A capital da Moda italiana apresentou as suas propostas para a estação fria de 2022.
Da casa criada por Jeremy Scott à colaboração da Gucci com a Adidas, a Semana de Moda de Milão recebeu o melhor que a Moda italiana tem para oferecer. Merece destaque a homenagem prestada por Giorgio Armani ao povo ucraniano, o único designer que usou a sua plataforma para se referir ao conflito.
Fendi
A coleção para a estação fria da casa italiana é feita de opostos. Feminino e masculino, forte e suave, solto e estruturado: estas foram algumas das características com as quais Kim Jones decidiu jogar nos coordenados que desfilaram pela passerelle de Milão. “Betão e chiffon e como estes se podem juntar. As mulheres são fortes e suaves,” explicou Jones em entrevista. O designer inglês tem um extenso currículo em alfaiataria, ao qual veio juntar traços femininos como as transparências, os corpetes e as silhuetas justas.
Os destaques: transparências, chiffon, alfaiataria, paleta cromática neutra, casacos de pelo, fatos monocromáticos, acessórios como ponto de destaque.
Prada
O duo Miuccia Prada e Raf Simons voltou a juntar-se para apresentar novas propostas para o outono/inverno. E como já começa a ser tradição, o seu foco passou por referenciar o passado. “Eu penso nos momentos revolucionários da história da Prada, e transporto-os para aqui,” explicou Simons, acrescentando que “nunca são recriações diretas, mas há um refletir de algo que já se conhece, uma linguagem Prada”. Seguindo essa linha de pensamento, seria natural que voltassem a ser apresentados os famosos tank tops com o logótipo triangular da marca, aos quais se vieram unir casacos oversize estruturados e saias transparentes de silhueta orgânica. Houve ainda espaço para coordenados mais rígidos, como os conjuntos monocromáticos em preto complementados por uma corrente que mais uma vez evidencia o poder do pequeno triângulo Prada.
Os destaques: tank tops, peças oversize, saias em chiffon, transparências, malas coloridas, detalhes florais.
MM6 Maison Margiela
A coleção de outono/inverno de 2022 representou um ponto importante na história da MM6: as categorias de “homem” e “mulher” foram unidas numa única coleção sem género, que, ao contrário de muitas marcas que adotam uma vertente gender neutral, mantém elementos tanto tipicamente considerados masculinos como femininos. Fatos, vestidos, tons de rosa e preto coabitam num desfile adequado às necessidades da vida diária. A alfaiataria foi, sem dúvida, um dos pontos-chave desta coleção, tal como os casacos em pele, e o padrão cobra que se destacou numa parte de cima que assumiu a forma deste animal. MM6 Maison Margiela deixou bem clara a sua mensagem: as roupas podem ser simples, mas foram pensadas para que o seu utilizador lhes dê vida.
Os destaques: alfaiataria, minimalismo, peças em pele, padrão de cobra, luvas, preto, rosa claro, androginia.
Gucci
Androginia foi também uma das grandes temáticas do desfile da Gucci que, em conjunto com a Adidas, apresentou uma nova colaboração. Ainda assim, as silhuetas tipicamente masculinas foram as mais evidenciadas, numa combinação equilibrada entre a estrutura formal dos fatos e casacos compridos, e o conforto e descontração proporcionados pelo sportswear. O logótipo da Adidas esteve presente numa grande parte dos coordenados, principalmente nos acessórios, como bonés, ténis e até balaclavas - uma prova de que esta última tendência deverá resistir mais um ano. Ao longo da coleção, verificou-se uma paleta de cores, texturas e padrões bastante diversificada, tendo sempre a linguagem excêntrica da casa italiana como linha condutora.
Os destaques: androginia, silhuetas estruturadas, alfaiataria, sportswear, acessórios casuais, logomania.
Moschino
Numa fantasia ao estilo de Bela e o Monstro, Jeremy Scott e a sua visão criativa deram vida às mais variadas peças de mobília, transformando a passerelle italiana numa verdadeira casa. Candeeiros, fechaduras, talheres, quadros, espelhos… Nada faltou nesta reencarnação “do quarto de hotel provincial francês” que Stanley Kubrick destacou em 2001: Odisseia no Espaço. A referência foi avançada pelo próprio designer, que comparou os seus coordenados às “coisas que encontrarias na casa de uma pessoa com riqueza geracional”. Gigi Hadid fechou o desfile com um vestido que imita uma estátua de bronze, num look que certamente ficará para a história.
Os destaques: veludo, texturas acolchoadas, detalhes metalizados, rendas e transparências, acessórios maximalistas.
Versace
Nas palavras de Donatella Versace, o desfile de outono/inverno da maison de luxo pode ser comparado a “um elástico esticado até ao limite, prestes a regressar à sua posição inicial devido a uma acumulação de energia”. Com estas palavras, a designer italiana refere-se ao novo normal, um regresso ao glamour e ao power dressing após dois anos de homewear e coordenados pensados para o conforto. Talvez por isso as suas propostas sigam uma forma bastante estruturada e justa, muitas vezes recorrendo aos corpetes femininos e silhuetas ampulheta. Looks totalmente pretos foram combinados com cores ousadas, como o roxo, o vermelho e até o rosa néon. Alguns dos padrões serviram como uma referência aos anos 60, mas também não faltaram elementos Y2K, com as cinturas descidas e os acessórios metalizados, com destaque para as correntes.
