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12 mulheres líderes que mudaram o mundo para melhor em 2020

28 Dec 2020
By Sarada Peri

Seja guiando nações com um punho firme ou insurgindo-se contra a injustiça, de Jacinda Ardern a Kamala Harris - estas líderes oferecem pistas sobre como trabalhar para o progresso em circunstâncias difíceis.

Seja guiando nações com um punho firme ou insurgindo-se contra a injustiça, de Jacinda Ardern a Kamala Harris - estas líderes oferecem pistas sobre como trabalhar para o progresso em circunstâncias difíceis.

©Getty Images
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Ao longo do ano que passou o mundo foi atingido por várias crises, incluindo uma pandemia global que infetou dezenas de milhões e tirou a vida a mais de 1 milhão e meio de pessoas, devastando a economia de quase todos os países. Porém, de acordo com um estudo do Centro de Pesquisa de Política Económica e do Fórum Económico Mundial, os países liderados por mulheres tiveram resultados "sistematicamente e significativamente melhores" no que diz respeito à Covid-19, que foram o resultado de "proatividade e respostas políticas coordenadas”, como lockdowns anteriores.

Isso fez-nos pensar: neste ano de desafios, que mulheres ofereceram modelos de liderança criativa, reflexiva e decisiva? Seja guiando uma nação com punho firme ou insurgindo-se contra a injustiça, estas líderes oferecem perspetivas de progresso nas circunstâncias mais difíceis.

1. Jacinda Ardern, primeira ministra da Nova Zelândia

@jacindaardern
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Amplamente elogiada por liderar uma das respostas ao coronavírus mais bem-sucedidas do mundo, Jacinda Ardern e seu partido trabalhista obtiveram uma vitória esmagadora na eleição de outubro. Não perdeu tempo e selecionou o gabinete com mais diversidade da história da Nova Zelândia. Dos 20 membros, oito são mulheres, cinco são Māori, três são Pasifika e três são LGBTQ+. É um gabinete que, pela primeira vez, representa plenamente todos os neozelandeses.

As escolhas de Ardern são mais do que um exercício simples de check list. Embora o novo gabinete tenha mudado a compreensão popular do que é que pode significar liderar, também é um lembrete de que pessoas de diferentes origens trazem consigo perspetivas, capacidades e experiências de vida únicas, todas essenciais para enfrentar os nossos maiores desafios.

2. Angela Merkel, chanceler alemã

@bundeskanzlerin
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Em setembro, um incêndio devastou o sobrelotado campo de refugiados de Moria na ilha grega de Lesbos, deixando milhares de sem abrigo. Angela Merkel concordou rapidamente em aceitar aproximadamente 2.750 pessoas, incluindo menores desacompanhados. A medida pressionou outros países da UE a fazerem a sua parte e a abrirem os braços também. 

A decisão de Merkel foi reflexo da sua declaração de 2015 de que a Alemanha encontraria uma maneira de lidar com o fluxo massivo de refugiados que fugiam aos seus países de origem. Apesar da reação política interna negativa e de um continente fragmentado devido à crise dos refugiados, Merkel abordou a questão como uma cientista que se transformou em governante - com empatia pragmática, impulso à experimentação e crença na necessidade de ação coletiva. 

3. Damilola Odufuwa e Odunayo Eweniyi, defensoras dos direitos das mulheres, Nigéria

Damilola-Odufuwa-Odunayo-Eweniyi, cortesia da Vogue
Damilola-Odufuwa-Odunayo-Eweniyi, cortesia da Vogue

Durante anos, mulheres ativistas em toda a Nigéria serviram-se de ferramentas online para organizar mudanças sociais, seja para libertar as meninas Chibok sequestradas pelo grupo terrorista Boko Haram ou para aumentar a conscientização sobre a violência de género. Em julho, Damilola Odufuwa e Odunayo Eweniyi formaram com 11 outras mulheres um grupo chamado Coligação Feminista com o objetivo de melhorar os direitos das mulheres nigerianas. Quando a raiva em relação à brutalidade policial levada a cabo pelo Esquadrão Especial Anti-Roubo (SARS) atingiu o seu auge este outono, elas entraram em ação com o seu primeiro projeto - e o movimento #EndSARS tornou-se um grito de guerra em todo o mundo.

A Coligação Feminista não se considera uma organização política, mas uma empresa focada na construção de comunidade e um grupo de defesa dos direitos das mulheres. Usando as suas sofisticadas capacidades tecnológicas e redes sociais, foram capazes de disseminar informações em tempo real, que aumentaram a consciencialização e geraram fundos para os protestos pacíficos. Em vez de um modelo de liderança de cima para baixo, Odufuwa, Eweniyi e as suas colegas estão a democratizar a informação enquanto uma forma de capacitar o povo nigeriano a fazer a mudança que procuram fazer.

