Desperdiçar é um dos vocábulos que não faz parte do dicionário de Maria Romero, a fundadora de Tintoreria Project, a iniciativa que visa dar uma nova vida aos tecidos que foram perdendo a cor.
Desperdiçar é um dos vocábulos que não faz parte do dicionário de Maria Romero, a fundadora de Tintoreria Project, a iniciativa que visa dar uma nova vida aos tecidos que foram perdendo a cor.
© Maria Romero Studio
© Maria Romero Studio
Dos lençóis às toalhas de banho, das camisas às t-shirts, é natural que o branco-gélido vá perdendo a cor ao longo do tempo. Mas nem tudo está perdido, porque o Tintoreria (que significa casa de tingimento em espanhol) Project está pronto para reavivar os têxteis que tanto gostamos e dos quais não nos queremos ver livres.
Aqui, a industrialização é posta de parte e o lado humano do processo é salvaguardado, sendo também um dos pontos principais do projeto. Uma vez que protege os recursos naturais, o caminho que acaba por se cruzar com a sustentabilidade. “Quando falamos de sustentabilidade, ou de criar peças sustentáveis, é preciso decidir o que é realmente importante para cada um. Para mim as relações humanas são o ponto fulcral”, explicou Maria Romero, fundadora deste projeto, em entrevista à Vogue.
© Maria Romero Studio
É através dos resíduos alimentares que Romero extrai as cores para este processo que, como nos explica, “só funciona em tecidos de fibras naturais”. Os restaurantes, mercearias e jardins de Brooklyn são os armazéns para este colheita. A designer de têxteis consegue cerca de 300 caroços de abacate, várias cascas de cebola vermelha e ainda bolotas que apanha durante o outono.
A equipa do Tintoreria Project divide-se entre o distrito nova-iorquino e a cidade mexicana de Oaxaca, onde Maria Romero aprendeu, através dos seus colaboradores e famílias locais, como extrair as cores de plantas e alimentos, um processo bastante valorizado pela designer. “Trabalhei durante muitos anos na indústria e comunicava com as fábricas através de email. Agora colaboro com famílias, famílias que conheço, sei quem é a mãe, o pai e os filhos. Temos uma relação que vai para além do trabalho.”, contou.
Mas como é que tudo isto funciona? É um processo longo e delicado, que requer atenção e total dedicação, e que se divide em quatro etapas: polimento do tecido, tingimento, lavagem e secagem à sombra.
Perguntámos a Maria se era possível fazer o tingimento natural em casa, ao que nos respondeu: “Just do it. Vão em frente. Guardem os caroços dos abacates, colham flores, explorem os jardins. Peguem nos panos de cozinha que já não são mais brancos e façam as vossas experiências. Mas sempre com mente aberta e prontos para serem surpreendidos. O resultado final não é o mais importante, mas a conexão que têm com o processo.”.
É possível enviar peças que pretenda tingir por correio, para o estúdido do Tintoreria Project. Recentemente, Maria Romero criou uma linha de roupa, Tintoreria Closet, que faz shipping para todo o mundo e, assim, nos dá a oportunidade de fazer parte desta história.
© Tania Apolinar