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Gosta de musicais? Estes sete irão fazê-la pensar duas vezes

22 Jul 2022
By Pedro Vasconcelos

Desde uma ópera de ficção científica com Paris Hilton a lutas musicais entre a Princesa Diana e Camilla, introduzimos os filmes e peças musicais mais bizarros.

Desde uma ópera de ficção científica com Paris Hilton a lutas musicais entre a Princesa Diana e Camilla, introduzimos os filmes e peças musicais mais bizarros.

 

Sabia que o Spider-Man teve direito a um musical na Broadway? Que o Devil Wears Prada tem uma produção ao vivo em Chicago? Que o musical de Diana (sim, essa Diana) foi considerado o pior filme de 2021? Desde acidentes de produção a enormes perdas de investimento, compilamos uma lista dos mais bizarros e inesperados (e por isso, de certa forma, os melhores) filmes e peças de teatro musical alguma vez produzidas.

Repo! The Genetic Opera

© D. R.
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Se estivéssemos a ordenar a nossa lista de acordo com estranheza pura, este ocuparia com certeza o primeiro lugar. O musical descreve um futuro distópico, onde a saúde humana deteriorou a um nível que transplantes de órgãos se tornaram algo extremamente comum. Todas estas cirurgias são feitas através da empresa bilionária GenCo, responsabilizada por conduzir os milagrosos procedimentos através de empréstimos bancários. O único problema é que, caso haja uma falha no pagamento, os órgãos que lhe foram dados são “confiscados”. Como se isto não fosse uma viagem alucinogénia o suficiente, Paris Hilton interpreta a personagem de uma socialite viciada em cirurgias plásticas. Junte-se a esta narrativa sinistra e elenco questionável o facto de esta ser uma ópera e tem-se um fever dream de uma experiência cinematográfica. Ainda que compreensivelmente odiado tanto pela crítica como por audiências, o filme angariou um seguimento de culto extremamente fiel. 

The Devil Wears Prada

© D. R.
© D. R.

Passadas poucas semanas do 16º aniversário da estreia do icónico filme, The Devil Wears Prada (2006) já tem um musical a estrear em Chicago. Pode parecer uma adaptação estranha, não negamos que ver Miranda Priestly e Andy Sachs a cantar sobre o mundo da Moda é de facto surpreendente, mas atrevemo-nos a dizer que é a melhor ideia que o mundo do teatro teve desde Hamilton. Reconheça-se a parcialidade da redação da Vogue, mas ver a transformação de Andy de jornalista aborrecida para uma clacker é algo que adoraríamos ver em formato de canção. Aliás a composição musical será quase garantidamente um sucesso tendo em conta que é Elton John que se encarrega desta. É uma proposta estranha? Sim. Mas tem o potencial de ser genial? Completamente. 

Cats

© D. R.
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Ainda que um clássico, e certamente com uma das melhores músicas saídas de uma produção teatral alguma vez compostas (Memory) Cats é ​​inequivocamente bizarro. Se não conhece a história, ou teve a sorte de evitar a produção cinematográfica de 2019, Cats acompanha um grupo de gatos, a maioria dos quais de rua, à medida que estes dançam e cantam para atingirem o céu. Talvez ainda mais irritante é que, de facto, os talentos de Andrew Lloyd Webber enquanto compositor eram milagrosos, mas, infelizmente, os enredos nos quais escolhia integrar estas composições eram, no mínimo, sinistros. Como se a produção teatral já não fosse esquisita o suficiente, com os atores a usarem fatos de peluche e maquilhagem felina, a adaptação para o cinema foi a última gota de água. Jennifer Hudson, Dame Judi Dench, Sir Ian McKellen, entre tantos outros titãs da indústria foram transformados através de CGI em híbridos de gatos e humanos vindos diretamente dos nossos pesadelos mais perturbadores.

