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London Fashion Week: as 10 coleções que nos conquistaram

25 Feb 2022
By Mariana Silva

Richard Quinn, Simone Rocha, Nensi Dojaka e sete outros designers que conquistaram os nossos corações.

Depois de Nova Iorque viajamos para Londres, onde as propostas para a estação fria enalteceram novos nomes e trouxeram velhos conhecidos mais uma vez até à ribalta. Dos tecidos luxuosos às cores arrojadas, o estilo casual é oficialmente um acontecimento do passado, e estas são as 10 coleções que o comprovam. 

Harris Reed

© Cortesia de Harris Reed
© Cortesia de Harris Reed

Foi com a performance de Harris Reed que se abriram as portas da Semana de Moda na capital britânica. Apresentada ao som de Sam Smith, a coleção de outono/inverno encontrou uma grande parte da sua inspiração no livro 60 Years A Queen, onde o estilo da monarca Victoria definiu o tom para grandes volumes e proporções exageradas. Ao detalhes régios, Reed uniu formas e cores que remetem para a vida noturna de meados dos anos 70, numa espécie de homenagem à fluidez dos club kids e, mais particularmente, a Mick Jagger. Afinal, o designer britânico é conhecido pela sua abordagem orgânica à identidade e ao género e os seus coordenados para a estação fria vieram mais uma vez comprovar como a Moda é, antes de tudo, uma questão de arte.

Os destaques: rendas e transparências, proporções exageradas, pontos de cor, chapéus. 

 

Simone Rocha

Também foi na literatura que Simone Rocha encontrou o ponto de partida para a sua coleção, desta vez recorrendo à fábula irlandesa The Children of Lir, uma espécie de contos de fadas com um lado obscuro. “As crianças tornam-se cisnes durante novecentos anos (…) e quando retornam à forma humana, morrem. Comecei por basear a minha narrativa nessa história,” afirmou a designer. Talvez por isso as suas propostas se tenham repartido entre um espectro cromático de brancos, beges e pretos, com ligeiros toques de azul e vermelho a destacar alguns dos últimos coordenados. O lado infantil encontrou-se revisto na escolha das silhuetas e tecidos, nomeadamente através dos vestidos babydoll, dos folhos de grande volume e da utilização exagerada de tule.

Os destaques: silhuetas babydoll, mangas balão, casacos oversize, detalhes cristalizados e sobreposição de transparências. 

Nensi Dojaka

Nesta edição da Semana de Moda de Londres, todas os olhos estavam postos na vencedora do prémio LVMH. E Nensi Dojaka não desiludiu. A designer albanesa manteve-se fiel às silhuetas com as quais conquistou o público - e também diversas celebridades, como Bella Hadid ou Emily Ratajkowski -, apostando em vestidos que abraçam o corpo e detalhes em fio que proporcionam complexidade visual aos tecidos outrora minimalistas. Para a estação fria, Dojaka apresentou ainda algumas novidades, como vestidos compridos, mais cor, e até novas texturas, entre quais o veludo e as lantejoulas. 

Os destaques: sandálias abertas, formas reveladoras, power suits, vestidos lingerie e uma combinação cromático de preto e rosa esbatido. 

Matty Bovan

Cyclone é o termo que vem dar nome às propostas de Matty Bovan para o outono/inverno de 2022, uma escolha que, segundo o designer, espelha “o caos e a destruição - e até a beleza - no núcleo do seu poder.” Bovan passou os meses que antecederam a Semana de Moda britânica em Connecticut, nos Estados Unidos, e foi aí que pensou e criou os coordenados que desfilaram pela passerelle londrina. A influência americana é notória ao longo dos tecidos extravagantes que são conjugados em cada ensemble, como se de uma colagem se tratasse. E embora Irina Shayk tenha apresentado o conjunto de abertura, a restante coleção priorizou uma vertente mais masculina, uma novidade para o designer. 

Os destaques: iconografia norte-americana, sobreposição de peças, padrões extravagantes, upcycling.  

Christopher Kane

© ImaxTree
© ImaxTree

Sexyness is back. Christopher Kane não tem medo de o assumir. Com a sua coleção Sexual selection, o designer escocês apostou em todos os detalhes que transformam meros coordenados femininos em verdadeiros objetos de desejo. As transparências, os cut-outs, os tecidos sensuais que gritam por uma saída noturna são apenas alguns dos detalhes que dão vida às propostas de Kane para o outono/inverno de 2022. O único fator que se pautou por uma certa timidez foi a cor, já que uma grande partes dos conjuntos apresentados se caracterizam por uma monocromia em tons pretos.

