Olivier Rousteing foi o escolhido para a coleção de Alta-Costura de Jean Paul Gaultier, uma decisão que foi verdadeiramente genial.
Olivier Rousteing foi o escolhido para a coleção de Alta-Costura de Jean Paul Gaultier, uma decisão que foi verdadeiramente genial.
Em 2020, Jean Paul Gaultier anunciou a sua reforma, anunciando o início de um processo colaborativo que mudou o mundo da Alta-Costura. Ao abdicar da direção criativa, Gaultier escolhe um criativo para tomar as rédeas durante uma estação. Após Glenn Martens e Chitose Abe, foi a vez de Olivier Rousteing, o prodígio responsável por Balmain, de criar uma coleção para a maison francesa. Anunciar que as expectativas eram altas é um eufemismo, o designer é o primeiro francês a receber o convite. Mesmo com o nível de expectativas para a coleção, Rousteing não desapontou, alcançando um equilíbrio delicado entre o estilo pelo qual é conhecido e o ADN de Jean Paul Gaultier.
A coleção iniciou com 14 peças que homenageiam diretamente a coleção de Jean Paul Gaultier de outono/inverno 1994, com padrões reinterpretados por Rousteing. De acordo com o mesmo, a escolha destes looks, que à primeira vista se separam completamente do resto da coleção, é muito pessoal para o designer. Sendo de origem etíope, Rousteing confessa que Jean Paul Gaultier foi a primeira passerelle em que viu a sua cultura representada num palco da magnitude da Alta-Costura, homenageando Gaultier pela sua posição vanguardista em matérias de representação. Os looks que se seguiram no entanto deixam para trás referências tão óbvias, criando uma amalgamação de proporções geniais entre a iconografia de Gaultier e o estilo idiossincrático de Rousteing.
Reinterpretando alguns dos momentos mais icónicos da maison francesa, como o divino cone bra, Rousteing criou alguns dos momentos mais memoráveis da estação. Sobrepondo penas gigantes com calças de ganga largas ou um corpete completamente transparente com uma saia em veludo, o designer criou uma coleção memorável. O ponto alto da coleção foi, no entanto, o par de modelos grávidas com corpetes completamente colados ao corpo, que deixaram a audiência extasiada.
Quando Gaultier anunciou este novo projeto citou o sentido de humor como um fator determinante para a sua escolha de colaboradores. Entende-se perfeitamente a escolha de Rousteing, que, ainda que intercalando peças de alfaiataria clássicas, um staple do designer, assumiu uma posição campy na escolha de referências. Utilizando as garrafas de perfumes como inspiração, o designer francês criou vários looks baseados na perfumaria da maison, uma das facetas mais reconhecíveis de Jean Paul Gaultier. A coleção desenhada por Rousteing só tem um defeito latente, a tristeza iminente quando nos apercebemos que esta será a única colaboração entre os dois titãs da Moda francesa.