Spider-Man: Turn Off the Dark

© D. R.
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Para além de extremamente invulgar, o musical da Broadway dedicado somente à história do super-herói da Marvel estava também claramente amaldiçoado. Spider-Man: Turn Off the Dark foi um verdadeiro espetáculo de pop culture, reportagens acerca das suas tragédias invadiram os jornais no princípio dos anos 2000. A produção, que custou cerca de setenta e cinco milhões de dólares (sim, leu bem, 75.000.000), foi um desastre do princípio ao fim. Como em qualquer tragédia, havia esperança no início: a encenadora selecionada, Julie Taymor, tinha acabado de produzir o imensamente popular musical baseado no filme do Rei Leão, o budget era (claramente) ilimitado e os U2 estavam encarregados da composição musical. Mas, se estivesse atento, os primeiros indícios já apontavam para um desastre, a narrativa do musical inspirava-se em mitologia grega e o protagonista teria de enfrentar uma aranha gigante que estava a tentar, à falta de melhor expressão, ter os seus bebés. Juntou-se a fome à vontade de comer e, aliados às escolhas de produção questionáveis, houve uma panóplia de acidentes mesmo antes da peça estrear. Numa ocasião, a equipa esqueceu-se de colocar a segurança necessária num dos atores quando era suposto estar a voar sobre o palco, e este caiu diretamente no fosso da orquestra. Mesmo após Taymor ter sido despedida, o musical foi um falhanço completo, com um retorno que não se aproximou minimamente do investimento. 

Carrie: The Musical

© D. R.
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Se Spider-Man: Turn Off the Dark foi uma tragédia grega, Carrie: The Musical é uma verdadeira telenovela. Ainda que com um orçamento de oito milhões, consideravelmente menos do que os setenta e cinco do musical anterior, a produção fechou após umas meras cinco atuações. Os acidentes tornaram-se uma constante, com um dos membros da equipa quase decapitado. Mas pior ainda que os inúmeros acidentes foi o problema de uma das cenas mais icónicas do filme: quando Carrie é encharcada em sangue falso. Incapazes de executar a cena sem que o microfone da protagonista deixasse de funcionar, a equipa acabou por desistir de uma das partes mais fulcrais da produção. A história e músicas eram também extremamente bizarras, uma das canções mais impactantes de toda a produção era, aliás, um grande número musical sobre matar um porco para lhe retirar o sangue.

Starlight Express

© D. R.
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Outro prova de que Andrew Lloyd Webber estava certamente noutro plano de realidade em relação ao resto dos comuns mortais. O musical da sua autoria Starlight Express consegue, de alguma forma, ser ainda mais bizarro que Cats. Com uma audiência juvenil em mente, Webber construiu um musical onde todas as personagens são comboios. E como é que os comboios se movimentam? Com rodas, claro. E Webber, imensamente preocupado com o realismo de ver pessoas mascaradas como comboios, construiu um musical onde todos os protagonistas deveriam utilizar patins (particularmente preocupante quando se considera a coreografia). Olhemos pelo lado positivo: pelo menos não os fez movimentarem-se em carris. Se bem que, considerando o número de acidentes que ocorreram e as inúmeras lesões provocadas, se calhar carris não teriam sido má ideia. Por mais surreal que o musical seja, está em exibição na Alemanha há mais de 30 anos, com mudanças ainda mais peculiares, como a recente adição de um comboio Brexit. 

Diana: The Musical

© Netflix
© Netflix

Por último, mas não menos importante - aliás o mais importante se for a má qualidade que se valoriza - temos Diana: The Musical. A produção iniciou na Broadway em março de 2020, uma data que pode ser reconhecida como problemática para uma produção ao vivo que implica a agregação de pessoas. Ainda que tenha tido algumas pré-visualizações, a produção nunca chegou a ter uma noite de estreia, tendo acabado antes de começar. Sabendo o que se sabe hoje em dia, se calhar foi pelo melhor. A produção foi filmada antes de fechar indefinidamente e colocada na Netflix para poder ser vista por todo o mundo. A opinião consensual foi que o musical foi uma homenagem extremamente desrespeitosa à Princesa Diana, com exageros e intervenções musicais verdadeiramente insensíveis, como a luta entre Camilla e Diana, onde um membro do elenco canta: “these cats are about to fight” [estas gatas estão prestes a lutar]. Para piorar a situação, a filmagem foi feita num teatro vazio, o que significa que todos os momentos de pausa que deveriam ser preenchidos por risos ou palmas permaneceram silenciosos (se bem que o silêncio estaria com certeza presente, mesmo com o teatro cheia). A produção foi tão má que as filmagens da Netflix acabaram por ganhar cinco Raspberry Awards, os Óscares de filmes maus, incluindo Pior Filme, Pior Atriz Principal e Pior Realização.

Pedro Vasconcelos By Pedro Vasconcelos

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