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Pílula do dia seguinte: os mitos e as verdades

23 Feb 2022
By Joana Rodrigues Stumpo

Está na hora de declarar o fim do estigma e desmistificar este método de contraceção de emergência.

Está na hora de declarar o fim do estigma e desmistificar este método de contraceção de emergência.

© iStock Photos
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É certo de que preferíamos não ter de lhe recorrer, mas acidentes acontecem e não há nada de errado com isso. Então, mais vale estarmos prevenidas e informadas - até porque o que não falta são mitos que só nos deixam assustadas e hesitantes. A Vogue falou com a ginecologista Ana Isabel Machado para verificar todas as informações que por aí circulam sobre este método de contraceção de emergência, que pode ser utilizado “sempre que há relações sexuais desprotegidas, quando há falha de um método contracetivo”, seja a pílula, o anel ou o adesivo.

A pílula do dia seguinte só é eficaz 24 horas depois da relação sexual

Não é bem assim. Antes de mais, a ginecologista explica que existem dois tipos de pílulas disponíveis no mercado: “O levonorgestrel, que está licenciado para utilizar até três dias e quanto mais precocemente é tomado melhor e mais eficaz é; e o acetato de ulipristal, que são comprimidos que são eficazes nos primeiros cinco dias e não perdem eficácia ao longo do tempo. Se for utilizado numa fase antes da ovulação e até 24 horas após a relação sexual desprotegida, o levonorgestrel é 95% eficaz e se for até às 72 horas é cerca de 58%”. Contudo, Ana Isabel Machado deixa o alerta que “na altura da ovulação, a pílula de levonorgestrel não tem qualquer eficácia”. Já a “pílula de acetato ulipristal tem eficácia de 99% a 98%” ao longo dos cinco dias após o relacionamento desprotegido.

A pílula do dia seguinte é o único método de contraceção de emergência

Para além das duas pílulas disponíveis, existe um outro método de contraceção de emergência: o dispositivo intrauterino de cobre. A ginecologista esclarece que “o DIU de cobre pode ser colocado até cinco dias após relações sexuais não protegidas e a eficácia é muito grande, perto dos 99%”. No que toca ao ciclo hormonal, salienta que este é o método mais seguro “se estivermos muito perto da ovulação”. Para além disso, tem a vantagem de, uma vez colocado, ficarmos “com contraceção futura”. Talvez a única desvantagem é que “a sua colocação depende de um médico”.

Só podemos tomar 3 pílulas do dia seguinte durante toda a vida

Não há que enganar: “não há número máximo de pílulas que se possa tomar” ao longo do tempo. No entanto, se a toma deste método de emergência for uma prática recorrente, isto pode ser um sinal de “que estamos a fazer mal a contraceção”.  

É necessário consultar um médico para ter acesso à pílula do dia seguinte

Enquanto que, para colocar o DIU de cobre, é necessário recorrer a um profissional de saúde, adquirir a pílula do dia seguinte é muito mais fácil. Ana Isabel Machado diz que a pílula de levonorgestrel “pode ser comprada por exemplo em parafarmácias”, enquanto que “precisa de uma farmácia onde adquirir” a pílula de acetato ulipristal. Em ambos os casos, “nem sequer precisa de receita médica”.  

A pílula do dia seguinte torna-nos inférteis

Este método de contraceção de emergência “não tem impacto negativo na fertilidade”, garante Ana Isabel Machado. As consequências posteriores prendem-se apenas pelos efeitos secundários, que a ginecologista diz poderem ser “dor de cabeça, náuseas, vómitos, tonturas e alguma sensibilidade mamária”. Para além disso, “a menstruação pode não aparecer na altura certa, podendo ser antecipada ou atrasada um ou dois dias. Se o período não aparecer na altura prevista tendo em conta estes dois dias”, devemos fazer um teste de gravidez.

Joana Rodrigues Stumpo By Joana Rodrigues Stumpo

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