O lendário designer, atualmente à frente da Maison Margiela, conversou, via Zoom, com Anna Wintour, diretora da Vogue US e diretora artística e consultora de conteúdos globais da Condé Nast, desde Paris.
“Vou lutar até ao fim pela liberdade e pelo processo criativo” declarou corajosamente John Galliano durante as Vogue Global Conversations de hoje. O lendário designer, atualmente à frente da Maison Margiela, conversou, via Zoom, com Anna Wintour, diretora da Vogue US e diretora artística e consultora de conteúdos globais da Condé Nast, desde Paris.
Milhares de espectadores acompanharam a conversa entre duas das mentes mais influentes da indústria da Moda. O mais emocionante ao ouvir Galliano é que, mesmo com décadas de história de Moda escrita com o seu nome, o designer recusa-se a sucumbir à sombra do seus louros. Mais do que nunca, o designer é apaixonado pelo futuro da Moda e por diálogos com os clientes da geração millennial e Z. Como é que faz isso? Com novas maneiras de se comunicar virtualmente. “Não será esta a altura perfeita para apresentar uma nova maneira de nos mostrar-mos e vender-mos as coleções?”, questionou John.
“Adoro produzir um desfile”, continuou ou designer, “[mas] tive que superar isso, aceitar a realidade e continuar.” Atualmente, Galliano está a desenhar a coleção de Maison Margiela Artisanal [a linha de Alta-Costura da etiqueta] com a sua equipa através de videochamadas no Zoom - referindo que um dos membros da sua equipa está na Austrália - e está a usar as novas tecnologias para inspirar uma nova metodologia para mostrar Moda. “Vou abraçar a maneira como estou a resgatar esta história, esta coleção, com a toda a tecnologia disponível. Com isso, posso mostrar a autenticidade da roupa - sou um dressmaker.”
Serão os desfiles da Margiela em 3D, CGI, AR - ou uma outra coisa qualquer nunca antes vista? “É uma aventura, nunca fiz isto!”, hesitou o designer, sugerindo que unir o físico e o virtual está nos seus planos. “Sabes que gosto de fazer desfiles mais pequenos, mais íntimos, onde todos ficam na primera fila, então talvez tenha alguns convidados digitais que estejam lá sentados. Um escritor, um ator, um poeta - algo novo.”
Duas coisas que não faltam nas apresentações da Maison Margiela são paixão e arte. “O que [desta vez] me inspirou é mostrar uma parte do processo criativo. Muitas das gerações Y e Z não conseguem ver isso… [Para a linha Artisanal, em julho] mostrarei a essência, o parfum, o topo da pirâmide. É isso que vou mostrar, é isso que quero que as pessoas percebam. Em setembro, a influencia e como tudo isso inspirou a coleção de ready-to-wear, os co-ed, os acessórios - estou a olhar para isto como uma ideia a longo termo, vamos ver como é que isto se processa. Estou muito entusiasmado.”
Maison Margiela, outono/inverno 2020
Maison Margiela, outono/inverno 2020
Desenhar para uma audiência real ou virtual, não vai mudar a maneira coo Galliano trabalha. “O processo criativo será sempre o processo criativo. Tenho a sorte, ou a sensibilidade, para sincronizar essas coisas”, afirmou. John está conectado com os seus colegas mais jovens através da internet, participando em festas via Zoom e a tomar notas de tudo aquilo que está a acontecer. “Já viste as festas que existem no Zoom? Vi o Steven Klein no outro dia, it was major! [Os mais novos] continuam a usar batons vermelhos, ainda querem ser sedutores, Memos que seja através do online. Honestamente, acho que a maneira como as pessoas se estão a vestir vai inspirar a maneira como o desconfinanto se vai processar. Estou com os meus olhos e ouvidos bem abertos.”
Anna Wintour observou ainda que a tecnologia não é o único domínio em que Galliano tem potenciado a indústria da Moda. O designer é também um verdadeiro líder nas práticas sustentáveis e também na destruição das normas antiquadas de género. “Sentimos que queríamos falar a linguagem do agora e o upcycling e o recycling deu-nos Recicla,” afirmou, ao referenciar a nova linha de roupa reciclada que vai fazer parte do desfile do outono/inverno da Maison Margiela. O upcycling não termina aí. Uma coleção de acessórios feitos com restos de pele de alta qualidade que foi produzida e vendida numa espécie de made-to-meausre, com diferentes regiões do mundo a receber produtos exclusivos. “Adoro a ideia de que algo tenha tornado os nossos merchandisers e a equipa de marketing e comercial muito criativa,” rematou.
"Sou motivado pelo trabalho, pela dedicação da minha equipa e pela liberdade em criar."
Em relação à linha da indefinição de género, Galliano falou, com grande paixão, sobre como tem esperança de que esta pausa no sistema possa derrubar de uma vez por todas as barreiras de género. “Se os desfiles de homem e mulher se pode fundir, isso significa uma redução nas viagens e no desperdício - e é uma maneira muito mais emocionante de comprar coleções”, começou. “Além disso, podes criar novas silhuetas [nos diferentes géneros]. Podes descontrair mais no corte dos vestidos, vestidos com viés - tu conheces os meus vestidos -, mas pegar nessa ideia e transportar isso para as roupas masculinas: um fato, um caban, um trench-coat. Tentar cortar tudo isso num único viés, tornando-o muito bonito, sem esquecer que dá uma linha ilustrada. É confortável e é tão fácil de usar.”
Já no final da conversa, Galliano refletiu sobre aquilo que o mantém motivado durante estes tempos: “Paixão. I’m a dressmaker. Sou motivado pelo trabalho, pela dedicação da minha equipa e pela liberdade em criar. Isso é realmente importante param mim. Acho que podes ser qualquer coisa neste mundo, e se podemos ser qualquer coisa, podemos tentar sem mais simpáticos uns com o outros e mais cuidadosos com o nosso planeta?”
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