Mérito e excelência

Eau de parfum Black Opium 90ml, € 146,80, Yves Saint Laurent.

Promete: ser confiante e ousado, graças à escuridão do café, à luminosidade das flores brancas e à sensualidade da baunilha. Palavra da Vogue: talvez a presença de cafeína ajude a explicar como é que uma fragrância consegue ser tão viciante. Quem gosta de Black Opium, jura-lhe amor eterno, e isso é suficiente para manter este eau de parfum no topo das vendas da perfumaria. É doce, sem ser enjoativo. É forte, sem ser avassalador. É subversivo, sem desafiar a personalidade de quem o aplica. É como se materializasse o poder da mulher contemporânea através de notas olfativas que tanto contrastam entre si como se complementam. E ainda nem chegámos à melhor característica de Black Opium: é um perfume que dura, dura e dura.

Eau de parfum Baccarat Rouge 540 70ml, € 240, Maison Francis Kurkdjian, na Skinlife.

Promete: acariciar a pele e “encarnar a alquimia dos sentidos.” Palavra da Vogue: originalmente criado para a emblemática casa de cristais Baccarat aquando do seu 250º aniversário (o número 540 representa a temperatura necessária para obter o icónico vermelho da marca), Baccarat Rouge 540 acabou por se transformar num símbolo da perfumaria moderna, com milhares de fãs um pouco por todo o mundo — que desvirtuaram o conceito “exclusivo” do seu lançamento e elevaram a criação de Francis Kurkdjian ao estatuto de viral (basta ver a quantidade de vídeos no TikTok que lhe são dedicados). Ainda assim, a aura de mistério e elegância da fragrância apresentada em 2016 manteve-se intacta. As notas amadeiradas, sobejamente misturadas com jasmim, açafrão e âmbar, fazem deste campeão de vendas um dos mais belos casos de sucesso dos últimos anos. Se a nossa palavra não bastar, saiba que é o perfume preferido de Rihanna.

Eau de parfum Good Girl 80ml, € 134, Carolina Herrera.

Promete: aliar o brilho da feminilidade ao mistério, através da combinação de notas doces de jasmim com a riqueza do aroma de cacau. Palavra da Vogue: sim, a fragrância é maravilhosa. Porém, será isso que faz deste um dos perfumes mais vendidos do mundo? Posso dizer que, no meu caso, foi a embalagem que me atraiu. Tantos anos depois, o icónico stiletto de Carolina Herrera continua a ter um grande destaque na minha prateleira de beleza, mesmo que esteja a duas borrifadelas de terminar. Mas voltemos à fragrância, que não merece ser minimizada. Primeiro, sente-se a doçura, a ode à feminilidade. Depois, exalta-se a energia e a vivacidade, graças à chegada das notas olfativas de amêndoa e café. E assim ficamos envoltas numa nuvem tão sensual quanto a embalagem, que resume o espírito de Good Girl.

Eau de parfum Santal 33 50ml, € 198, Le Labo.

Promete: ser um misto de sensualidade, sofisticação, ousadia e liberdade, à semelhança das planícies acidentadas do Oeste americano que lhe serviram de inspiração. Palavra da Vogue: suave, picante, inebriante, viciante. Estas são apenas algumas das palavras que melhor definem Santal 33, o perfume de culto lançado em 2011 pela Le Labo que rapidamente se tornou um (enorme) sucesso de vendas. Atualmente com estatuto de fragrância-ícone de toda uma geração, foi dos primeiros a assumir-se como genderless, apostando no tão necessário binómio masculino/feminino. É difícil falar dele sem cair em clichés, porque quase todos nós já usámos, em algum momento, esta obra-prima da perfumaria. Os seus trinta e três ingredientes (daí parte do nome, Santal significa “sândalo”) nunca foram totalmente revelados, mas os poucos que se conhecem (madeira de cedro, âmbar, violeta) justificam aquela sensação de fogo que permanece muito após as chamas se terem apagado.

Artigo retirado do The Fame Issue, de outubro de 2023. Disponível aqui.