4. Kamala Harris, vice-presidente eleita dos EUA

@kamalaharris
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Depois da eleição presidencial mais importante da história mais recente, os americanos elegeram Joe Biden. E a sua companheira na corrida à presidência, Kamala Harris, será a primeira mulher, a primeira negra e a primeira índia-americana a ser vice-presidente dos Estados Unidos. A sua longa carreira envolveu a destruição de muitas barreiras, desde ser a primeira mulher a servir como procuradora distrital de São Francisco a ser a primeira índia-americana eleita para o Senado dos Estados Unidos. Em Harris, os Estados Unidos não veem apenas uma funcionária pública experiente e brilhante como vice-presidente, mas uma líder que, finalmente, vai ampliar a ideia dos americanos sobre o que é ou não possível.

5. Stacey Abrams, ex-líder de minorias na Câmara dos Deputados da Geórgia, EUA 

@staceyabrams
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Quando a democrata da Geórgia Stacey Abrams perdeu na sua candidatura a governadora em 2018, alguns comentadores pensaram que ela se candidataria ao Senado - alguns pensaram que à presidência. Em vez disso, Abrams permaneceu comprometida com o seu projeto de longa data: transformar o seu estado natal de vermelho para azul.

Cinco anos antes, Abrams lançou o The New Georgia Project, que empoderou georgianos com um rendimento baixo e ajudou a conseguir que mais pessoas se inscrevessem em planos de saúde. Com o tempo, essa iniciativa tornou-se num esforço para registar o maior número possível de eleitores. Durante o processo, Abrams construiu uma ampla coligação de pessoas e organizações em todo o estado, registou um grande número de georgianos nas mesas de voto e mudou a compreensão das pessoas sobre a política do sul. A sua meticulosa organização valeu a pena este ano, quando Joe Biden venceu na Geórgia, ajudando a selar a sua vitória.

6. Sarah Gilbert, professora de vacinologia da Universidade de Oxford e cofundadora da Vaccitech, Reino Unido

@bazaaruk
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A professora Sarah Gilbert pode bem ser o mais próximo possível que temos de um super-herói da vida real. A cientista veterana de Oxford desenvolveu uma vacina contra o coronavírus que pode ajudar a salvar o mundo da Covid-19. Os primeiros dados sugerem que a vacina Oxford/AstraZeneca na qual a sua equipa trabalhou oferece até 90 por cento de proteção contra o vírus e é mais barata e mais fácil de armazenar do que as vacinas promissoras anunciadas pela Pfizer, BioNTech e Moderna. A versão de Gilbert poderia, portanto, beneficiar mais pessoas em todo o mundo.

Com 25 anos de experiência no desenvolvimento de vacinas para a gripe, Ebola e Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), Gilbert e o seu laboratório estavam preparados para entrar em ação quando o coronavírus apareceu pela primeira vez em 2019. Quanto aos meses de privação de sono que se seguiram, Gilbert disse, “Fui treinada para isso. Sou mãe de trigémeos." E para que não se questione a segurança da vacina, os três filhos de Gilbert, agora jovens adultos, participaram no ensaio clínico.

7. Klementyna Suchanow, autora e ativista política, Polónia 

Klementyna Suchanow, ©Getty Images
Klementyna Suchanow, ©Getty Images

Quando o Tribunal Constitucional polaco impôs uma proibição quase total do aborto em outubro de 2020, o governo conservador do país não poderia ter previsto a reação negativa que se seguiu. Centenas de milhares de pessoas saíram às ruas, inclusive em manifestações organizadas pela All-Poland Women’s Strile, liderada pela ativista Klementyna Suchanow.

Suchanow diz que, ao protestar contra as leis draconianas do aborto, as pessoas estão a erguer-se contra o forte controlo da Igreja Católica sobre as decisões políticas do país. Os polacos, especialmente mulheres e jovens, estão frustrados com o poder da Igreja de se intrometer nas suas vidas e furiosos com a hipocrisia revelada pelo escândalo de abuso sexual infantil. Resta saber se os manifestantes conseguiram derrubar a lei. Mas uma coisa é certa: o movimento energizou uma nova geração de mulheres, sem ligações ao passado - e elas não vão a lado nenhum.

8. Maria Ressa, CEO da Rappler, Filipinas

@maria_ressa
@maria_ressa

Este verão, no meio da pandemia, a jornalista filipina Maria Ressa apresentou-se em tribunal e foi condenada por difamação cibernética. Ressa e o seu site de notícias, Rappler, já eram alvos do presidente filipino Rodrigo Duterte há muito tempo, pela sua cobertura crítica do regime em vigor, incluindo a sua resposta à Covid-19.

