Maria Duque - Molly98
Durante o mês de junho, a Vogue Portugal celebra o português como sinónimo de Moda de qualidade com entrevistas aos designers nacionais mais promissores.
Quando pensamos em Moda sustentável uma certa imagem vem-nos em mente. Molly98, a marca estabelecida por Maria Duque, está a mudar o panorama da sustentabilidade em Portugal. Talvez a fonte da sua diferença seja a sua motivação. Para a jovem designer a Moda não é o fim, mas o meio através do qual expressa a sua criatividade. “O meu impulso criativo encontrou na Moda o seu melhor encaixe,” diz-nos Duque. Originária do Ribatejo, o seu talento foi fomentado desde cedo pelo que a mesma chama de uma “família de artistas.” O seu background criativo significou que a jovem designer sempre teve consciência do peso de uma carreira artística. “Criar arte reflete tudo o que somos e não se pode comparar a um ‘trabalho normal’ que dá para desligar fora do horário.” Mas os ossos de ofício não se comparam à missão à qual Duque se dedica. A designer canaliza a sua identidade artística para um objetivo nobre: a produção de Moda sustentável. “A Molly98 foi estabelecida com uma identidade dedicada à criação de Moda a partir de materiais já existentes, fundamentada nos princípios de economia circular, desperdício zero e consumo consciente.” Com uma estética assumidamente inspirada em clubwear e streetwear, a Molly98 prova que o sustentável não é inimigo do entusiasmante. Aliás, segundo Duque, não há nada mais arrojado que uma indústria consciente do seu impacto ambiental.
Qual é a tua maior fonte de inspiração?
A minha maior fonte de inspiração são os jovens artistas underground como eu, que conciliam um trabalho full-time, com a produção de arte e projetos pessoais. Esse amor e necessidade de criação inspira-me profundamente. Artistas de diversas áreas, mas especialmente de música, fotografia e vídeo, são as áreas que mais me influenciam.
Como é que a cultura portuguesa afeta o teu design?
Embora a maior parte das minhas referências venha de fora, acredito que a cultura portuguesa está profundamente enraizada no meu trabalho. Quer eu queira ou não, ela irá sempre refletir as minhas raízes e influenciará o que faço.
Qual é o maior benefício de ser um designer de Moda em Portugal?
O "Made in Portugal"! A excelência e a qualidade têxtil da indústria nacional, além da facilidade em encontrar produção ética e local.
Qual é o maior desafio em ser um designer de Moda em Portugal?
Embora existam plataformas portuguesas que apoiam muito o trabalho dos designers e realmente ajudam na exposição, a dificuldade de alcance e visibilidade é significativa. Ter de projetar o meu trabalho em outros países e colaborar com estrangeiros para alcançar uma audiência mais ampla. Portugal não possui cidades com o reconhecimento no mundo da moda comparável a Paris ou Milão, por exemplo.
Quais são os teus objetivos para a tua marca?
Manter o selo sustentável e colaborar com mais artistas em novos projetos, seja para design, styling ou direção criativa… e focar-me um pouco mais em continuar a vestir artistas musicais internacionais com custom made looks para performances.