Podia ficar nos anos 2000? Podia, mas não era a mesma coisa.
Podia ficar nos anos 2000? Podia, mas não era a mesma coisa.
©Getty Images
Foram os anos em que tudo aconteceu – e talvez seja por isso que, quando olhamos para eles, sejamos absorvidos por uma aura de nostalgia e memórias que parecem não ter fim. Como poderíamos evitar este sentimento se os anos 2000 foram a época que viu Britney Spears com uma cobra gigante deitada nos ombros, a trocar o beijo com Madonna e a usar o inesquecível look em ganga total, o original hashtag #goals, coordenado na perfeição com Justin Timberlake? O nosso pensamento é muito simples: mesmo que quiséssemos, não poderíamos evitar.
A timeline dos anos 2000 tem mais momentos do que aqueles que conseguimos contar. Afinal de contas, estamos a falar de dez anos de história. Mas para colocar o tempo em perspetiva, vamos tentar. Foi a década que viu o nascimento do iPod e do álbum Stripped de Christina Aguilera. Foi a década que viu o casal mais influente da música cantar Crazy in Love (olá, Beyoncé e Jay-Z), a série de culto The O.C., que ainda hoje nos faz soltar uma lágrima quando pensamos em Marissa Cooper, e trinta e dois filmes com Scarlett Johansson no elenco, que fizeram o mundo sentir os primeiros sinais de Scarlett Fever. Foi a década em que Kim Kardashian organizava o guarda-roupa de Paris Hilton, enquanto Paris Hilton vivia The Simple Life com Nicole Richie.
À esquerda, Justin Timberlake e Britney Spears, à direita, Beyoncé e Jay-Z ©Getty Images
Em matéria de estilo, e porque nunca nos conseguiremos esquecer de tal, foi a década dos slip dress e dos tank tops (as alças finas eram obrigatórias), dos óculos de sol oversized sem armação, e dos jeans de cintura descida, que ganhavam mais pontos se tivessem aqueles rasgões que faziam as avós torcer um nariz e soltar um “queres que costure isso?”. A resposta era um não imediato. Foi a década que viu a avalanche dos coordenados Juicy Couture e dos bonés Von Dutch. Back in the day, eram estes os essenciais de qualquer it girl - ou, como diríamos na altura, de qualquer miúda popular. Para Victoria Guerra, como a própria conta à Vogue, foi a década de fazer algumas escolhas para mais tarde recordar (ou talvez não). "Esta fotografia foi tirada em 2006", disse a atriz. "Confesso que já apaguei da memória esta altura em que botas de cano alto, calças de cintura descaída, correntes e este chapéu, misturando castanho com preto eram uma tendência". Honestamente, quem nunca?
Victoria Guerra, 2006 ©D.R
Para quem os viveu, são os verdes anos em que não tínhamos Spotify ou Apple Music, mas tínhamos o LimeWire, a melhor plataforma para descarregar músicas e testar a nossa paciência enquanto o fazíamos. São os verdes anos em que não tínhamos Instagram ou WhatsApp, mas tínhamos MySpace, hi5, MSN e nicknames de levar as mãos à cabeça. São os verdes anos em que ser fã significava ter todos os álbuns, esperar eternidades para ver a estreia no cinema, implorar aos pais que comprassem a cassete de VHS ou ter posters gigantes espalhados pelas paredes do quarto. São também os verdes anos das compilações Now That’s What I Call Music!, com os temas musicais mais quentes do ano, do sucesso de TRL, Pimp My Ride ou Punk’d na MTV, da saga Harry Potter e da geração Morangos com Açúcar, que seguia o ritual religioso de fazer os trabalhos de casa no tempo recorde de cinco minutos, e correr diretamente para a sala de estar – numa altura em que tudo se vivia no momento, perder um minuto do episódio daquele dia significava perder um minuto do episódio para sempre.
Jennifer Lopez e Carson Daly durante um episódio TRL ©Getty Images
Os anos 2000 são tudo isto, e muito mais. São recordações estimadas, viagens inesquecíveis, projetos profissionais memoráveis, álbuns e longas-metragens intemporais, ou momentos de estilo que não só definiram uma década, como também uma geração. Moram nos recantos da memória, o disco externo antes de existir disco externo, moram nos álbuns de fotografias um tanto empoeirados, guardados no sótão de casa dos pais, a galeria do iPhone antes de existir iPhone, e agora moram também nas páginas da sua Vogue de agosto, o bilhete de entrada para as cápsulas do tempo de seis figuras portuguesas, que viveram os anos 2000 na primeira fila do acontecimento.
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