Taylor Swift e o ex-namorado Joe Alwyn | Robert Kamau/GC Images
As separações públicas têm invadido as páginas iniciais das nossas redes sociais nos últimos tempos...
Algumas destas separações parecem amigáveis, anunciadas através de declarações conjuntas cuidadosamente redigidas no Instagram à la Maya Jama e Stormzy. Outras aparentam ser… menos amigáveis. Como a declaração pública da Sheikha Mahra Bint Mohammed Bin Rashid Al Maktoum, filha do governante do Dubai, que publicou o seguinte no Instagram: “Querido marido, como estás ocupado com outras companheiras, declaro o nosso divórcio. Divorcio-me de ti, divorcio-me de ti e divorcio-me de ti. Fica bem. A tua ex-mulher”.
A Sheikha não é a única a fazer uma chamada de atenção pública ao seu parceiro. A estrela do TikTok Madeline Argy postou recentemente uma série de vídeos sobre como o seu namorado, o rapper Central Cee, provavelmente a traiu com a cantora Ice Spice. Neles, Argy conta em pormenor como, inicialmente, pensou que os rumores em torno dos dois cantores eram apenas uma manobra de marketing para promover um projeto conjunto, mas que, atualmente, acredita que foi enganada. Ainda não é certo se a própria Argy faz parte de um plano de marketing – para sermos sinceros, ainda estamos confusos.
E é mesmo essa a questão: a maioria das separações são confusas e desagradáveis… mas haverá alguma maneira de se passar por uma separação de forma saudável? A mensagem conjunta e sentida de Maya e Stormzy para os fãs (“tentámos e não resultou, e não faz mal”), pode ser lida como a resposta britânica de 2024 à infame separação consciente de Gwyneth Paltrow e Chris Martin há uma década. “Ainda pensamos o melhor um do outro”, disseram. “Ainda somos amigos e sempre seremos amigos”.
Stormzy e Maya Jama
Joseph Okpako/WireImage
Segundo Susanna Abse, psicoterapeuta de casais e autora do livro Tell Me the Truth About Love, a probabilidade de ter uma separação respeitosa depende bastante de como – e por que motivo – a separação surgiu. “Há alturas em que há uma traição, normalmente um caso amoroso, e tudo acontece de forma muito rápida”, diz. “Não há tempo para reflexão, discussão ou tentativa de terapia, há apenas uma explosão”, acrescenta. “Por vezes, é o que acontece com as celebridades: separam-se muito rapidamente e, ou têm dúvidas e voltam a juntar-se, ou a raiva provocada pela traição é tão grande… nessa situação raramente existe o que se pode chamar de uma separação civilizada”.
Mesmo sem uma traição por parte de um dos elementos do casal (ou de ambos), uma separação saudável pode ser complicada, “Há casais cuja relação tem sido difícil durante algum tempo – talvez tenham discutido durante anos e tenham gradualmente destruído os sentimentos positivos entre eles”, diz Abse. “Os argumentos circulares são uma tentativa de mudar as coisas: ‘Se ao menos pudesses sentir-te como me sinto, compreender o que quero dizer, podíamos ser felizes outra vez’. Mas depois alguém acaba mesmo por dizer ‘já chega’, o que pode acontecer em qualquer altura. Pode ser um sentimento muito visceral, de alguém que já não aguenta estar com a outra pessoa, e isso torna ser simpático e tentar resolver as coisas muito difícil”.
O que não quer dizer que não possa ser feito. Abaixo, Abse explora como abordar uma separação de uma forma respeitosa.
O que é possível fazer para tornar a situação amigável?
“É preciso passar da raiva à tristeza”, explica Abse. “É preciso entrar num processo de luto, onde ambos os parceiros são capazes de dizer: ‘Amei-te e foste o meu melhor amigo mas acabou, não nos resta mais nada. Vamos ser simpáticos um com o outro e vamos deixar-nos ir”. Isso requer um nível de maturidade emocional que muitos de nós não temos perante uma situação de perda; pelo contrário, temos a tendência de protestar e de nos zangarmos. Este processo de nos permitirmos ficar tristes e fazer o luto é algo ao qual geralmente resistimos – se o conseguirmos fazer, é uma grande diferença”.
Qual é a forma mais correta de dizer a alguém que nos queremos separar?
“Penso que é incrivelmente difícil dar início a essa conversa, e algumas pessoas preferem apenas agir – talvez ter um caso amoroso como forma de escape – mas isso não permite o luto mútuo”, diz Abse, que salienta que se apenas uma das partes estiver a pensar na separação, ao invés de ambas, tentar terapia de casal em primeiro lugar pode ser uma boa opção. “Diga-lhes: ‘Acho que já não somos tão bons como éramos e que já não somos tão felizes como éramos. Gostaria que falássemos com alguém”. Abse sugere que, se nada melhorar, o consultório do terapeuta pode ser um bom lugar para oficializar a separação. “Depois de algumas sessões, pode dizer-se: ‘Acho que não quero continuar com isto’. Esse luto comum e essa narrativa partilhada de ‘não nos estamos a dar bem, pois não?’ pode ser algo incrivelmente comovente entre um casal”.
