Extravagantes, mágicos e sempre épicos, ninguém cria cenários para os desfiles como Karl Lagerfeld.
Extravagantes, mágicos e sempre épicos, ninguém cria cenários para os desfiles como Karl Lagerfeld.
© Getty Images
Quando o designer alemão prepara um cenário para a Chanel, apresenta-nos uma realidade alternativa, transformadora, que é recebida com tanto entusiasmo quanto a própria coleção. E, enquanto o criador já apresentou coleções em todo o mundo, foi o Grand Palais de Paris que recebeu a panóplia de encenações do pronto-a-vestir. Da estação espacial (outono/inverno 2017) ao supermercado totalmente abastecido (outono/inverno 2014), e à homenagem às seis cascatas de Gorges du Verdon (primavera/verão 2018), a capacidade de transportar a audiência através da sua visão redefiniu totalmente a experiência de um desfile de Moda.
Enquanto outros criadores de ready-to-wear estão a apostar em apresentações mais pequenas, em detrimento das grandes produções nos desfiles, o Kaiser da Moda continua a levar ao limite as possibilidades de conjugar os coordenados idealizados com os cenários: nuvens a evaporarem-se numa pista de gelo (outono/inverno 2007); um iceberg em tamanho real - com cerca de 265 toneladas importado da Escandinávia - (outono/inverno 2010); uma colaboração com a arquiteta Zaha Hadid e outra com a musa Florence Welch, em 2011, para produzir um mundo subaquático mágico e modernista enquanto Welch surgiu de uma carapaça ao estilo Botticelli para cantar What the Water Gave Me (primavera/verão 2012).
Podemos pensar que a beleza destas maravilhas cinematográficas da Chanel é suficiente por si só, mas os cenários de Lagerfeld oferecem uma visão do que se passa na sociedade. Do protesto feminista (primavera/verão 2015) à rápida aquisição tecnológica (primavera/verão 2017), um desfile Chanel oferece muito mais do que um mero escape à realidade.