Os destaques: transparências, correntes douradas, tecidos brilhantes, cut-outs, silhuetas tanto oversize como reveladoras. 

Erdem

No início dos anos 30, Berlim, Paris e Viena eram as grandes capitais do estilo europeu, combinando uma parte do glamour que restava dos famosos roaring 20s com a crescente inquietude política que começava a assolar o continente. Esse foi o sentimento que Erdem Moralioğlu escolheu retratar na Semana de Moda de Londres. E fê-lo indo para além dos conceitos de género. “Há algo que vem com o impacto de fazer roupa masculina, e o exercício que foi adicionar alguma masculinidade a esta coleção, e talvez pensando nos extremos da feminilidade e da masculinidade juntos,” disse Moralioğlu quanto ao look de abertura. 

Os destaques: vestidos fluídos, casacos estruturados, alfaiataria, preto, padrões florais, franjas. 

David Koma

O que está no coração da cultura britânica? Para David Koma, a resposta é simples: futebol. “O futebol é um desporto ainda dominado pelos homens; e eu pensei, ‘Porque não celebrar as mulheres?’” Assim foi. Na passerelle londrina desfilaram conjuntos que tanto remetem para esse lado desportivo e casual, como celebram uma vertente mais pautada pela feminilidade. É por isso que vemos lantejoulas e brilhantes combinados com luvas desportivas, e silhuetas sensuais associadas à funcionalidade e conforto da malha. Koma é a prova de que o sporty look ainda tem lugar na nossa sociedade, só precisa é de um ligeiro upgrade. 

Os destaques: sportswear, botas de cano alto, sobreposição de silhuetas, lantejoulas, preto. 

16Arlington

© ImaxTree
© ImaxTree

Quando, em novembro do ano passado, foi anunciado o falecimento de Federica “Kikka” Cavenati, co-fundadora da 16Arlington, o mundo da Moda entrou em choque. Com apenas 28 anos, Cavenati tinha dado muito de si à indústria, principalmente através da sua marca que experienciava um rápido (e merecido) crescimento. Dessa forma, o desfile de outono/inverno não poderia prestar homenagem a mais ninguém: “Este é para ti, Kiks,” escreveu Marco Capaldo, o par de Federica no trabalho e na vida, nas notas do desfile. O tributo, por sua vez, estava em cada pequeno detalhe da coleção. O minimalismo de silhuetas foi complementado pelos tons metalizados. A sensualidade surgiu através dos materiais, transparências e do brilho das lantejoulas. Até a tristeza esteve representava, com Capaldo a usar as suas próprias lágrimas para imaginar novos padrões.

Os destaques: silhuetas dos anos 90, tons metalizados, lantejoulas, transparências, detalhes em pelo e penas.

 

Richard Quinn

Já tínhamos saudades da extravagância de Richard Quinn, e a Semana de Moda de Londres permitiu-nos relembrar o génio das proporções por detrás da marca britânica. Para o outono/inverno, os padrões foram a aposta central - tão central que muitas vezes cobria o coordenado por completo, da ponta dos sapatos à aba do chapéu. O objetivo? Celebrar o tempo áureo da Alta-Costura, ou Dark Couture, como Quinn lhe chama. Não faltaram tons néon, sobreposições de texturas e materiais, e até uma ou duas propostas mais minimalistas, como a gabardine bege que representou a intemporalidade e o classicismo de uma forma como só Richard Quinn o sabe fazer.

Os destaques: padrões florais, mangas balão, néon, proporções exageradas, chapéus, legging boots. 

Halpern

Com a sua coleção de outono/inverno, Michael Halpern quis proporcionar à sua audiência uma espécie de luz ao fundo do túnel, um sinal de que ainda existe glamour após dois anos de looks “de sofá”. As suas propostas misturaram alguns dos traços característicos das silhuetas dos anos 20, para as quais o filme Madam Satan serviu de inspiração, com a já habitual musa do designer, Anjelica Huston, que é aqui imaginada numa perspetiva dos anos 70. “São as duas eras juntas, mas em ácidos,” explicou Halpern quanto aos coordenados. A cor proliferou um pouco por todos os conjuntos, tal como as franjas e os folhos em camadas que conferiram ainda mais ousadia à coleção. Halpern deu-nos looks de festa, e nós já só queremos dançar. 

Os destaques: franjas, transparências, tons metalizados, cut-outs, sobreposição de texturas. 

Mariana Silva By Mariana Silva

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