Desfile
Veneza serve de palco e inspiração para a mais recente coleção da Max Mara. O Resort 2025 da marca italiana procura no legado da cidade referências para estas propostas que refletem o ADN da casa.
Não é ao acaso que o destino serve de rastilho para as silhuetas femininas e sofisticadas tão apanágio Max Mara: há qualquer coisa de mágico em Veneza, uma magia intrínseca não só à sua arquitetura, mas também à sua história. Erguida sobre as águas de uma lagoa no norte de Itália, na época romana, a sua fama também resulta dos seus astutos e empreendedores mercadores medievais, sendo o mais ilustre desses comerciantes Marco Polo - e 2024 assinala o 700º aniversário da sua morte. De mente aberta, curioso e tolerante, foi inclusive sugerido que foi um dos primeiros feministas. O seu diário de viagem do século XIII, Il Milione, descreve sem julgamento como as mulheres e raparigas andavam a cavalo como os homens e maravilhava-se com uma ilha das Mulheres na Índia, onde os homens só podiam visitar durante três meses por ano. Pessoas como Marco Polo deixavam as mulheres a liderar enquanto participavam em missões comerciais que duravam anos, uma das razões pelas quais as mulheres em Veneza eram mais privilegiadas e poderosas do que em qualquer outro ponto do globo. La Serenissima - a república de Veneza - é frequentemente representada como uma mulher, personificando justiça, harmonia, poder, progresso, lealdade e graça.
Para a sua mais recente coleção, a Max Mara segue os passos de Polo com uma série de propostas opulenta e multicultural: o explorador passou vinte anos na corte de Kublai Khan, na Mongólia, onde, ainda hoje, são produzidas lãs e caxemira e que também eram comercializadas na chamada Rota da Seda, um canal para todo o tipo de mercadorias luxuosas. Naturalmente, a coleção começa com o incontornável camel, preto, branco e castanho e introduz sedas em tons matizados, como aquelas que o mercador poderia ter trazido do Catai ou de Constantinopla. De 'robes de chambre' a parkas, passando por trench-coats e tabarri, a Max Mara sugere os casacos mais imponentes nesta gama de pré-coleção. Há vestidos para ocasiões especiais, mas também há spolverini arrebatadores, túnicas elegantes, tailleurs de corte acentuado e macacões versáteis para o dia-a-dia, prontos para viagens e aventuras. Borlas grandes, cordões grossos, lenços extravagantes e saias de veludo são algumas das opções, que se juntam a um linha de headpieces inspirada em turbantes, criada em colaboração com o lendário Stephen Jones.
A posição de La Serenissima como entreposto comercial entre o Oriente e o Ocidente permitiu que a arte e a arquitetura de ambos se misturassem e o Palazzo Ducale, onde decorreu o desfile, parece o cartão de visita ideal para comprová-lo. Um que se replica também nas propostas de Ian Griffiths, diretor criativo da marca: as folhagens extravagantes do gótico veneziano também podem ser encontradas nos têxteis, em padrões florais ricamente imaginados, bem como motivos associados a Zaratustra, ao Hinduísmo e ao conceito filosófico chinês de Yin e Yang.
Mas, além de tudo isso, haverá melhor lugar que Veneza para apresentar a coleção Resort 2025 do que aquela que é a cidade onde o negócio do luxo começou?
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