Mas foi o facto de ter sido presa em 2019 que mudou o pensamento de Ressa em relação ao seu papel como jornalista e a persuadiu a falar abertamente sobre o abuso de poder de Duterte contra a imprensa e a ameaça à democracia que este seu comportamento representa. Citando o uso de desinformação por parte de Duterte nas redes sociais para demonizar a imprensa e espalhar teorias da conspiração, Ressa alerta para o facto de que outros países enfrentam ameaças semelhantes. Embora Ressa ainda enfrente uma possível prisão e ameaças de violência, recusa-se a ser silenciada. E avança com, “Jornalismo é ativismo”. 

9. Bilkis Dadi, ativista política, Índia

Bilkis Dadi ©Getty Images
Bilkis Dadi ©Getty Images

No final de 2019, o primeiro-ministro indiano Narendra Modi e o seu partido de direita Bharatiya Janata promulgaram a Lei de Emenda da Cidadania, que discrimina especificamente os muçulmanos ao introduzir a religião como um critério para a cidadania. A lei deste país sob Modi de maioria hindu representa a mudança de uma democracia multiétnica para uma autocracia etno-nacionalista. 

Mas o povo não permitiria que isso acontecesse sem dar luta - muito menos uma mulher de 82 anos chamada Bilkis Dadi (nascida Bilkis Bano; dadi significa avó), que se juntou a milhares de outras pessoas num bairro muçulmano em Delhi para protestar. Todos os dias, Bilkis se sentava no local do protesto de manhã à noite. Nunca se intimidou, nem mesmo durante o frio do inverno.

Embora Bilkis e os outros manifestantes tenham sido silenciados, ela foi amplamente celebrada e até incluída na lista das 100 pessoas mais influentes de 2020 da revista Time. Diante de poderosas forças antidemocráticas, esta mulher tornou-se num lembrete igualmente poderoso das coisas pelas quais vale a pena lutar.

10. Monica Lennon, Membro do Parlamento Escocês (MSP), e Nicola Sturgeon, Primeira Ministra da Escócia

@nicolasturgeon
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Metade da população mundial menstrua. Apesar disso, quase nenhuma sociedade conseguiu assumir o facto de que os produtos higiénicos, como pensos e tampões, são tão essenciais quanto o papel higiénico.

Isso mudou em novembro quando, graças a Monica Lennon e Nicola Sturgeon, a Escócia se tornou na primeira nação do mundo a tornar estes produtos sanitários gratuitos. Lennon é há muito tempo ativista contra a “period poverty” que impede muitas pessoas de comprar os produtos básicos de que precisam para menstruar com dignidade. 

Ao debater o projeto de lei, os legisladores escoceses discutiram questões como a endometriose, evidenciando aspetos da saúde da mulher que são frequentemente esquecidos, mas essenciais para a capacidade que uma mulher tem de prosperar. Os defensores desta lei esperam que o exemplo da Escócia ajude a eliminar o estigma cultural em torno da menstruação e garantir que mais mulheres e meninas em todo o mundo possam alcançar o seu próprio potencial. 

11. Sanna Marin, primeira-ministra da Finlândia

@sannamarin
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Apesar da sua reputação de ‘oásis progressivo’, a Finlândia tem uma lei opressora - a Lei Trans - que exige que os indivíduos trans sejam submetidos a exames de saúde mental e esterilização se quiserem obter o reconhecimento legal de género. A primeira ministra do país, Sanna Marin, pretende mudar isso. Já falou a favor do direito que as pessoas têm de se auto identificarem, dizendo: "Não faz parte do meu trabalho identificar as pessoas. É trabalho de todos identificarem-se a si mesmos.” 

Este é o mais recente ato feminista de Marin, cujo governo de coligação é liderado por todas as mulheres. O seu apoio para acabar com a Lei Trans é uma afirmação do feminismo, que procura desmantelar noções desatualizadas de normas de género e garantir que todos possam definir quem são e viver como quiserem. 

12. Nemonte Nenquimo, líder da nação Waorani, Equador 

Nemonte Nenquimo ©Getty Images
Nemonte Nenquimo ©Getty Images

Embora o rosto do movimento ambientalista no Ocidente tenha frequentemente sido branco e do sexo masculino, a voz mais poderosa na luta contra as alterações climáticas globais é uma líder de 34 anos da nação Waorani no Equador chamada Nemonte Nenquimo. Como tantas outras comunidades indígenas em todo o mundo, os Waorani estiveram na linha de frente, a defender as terras que conhecem melhor.

Nenquimo resistiu com sucesso ao plano do governo equatoriano de permitir que as petrolíferas perfurassem uma área da Amazónia que os Waorani chamam de lar e - enquanto os incêndios devastam a floresta amazónica e estranhos destroem a floresta de uma forma geral – ajudou a aumentou a consciência global sobre o aspeto da crise climática aos olhos do seu povo. Tal como escreveu num artigo de opinião publicado pelo The Guardian: “A Terra não espera que a salve, espera que a respeite. E nós, como povos indígenas, esperamos o mesmo.” 

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Sarada Peri é ex-redatora de discursos do presidente Barack Obama e fundadora da Peri Communications. 

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