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O outro lado dos GQ MotY

03 Dec 2019
By Joana Moreira

A visão dos maquilhadores e hairstylists que preparam as estrelas nacionais e internacionais para uma gala ainda mais bonita.

A visão dos maquilhadores e hairstylists que preparam as estrelas nacionais e internacionais para uma gala ainda mais bonita.

Elodie Fiuza, Sean O'Pry e Rui Rocha ©Dulce Daniel
Elodie Fiuza, Sean O'Pry e Rui Rocha ©Dulce Daniel

Andar pelos corredores do hotel Tivoli, na Avenida da Liberdade, exige um mapa e um plano. Isto porque, nas horas que antecedem a 7ª gala GQ Men of the Year Awards, muitos são os quartos ocupados por pessoas que atravessaram o mundo para estar em Lisboa naquela noite. Pessoas que são embelezadas por maquilhadores e cabeleireiros, que se dividem entre quartos num horário escrupulosamente definido para que nenhum eyeliner fique imperfeito. Foi com eles que fomos falar.  

Adriana Bartosova a maquilhar Taylor Hill ©Dulce Daniel
Adriana Bartosova a maquilhar Taylor Hill ©Dulce Daniel

Adriana Bartosova

Adriana perdeu a conta ao número de vezes que trabalhou neste dia. "Não sei, mas acho que umas cinco vezes. Quantas edições é que já houve? Acho que falhei uma vez só", conta, enquanto desarruma pinceis e utensílios para começar a pintar um novo rosto. A maquilhadora eslovaca vem para Lisboa de propósito: "Adoro, adoro estar aqui, adoro as pessoas que estão aqui, da GQ e da Vogue, estou sempre muito feliz por estar aqui". Ainda que, admite, seja um dia "com muito stress". "E porque depois também quero estar bonita, mas isso é sempre a última coisa", diz.

Independentemente da pessoa que tem à sua frente para maquilhar, Adriana decide tudo no momento: "Sou mais intuitiva. Há pessoas que se preparam, mas eu trabalho muito no momento, é para mim o melhor para fazer um bom trabalho". "Há coisas que eu sei que sei fazer bem, ou que são o meu estilo, mas claro que se há alguém que quer alguma coisa que vai numa direção um bocadinho diferente, ou quer uma forma do olho diferente, é mais uma questão de gosto, mas sobre a qual se fala. Mas normalmente gostam logo do que eu proponho", não esconde. No caso de Taylor Hill, Adriana teve o trabalho facilitado. "Ela é linda, e tem uma pele muito bonita, é basicamente só brincar com os tons, ela tem uma espécie de look despido. Foi fácil, ela é linda, estou muito contente".

Nabil Harlow a dar os últimos retoques no cabelo de Taylor Hill ©Dulce Daniel
Nabil Harlow a dar os últimos retoques no cabelo de Taylor Hill ©Dulce Daniel

Nabil Harlow

"Nada de stress para mim. Tudo está a correr super bem, estou muito feliz por estar aqui", garante o hairstylist francês, que também viajou para Lisboa especialmente para a gala. Com um sorriso rasgado, e imediatamente após ter finalizado o look de Taylor Hill, Nabil garante que não demorou mais de 30, 40 minutos para criar os longos caracóis que correram o Instagram. "Decido tudo na hora, nunca tenho nada em mente, porque nunca sei o que é que vou encontrar e como, tanto a nível de comprimento como de textura e até cor. Acima de tudo, quero sempre ver o que ela está a usar porque é isso que me inspira. Acredito que o cabelo precisa de ser uma extensão da roupa e não o contrário", explica. No caso da modelo norte-americana, "ela tinha um vestido bonito com muito tule e detalhes, então achámos que o cabelo tinha de ser super real, como se ela tivesse acordado e aquela fosse a textura do seu cabelo, e não tivesse estado a fazer o cabelo durante horas." 

Elodie Fiuza ©Dulce Daniel
Elodie Fiuza ©Dulce Daniel

Elodie Fiuza

"Todas. Acho que fiz todas [as galas GQ MotY] desde o início." A maquilhadora Elodie Fiuza é uma repetente, pelos melhores motivos. "Há muita adrenalina, imensa. Há um pouco de stress, mas há sempre muita magia, com toda a gente a arranjar-se, vestidos a rigor. E há maquilhagens que não fazemos no dia a dia. O prazer é mesmo tornar as pessoas bonitas. Quando se sentem bem é o melhor para nós, maquilhadores", descreve.

Sempre com menos tempo do que gostaria com as celebridades que maquilha, Elodie admite: "gostava muito de dizer que tenho uma hora para cada uma, mas isso não acontece. Por isso, normalmente tenho meia hora, às vezes um bocadinho mais ou um bocadinho menos, também depende das pessoas, algumas são mais fáceis de maquilhar e outras menos. Também vem um bocado de nós, vemos a pessoa, vemos o vestido e pensamos logo na maquilhagem que queremos. Ou então a pessoa já tem um look definido e pronto, aí é mais rápido. Quando a inspiração não vem logo é que demora um bocadinho mais tempo. Mas corre sempre bem." 

Rui Rocha avalia o look de Sean O'Prey ©Dulce Daniel
Rui Rocha avalia o look de Sean O'Prey ©Dulce Daniel

Rui Rocha

Minutos antes de dedicar toda a sua atenção ao cabelo do modelo Sean O'Pry, o hairstylist do Porto conta à Vogue como está envolvido na preparação dos GQ Men of the Year Awards "pela segunda ou terceira vez." Com um ritmo imparável, Rui admite que "é um dia que passa rápido, na verdade, mas que tem uma energia ótima, porque pelo menos aqui concentram-se uma série de pessoas super criativas, tanto na parte do cabelo como na parte da makeup, há sempre esta conexão de toda a equipa."

Quanto à forma de trabalhar, o cabeleireiro procura sempre ter uma conversa prévia: "Quando é possível falar antes, às vezes não é possível, sobretudo com os [convidados] internacionais. Com algumas [pessoas] com as quais eu estou a trabalhar e são portuguesas há sempre uma prévia conversa, com algumas ideias predifinidas. O que não quer dizer que no dia haja alteração, que tudo se altere. Acima de tudo, o intuito é que as pessoas se sintam muito bem, que se sintam na pele delas. Independentemente da minha opinião, que pode ser viável, eu também tenho de ter mente aberta para algo extremamente simples, até porque numa red carpet muitas vezes as coisas mais simples são as mais difíceis de fazer." Habituado a, de um modo geral, dedicar mais tempo às mulheres do que aos homens, há um detalhe no qual Rui admite distinguir-se dos demais: "eu perco sempre muito tempo na parte da preparação, da texturização do cabelo, acho que é muito importante. Para mim é a base".

Joana Moreira By Joana Moreira

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