Os destaques: sexyness, corpetes, silhuetas justas, ombros largos, gingham, detalhes metalizados, preto.
Jil Sander
À primeira vista, as propostas para a estação fria desenhadas por Lucie e Luke Meier podem parecer dotadas de um certo minimalismo inspirado nos anos 60 - e isso não será, de todo, despropositado -, mas é através da construção detalhada das peças que se descobre um armário pensado para a mulher moderna. Foi na procura pela elegância que residiu a grande inspiração dos designers que assinam a coleção da Jil Sander, daí a paleta de cores ser bastante sóbria, e haver uma quase ausência total de padrões. O grande ponto de destaque encontra-se, assim, nos cortes das peças, como os fatos, os casacos compridos, os vestidos e as capas, complementadas por uma variedade de texturas, da lã à seda.
Os destaques: elegância, alfaiataria, fatos de lã, cores sóbrias, saias acima do joelho ou até ao tornozelo, malas pequenas de mão.
Bottega Veneta
Todos os olhos estavam postos no desfile de Bottega Veneta, após a abrupta saída de Daniel Lee da casa de luxo, em novembro do ano passado. Não demorou muito até que Matthieu Blazy fosse anunciado como o seu sucessor, fazendo da coleção de outono/inverno de 2022 a primeira a ser lançada sob a alçada do designer francês. Através dos coordenados, Blazy contou a sua história, e a passagem por marcas como Maison Margiela, Céline (na altura de Phoebe Philo) e Calvin Klein. Talvez por isso as suas propostas tenham seguido uma linha diversificada, que tanto abrangia um certo minimalismo escandinavo pautado por tanks tops brancos, como vestidos cheios de brilho e acessórios maximalistas. “A Bottega Veneta é pragmática na sua essência, por ser uma empresa de produtos em pele. Como se especializa em malas, é sobre movimento, ir a algum lado; há uma ideia fundamental de artesanato em movimento. É o estilo acima da Moda na sua intemporalidade,” disse o novo diretor criativo.
Os destaques: tank tops brancos, calças de ganga baggy, fatos em pele, acessórios maximalistas, coordenados monocromáticos.
Giorgio Armani
© ImaxTree
© ImaxTree
As roupas podem ter sido o motivo pelo qual o público se deslocou até ao desfile de Armani, mas foi o som (ou a ausência dele) que recebeu a derradeira aclamação. Antes de iniciar a apresentação, o designer subiu à passerelle para expressar o que lhe ia no coração: “Tomei a decisão de não usar música no desfile como um sinal de respeito para com as pessoas afetadas pela tragédia que está a evoluir.” Foi no dia 27 de fevereiro, poucos dias após a invasão russa à Ucrânia, que Giorgio Armani se propôs a lançar as suas propostas para a estação fria, mas não o fez sem antes se referir ao conflito que parou o mundo. Por coincidência, também essas mesmas propostas providenciaram uma espécie de ambiente sombrio, em parte avançado pela paleta de cores adotada. Entre coordenados femininos e masculinos, o estilo Art Déco funcionou como a grande linha condutora, “uma espécie de modernidade que ainda é relevante hoje”, explicou o designer em entrevista.
Os destaques: suede, veludo, peças metalizadas, fatos, franjas, padrões e bordados florais, preto, azul.
Marni
Embora a sustentabilidade esteja na ordem do dia, ainda pouco se fala da vertente artesanal que caracteriza a arte de fazer uma peça de roupa e, mais propriamente, da beleza que reside em a reparar, em transformar algo velho e quiçá estragado em algo novo, pronto a usar. O desfile da Marni, com assinatura do designer Francesco Risso, foi uma homenagem a essa mesma beleza, uma ode ao artesanato, àquilo que é feito pelas mãos do ser humano, dando um maior valor à peça de roupa. Dessa forma, os coordenados apresentados para a estação fria relembram uma colagem, em que padrões, cores e texturas são unidos, dando origem a um caos visual que pode não ser por todos compreendido, mas que o é quando o sentimento é adicionado à equação. O oversize foi uma das maiores constantes, tal como os cut-outs, as rachas e as rendas que, aqui e ali, proporcionavam ligeiros vislumbres da pele.
Os destaques: combinação de padrões, patches, franjas, casacos tricotados, detalhes florais.
Max Mara
Para o outono/inverno de 2022, Ian Griffiths, diretor criativo da marca, escolheu “expressar a personalidade de cada mulher que desfilou na passerelle”, numa coleção que priorizou a diversidade das modelos, para assim chegar a toda a audiência da Max Mara. Griffiths tomou como sua musa a artista suíça Sophie Taeuber-Arp, uma das grandes representantes femininas do movimento Dadaísta, encontrando inspiração no seu background. O cenário montanhoso e repleto de neve da Suíça apareceu representado nos coordenados da marca através de acessórios que tipicamente associamos ao ski e peças confortáveis que colocam a proteção do frio no topo das preocupações. Uma paleta de cores sóbria e minimalista foi complementada por texturas ricas e variadas. “Com tudo o que se tem passado nos últimos dois anos, as pessoas continuam à procura do ingrediente mágico,” concluiu o designer.
Os destaques: conjuntos monocromáticos, casacos teddy bear, balaclavas, malhas, acessórios em pelo.
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