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Kim Kardashian fala sobre o vestido de Marilyn Monroe na Met Gala 2022

03 May 2022
By Chioma Nnadi

Ninguém adora uma surpresa na Met Gala tanto como Kim Kardashian.

Kim Kardashian com o vestido de Marilyn Monroe © Greg Swales
Kim Kardashian com o vestido de Marilyn Monroe © Greg Swales

Ninguém adora uma surpresa na Met Gala tanto como Kim Kardashian — por isso não é de espantar que os rumores da sua transformação radical em Marylin Monroe já circulavam 48 horas antes da gala. Naturalmente, quando apareceu na passadeira vermelha todos ficaram de boca aberta. “A ideia surgiu imediatamente após a gala em setembro do ano passado. Pensei para comigo mesma, o que teria feito com o tema americano se não tivesse usado o meu look da Balenciaga? Qual é a coisa mais americana que eu consigo imaginar? Essa coisa acabou por ser Marylin Monroe,” revela Kardashian. No momento que entrou na passadeira vermelha, com o infame vestido coberto de brilhantes, com o seu cabelo louro platinado, perfeitamente penteado, a referência era inconfundível. “Para mim o momento mais Marilyn Monroe foi quando cantou 'Happy Birthday,' a JFK, esse é o look.”

Quando falámos com a estrela de televisão e empresária ao telefone no domingo passado, estava no meio do processo de descolorar o seu cabelo. “Dediquei o dia inteiro só para pintar o meu cabelo, 14 horas seguidas,” diz a rir-se. Kardashian claramente adora o desafio de criar um momento de Moda único. Entre o vestido “molhado” de Mugler com uma cintura ínfima que usou em 2019 e o misterioso vestido estilo zentai que utilizou o ano passado, Kardashian nunca falha na passerelle vermelha da Met Gala. Mesmo assim, orquestrar algo desta magnitude requere níveis inalcançados de planeamento e empenho.

Baseado no desenho de Bob Mackie para o figurinista francês de Hollywood Jean-Louis, o vestido causou escândalo quando usado pela atriz para fazer uma serenata ao presidente John F. Kennedy no dia do seu 45º aniversário em 1962. No breve vídeo da sua performance consegue-se ouvir o espanto da audiência quando esta despe o seu casaco de pêlo branco e revela o vestido transparente coberto de mais de seis mil cristais. “Hoje em dia toda a gente utiliza vestidos transparentes, mas na altura não era algo que se fazia,” diz Kardashian. “De uma certa forma, é o 'naked dress' original. Foi por isso que foi chocante.”

Kim Kardashian na Met Gala 2022 © Getty Images
Kim Kardashian na Met Gala 2022 © Getty Images

Acabado de sair da faculdade com 21 anos na altura, Mackie lembra-se do momento claramente. “Após ter desenhado o vestido não fazia ideia por quem iria ser utilizado até o ver nos jornais,” diz o designer. “Marylin estava fantástica e alcançou exatamente o que queria. A Fox Studios não a deixava utilizar nada que fosse muito revelador nos seus filmes, devido ao escândalo causado pelo calendário onde apareceu nua. Mas ela não queria saber, porque já tinha sido despedida. A sua figura estava no seu auge, o vestido tinha uma silhueta clássica para a Moda da época.”

Diz-se que Monroe pagou 1440 dólares a Jean-Louis pelo vestido, que acabou por ser vendido pela primeira vez num leilão em 1999 por mais de um milhão de euros como parte da venda do seu património pela Christie's. Foi depois vendido por uns surpreendentes 4.8 milhões dólares no Julien’s Auctions em 2016, e foi posteriormente obtido pelo museu Ripley’s Believe It Or Not. Continua a ser o vestido mais caro vendido em leilão. “Sou uma fã enorme de leilões e já comprei várias peças do património de JFK, por isso conheço o dono de Julien’s. Ele possibilitou a conexão (com o Ripley’s) e a conversa começou a partir dai,” revela Kardashian.

Marilyn Monroe (1962) © Getty Images
Marilyn Monroe (1962) © Getty Images

Armazenado num cofre escurecido que tem a temperatura controlada de 20 graus Celsius com uma humidade de 40 a 50% de humidade, o vestido multimilionário raramente é separado da sua proteção, muito menos utilizado por alguém que não seja Monroe. Antes de Ripley’s ter concordado em emprestar o vestido a Kardashian, esta foi convidada a experimentar uma réplica do vestido. Caia-lhe perfeitamente. Pouco tempo depois, o vestido original estava em transporte via avião privado, desde Orlando, Flórida até à casa de Kardashian em Calabasas. E, surpreendentemente, a segunda prova não correu bem como planeado. “O vestido foi transportado por seguranças e eu tive de utilizar luvas enquanto o experimentava,” explica Kim Kardashian. “Sempre pensei que a Marylin fosse extremamente curvy. Imaginei que poderia ser mais pequena em certas partes do meu corpo onde esta fosse maior e maior em sítios que esta fosse mais pequena. Por isso quando não me estava a caber comecei a chorar porque o vestido não pode ser alterado de forma alguma.”

Com poucos meses até à data da gala, só existiam duas opções: emagrecer para caber no vestido, ou encontrar outra coisa para usar. Na mente de Kim só havia uma possibilidade. “Era isto ou nada,” diz frontalmente. Nas semanas que se seguiram, Kardashian embarcou numa dieta extremamente rigorosa para se aproximar do seu objetivo. “Utilizei um fato sauna duas vezes ao dia, corria na passadeira rolante, cortei todos os açúcares e hidratos de carbono, e só comia vegetais e proteína,” explica Kardashian. “Não passei fome, mas tive de ser muito rigorosa.” Após um mês, encontrava-se dentro dos cofres de Ripley’s em Orlando para uma prova final. Desta vez, o vestido caia que nem uma luva. “Quase chorei lágrimas de alegria quando me coube,” disse a empresária.

Kim Kardashian com o vestido de Marilyn Monroe © Greg Swales
Kim Kardashian com o vestido de Marilyn Monroe © Greg Swales

A verdade é que Kardashian só utilizou o vestido original durante breves minutos. Devido à natureza frágil e valor histórico do vestido, Kim não queria correr riscos desnecessários. Aliás, todo o processo de se vestir assemelha-se a uma operação militar extremamente sofisticada: saiu do seu hotel num robe, protegida por barricadas que a ocultavam dos paparazzi. Eventualmente chegou a um pequeno provatório localizado à entrada das escadas da Met Gala, preparada especialmente para esta ocasião. Lá encontrava-se um conservacionista da Ripley que, com luvas brancas, a ajudou a colocar o vestido. “Tenho muito respeito por este vestido e o que significa para a história dos Estados Unidos. Não me quero sentar ou comer enquanto o uso, não quero correr o risco de o danificar, não vou utilizar nenhum tipo de maquilhagem para o corpo que costumo usar,” diz Kardashian, que mudou para uma réplica do vestido, também da posse do museu Ripley, assim que chegou ao cimo das escadas. “Estava tudo planeado ao segundo e até tive de treinar subir as escadas.”

O vestido de “Happy Birthday, Mr. President” não era a única réplica de Marylin Monroe que Kardashian tinha na sua posse para a noite, é, aliás, só um de três. Fica a dúvida se alguma vez poderemos ver os outros dois. “Tenho uma réplica do vestido que ela utilizou nos Óscares em 1962,” disse Kardashian orgulhosamente sobre o vestido de lantejoulas verdes de Norman Norell. “Acho que se calhar vou usar esse para comer pizza no meu quarto de hotel.”

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