, talvez, um sentido de humor sobre as coisas que eu publico, por oposição a ser um observador neutro, um difusor de informação", explica Assadourian."As contas [de Instagram] que agem como arquivos também funcionam como uma esperança sobre o futuro", continua. “Da mesma maneira que Vincent van Gogh foi considerado um génio somente depois de morrer, quem agora está a ser subvalorizado pode plantar uma semente que leva a que, no futuro, alguém os compreenda. Talvez possam ser compreendidos por aqueles que estão a observar algum arquivo.”
@prada.archive
Poucos designers influenciaram a cultura popular tanto quanto Miuccia Prada com sua coleção de 1997, Prada Linea Rossa. O @prada.archive, de Nat Tong, descompacta o crescente impacto cultural da designer e as nuances que fizeram da sua abordagem futurista uma das eras mais invejáveis do design de Moda contemporâneo.
Filho de dois entusiastas da Prada dos nineties, Tong faz uma análise comparativa dos anos em que os nylons eram a imagem da Prada (entre 1998 e 2003) e reflete sobre a maneira como a estética Prada continua a ressoar nos tempos correntes. “Eu acho que marcas como a Prada, entre outras, são realmente a fonte de inspiração dos designers emergentes. E é por isso que é tão importante lançar uma luz sobre essas marcas”, diz Tong.
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