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Olivier Rousteing: “Acharem que sou um disruptor é enganador”

07 Nov 2018
By Rui Matos

Olivier Rousteing, responsável pela direção criativa da Balmain, reinterpretou 10 peças emblemáticas da Casa francesa para uma coleção-cápsula com o Mytheresa.com. Esta foi a oportunidade perfeita para passar a palavra ao designer que respondeu a um Q&A exclusivo para a Vogue Portugal.

Olivier Rousteing, responsável pela direção criativa da Balmain, reinterpretou 10 peças emblemáticas da Casa francesa para uma coleção-cápsula com o Mytheresa.com. Esta foi a oportunidade perfeita para passar a palavra ao designer que respondeu a um Q&A exclusivo para a Vogue Portugal. 

Olivier Rousteing chegou à Balmain em abril de 2011 - tinha apenas 25 anos, mas muita vontade de agarrar a indústria da Moda e fazer dela a sua casa. Sete anos depois, a escolha revelou-se aposta ganha, feito que conseguiu graças à sua visão contemporânea, uma estética que permanece até aos dias de hoje e não dá sinais de abrandar.

As peças de Rousteing são arrojadas, descomplicadas e trendy, o que fez com que conseguisse formar o seu Balmain Army, que conta com alguns dos nomes mais cobiçados da indústria, entre eles Kendall Jenner, Kim Kardashian e as irmãs Gigi e Bella Hadid. É muitas vezes percecionado como um disruptor, mas na verdade tudo aquilo que quer é introduzir diversidade e empowerment

Recentemente, Olivier Rousteing anunciou o regresso da Balmain às passerelles da Alta-Costura e, dia 08 de novembro, a coleção-cápsula que idealizou para o Mytheresa.com começa a ser comercializada. Olivier Rousteing respondeu a um Q&A exclusivo para a Vogue Portugal onde revelou tudo aquilo que precisa de saber sobre Mytheresa x Balmain. Porque na verdade, quem melhor do que o próprio designer para falar desta colaboração?

Para a coleção exclusiva do Mytheresa, o Olivier Rousteing reinterpretou 10 silhuetas emblemáticas da Balmain. Qual foi a inspiração e qual é a peça preferida para a holiday season?

Todas estas peças têm uma memória associada, por isso mesmo é-me impossível eleger uma favorita - já foi muito difícil reunir 10 peças. Eu e a minha equipa dedicamos imenso tempo e esforço em cada coleção e, claro, há sempre uma ou duas peças que me marcam, mesmo anos depois de as ter apresentado pela primeira vez na passerelle. Em muitos casos, essas peças ajudaram-me a criar o mood para determinada coleção, acabando por serem um ponto de partida. Com esta coleção, consegui reunir as peças que não perderam poder num só temporada.

O tema para Mytheresa x Balmain é disco/party. Olivier é famoso por trabalhar com muitos músicos na etiqueta francesa. O que é que a música significa para si a nível pessoal, como é que a vê no seu trabalho e, mais especificamente, nesta coleção-cápsula?

A música está presente em quase todas as minhas criações. Como já o disse várias vezes, as pessoas com trinta e poucos anos cresceram a experimentar música e a Moda, então, para mim, é impossível imaginar uma sem a outra. No estúdio, o volume da música está sempre no máximo, as batidas, letras e mensagens entram no nosso subconsciente enquanto estamos a desenhar. Os meus artistas favoritos têm sido as minhas grandes inspirações - quer para as coleções, quer para as campanhas da Balmain. É muito provável que estas criações se pareçam com músicas clássicas quando se misturam com as vibrações contagiantes das discotecas. 

A coleção-cápsula chega mesmo a tempo da época festiva. Como é que o Olivier Rousteing celebra o Natal e o Ano Novo?

Esta altura é perfeita para fugir da agitação que vivo durante o resto do ano. Relaxar, fazer jantares de Natal com os meus amigos, ir para Bordeaux, cidade onde cresci, e passar o máximo de tempo possível com a minha família. 

É entendido como um disruptor - um rebelde da indústria da Moda. Porque é que acha que é visto dessa forma e que regras sente necessidade de quebrar na indústria?

Há muitas regras - não só na Moda - que precisam de ser reavaliadas e postas de lado. Mas acharem que sou um disruptor é enganador. Aquilo que continuo a fazer não é nada mais do que honestidade e acompanhar os padrões que todos têm vindo a falar nos últimos anos - diversidade, respeito e empowerment. A honestidade é uma ferramenta tão bonita, poderosa e disruptiva. 

Como é que funciona o processo criativo? Tem alguma musa em mente, ou a inspiração surge de alguma coisa mais específica, como viagens, arte…

Cada coleção tem seguido um caminho bastante distinto - às vezes, eu e a minha equipa desafiamos alguns ícones e musas, mas também já nos inspiramos nos mindsets que nos guiam. Mas, sobretudo, criamos coleções a partir de algumas palavras-chave: o legado da Maison, o trabalho exímio dos ateliers Balmain, o espírito da minha geração e o potencial libertador que a música nos oferece. 

As peças

Rui Matos By Rui Matos

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