O que é que os casais devem tentar evitar?
Vingança (“significa que ainda se está envolvido com a outra pessoa”) e “divórcios extremamente prolongados e feios”, diz Abse, que adianta que quando as separações se arrastam é porque “o casal nunca fez o trabalho de separação e de luto”. E acrescenta: “O que fizeram foi continuar ligados um ao outro, a discutir e a lutar por tudo e por nada. Nunca deixamos de pensar no nosso parceiro, ele está todos os dias na nossa mente de uma forma negativa”.
Qual é o principal aspeto a reter?
Abse diz que aceitar que haverão perdas e custos após o fim de uma relação pode ajudar a tornar a separação mais pacífica – especialmente em casos de divórcio e quando há crianças envolvidas. “Não estou a dizer que as pessoas se devam deixar aproveitar, mas é preciso pensar: qual é o custo da luta a nível pessoal? Qual é o custo dessa luta para os filhos? As crianças recuperam do divórcio quando os pais são capazes de se separar conscientemente e fazer o luto”. Abse acrescenta: “É possível fantasiar que se consegue, de alguma forma, evitar as perdas e fazer com que o seu advogado lute de todas as formas, mas isso não vai mudar nada. Terá, ainda assim, de aceitar as perdas. Não se pode fazer pontaria ao parceiro sem que os estilhaços atinjam os filhos e a si. Tem de colocar toda a sua energia na tentativa de encontrar soluções mediadas”.
Abse fala das amizades em comum como outro custo. “Os amigos geralmente deixam de ser leais a um ou outro parceiro. Temos de aceitar que é pouco provável que sejamos convidados para jantar em casa de X [no futuro]”.
Se não for possível fazer um anúncio nas redes sociais ao estilo das celebridades, qual é a melhor altura para contar aos amigos e à família sobre a separação?
O melhor é fazê-lo quando existir um acordo mútuo sobre o caminho a seguir. “Embora possa haver uma ou duas pessoas de confiança que saibam o que se está a passar, contar aos amigos e à família em geral só deve ser feito quando o casal já se encontrar resolvido o suficiente, quando souberem que X vai sair de casa nesta data – ou já saiu – ou quando já tiverem trabalhado um pouco em conjunto sobre a natureza do que está a acontecer”, diz Abse.
O que é que acontece após a separação?
“Reúna as pessoas que gostam de si. É tudo o que pode fazer”, diz Abse. “Tente não fugir aos sentimentos de formas que sejam destrutivas para si – como dormir com demasiadas pessoas ou beber em excesso. Tente lembrar-se de que é uma altura negativa e que vai demorar algum tempo a recuperar”.
E se tiver dificuldade em ser simpático para o seu ex?
Embora Abse sublinhe que o respeito mútuo é fundamental para uma separação consciente, isso não significa que tenha de se preocupar demasiado com os sentimentos do seu parceiro. “Se o seu parceiro está a educar os seus filhos, deve certificar-se de que não torna a vida dele ainda mais miserável. Não creio que a sua função seja, de um modo geral, cuidar dos sentimentos do seu ex-companheiro – mas pode ser a sua função não o fazer sentir-se pior”.
Desabafar sobre o seu ex também não é proibido. “Penso que há uma grande diferença entre desabafar com o seu melhor amigo sobre o seu ex-parceiro e divulgar ao mundo inteiro”, diz Abse. “Há um limite respeitoso em torno de si mesmo e da sua relação que deve ser mantido, mas todos nós também precisamos de alguém para desabafar e reclamar”.
Deve tentar manter ou cortar o contacto?
A resposta depende do casal em questão, diz Abse. Mas “aceite caso o seu parceiro não queira manter o contacto. É uma situação que pode ser dolorosa, mas é outra parte de enfrentar a perda. Quando deixamos de ser um casal, já não podemos dizer o que o nosso parceiro deve ou não fazer”, sublinha.
E se quiser dar uma nova oportunidade à relação? “Eu diria para se lembrar de como era a relação antes de fazer alguma coisa”, aconselha Abse. “É fácil ver o mundo através de lentes cor-de-rosa – não se esqueça de que, na verdade, a relação o deixou infeliz”. O importante é não ter pressa. “É preciso um período de reflexão antes de voltar a entrar diretamente na relação”.
Traduzido do original, disponível aqui.
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