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Moda e Cinema: a Friendzone

12 Sep 2017
By Irina Chitas

Durante décadas, a Moda e o Cinema presentearam-nos com uma paixão melosa, feroz, quase irritante de tão feliz. Como (quase) todas, essa relação acabou - pelo menos, nos moldes em que a conhecíamos. Estes são os filmes que mais influenciaram a forma como nos vestimos hoje. E amanhã.

Durante décadas, a Moda e o Cinema presentearam-nos com uma paixão melosa, feroz, quase irritante de tão feliz. Como (quase) todas, essa relação acabou - pelo menos, nos moldes em que a conhecíamos. Estes são os filmes que mais influenciaram a forma como nos vestimos hoje. E amanhã.

Não retiremos daqui interpretações fatalistas: o Cinema e a Moda continuam amigos. Jantam fora, bebem uns copos, publicam fotografias um do outro nas redes sociais e, volta e meia, têm uma recaída como nos velhos tempos. Faz parte. Por muito que nos custe, temos de compreender que é difícil manter uma relação tão duradoura. Quando a Moda fez de Paris a capital do estilo, o Cinema surgiu, galã (talvez com voz de Marlon Brando, se não estivermos a ir longe demais na analogia), pronto para mostrar que o que projetava nas suas telas era replicado nas passerelles na estação a seguir e nas ruas logo depois. Uma das suas maiores armas começou a ser Audrey Hepburn, primeiro no look all black de Funny Face (ainda usamos os frutos desse cruzamento hoje em dia), depois com o LBD de Breakfast at Tiffany's e terminando com os casacões de cores fortes em Charade

Não foi a única, obviamente. O Cinema continuava a fazer a corte à Moda, musa atrás de musa - Faye Dunaway, Ali MacGraw, Catherine Deneuve, Diane Keaton -, look icónico atrás de look icónico. Até aos anos 80, funcionou. Os designers reproduziam quase na íntegra a alma dos figurinos, das grandes mulheres e dos grandes homens porque era à sala de cinema que o público ia buscar inspiração para o que vestir no dia a seguir. Só que depois veio a Internet. A massificação. As influencers. A obsessão pelos clássicos. É claro que os criadores de Moda continuam a virar-se para o grande ecrã na busca pela derradeira inspiração mas, não raras vezes, só as encontram nas pedras basilares do Cinema dos anos 50, 60, 70. O Cinema contemporâneo, salvo raras exceções - e, mesmo essas, ou são figurinos de época (Marie Antoinette, por exemplo) ou desumanamente futuristas (Avatar, claro, que chegou a ser homenageado numa coleção de Jean Paul Gaultier) - não enche as medidas de quem procura revolução.

Mas não faz mal. Está tudo bem. A mesma Internet que acabou com esta relação que julgávamos para sempre também nos traz um álbum de fotografias da família feliz que a Moda e o Cinema criaram. Somos bombardeados de Paris, Texas, Belle de Jour, Grey Gardens e Laura Mars e não poderíamos venerar mais estas musas que nos fazem usar com orgulho um bob reto, um casaco de pelo e um pólo Lacoste. 

   

Irina Chitas By Irina Chitas

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