Todas as grandes missões têm nomes de código. Esta não é exceção.
Todas as grandes missões têm nomes de código. Esta não é exceção. Todas as grandes missões têm grandes propósitos. Esta não é exceção. Todas as grandes missões têm uma grande equipa. Esta não é exceção. Todas as grandes missões têm títulos que não deixam revelar a sua intenção. Esta é a exceção que confirma a regra.
Fotografia: The Bardos
Fotografia: The Bardos
As grandes empresas tecnológicas usam-nos para trabalhar em segredo lançamentos de software e produtos que não querem que a concorrência descubra. As organizações militares usam-nos para planos de defesa e ataque com fator surpresa. A polícia usa-os para deter criminosos em flagrante antes que se apercebam da investigação em curso. Os jornalistas usam-nos para trabalhar secretamente em artigos que denunciam irregularidades, fraudes, ação criminosa num uso justo do seu quarto poder. Aqui, o propósito deste code name é mais nobre. E não é secreto. Pelo contrário: a sua promoção exacerbada faz parte do modus operandi de uma iniciativa que se resume a um conceito básico – União.
Daí o nome de código UNION para denominar um trabalho inédito conjunto na Moda Nacional. Ana Salazar, Alexandra Moura, Anabela Baldaque, Awaytomars, Carla Pontes, Carlos Gil, Constança Entrudo, David Catalán, Dino Alves, Diogo Miranda, Duarte, Filipe Faísca, Gonçalo Peixoto, Hibu, Hugo Costa, Inês Torcato, João Magalhães, Katty Xiomara, Lidija Kolovrat, Luis Buchinho, Luís Carvalho, Luís Onofre, Miguel Vieira, Nuno Gama, Nuno Baltazar, Nycole, Olga Noronha, Pé de Chumbo, Ricardo Andrez, Ricardo Preto, StoryTailors, Susana Bettencourt e Valentim Quaresma compõem a equipa-maravilha de designers/marcas portuguesas que responderam ao repto da Vogue Portugal para lançar uma coleção única que se cose a sucesso fabricado em Portugal.
Agregada pela revista, forjada na aliança dos nomes que batalham diariamente por criar etiquetas que mostram o que de melhor se faz em design têxtil e de acessórios no nosso país, UNION vem colocar uma nova visibilidade sobre os processos e ADN de cada um dos intervenientes, em particular, e na Moda Nacional como um todo. UNION chega numa espécie de open call, um repto como uma forma de apelo pelo sentido de comunidade de Moda, de ADN nacional, de união de forças que este momento tanto exige. Porque este não é o momento de olharmos para o nosso umbigo, de remar cada um para o seu lado, de deixar que outros se percam quando, se isso acontecer, perdemos todos. Se há um momento que pede união, que pede que caminhemos juntos numa única direção, que pede maior diálogo, que pede uma só voz, é este.
Os próximos tempos serão duros, mas não tão duros quanto o desmoronamento de um setor que sabemos ser de qualidade no nosso país e que não queremos ver aquém do seu potencial. Os próximos tempos serão desafiantes, mas não tão desafiantes quanto o tentarmos contorná-los a solo. Os próximos tempos serão difíceis, mas serão também um impulso à nossa criatividade, exponenciada pelo trabalho em conjunto. Por isso, esta iniciativa em modo #strongertogether surge sob a égide de um ADN nacional, mas com uma montra para o mundo – a da Vogue Portugal. Nesse sentido, e para mostrar internacionalmente o que fazemos de melhor – principalmente quando nos unimos –, a Vogue pediu a estes 33 criadores para (re)imaginarem – do zero ou em modo upcycling – uma peça que refletisse a sua identidade para fazer parte desta coleção, com total liberdade para tipo de item e género (seja pela presença ou ausência dele) e que não responde a temporada, estação ou ano. Responde apenas à vontade de mostrar aquém e além fronteiras que aqui há identidade de Moda portuguesa.
Sob este título UNION (que representa não só a união, mas também veiculando a tradução de sindicato no seu maior sentido de comunidade), esta iniciativa conjunta tem apenas uma regra: que a peça seja (no seu todo ou em detalhes) azul, qualquer azul no seu espetro Pantone, do azul-esperança ao azul-prosperidade, que é tudo o que os próximos tempos pedem. Azul. Porque é também uma cor associada à liberdade, à intuição, à imaginação e à sensibilidade, representando ainda profundidade, confiança, lealdade, estabilidade e sabedoria. Azul. Porque provoca sensações de tranquilidade e calma mas, nas suas tonalidades mais vibrantes, é também um motor para sentimentos de dinamismo e adrenalina profunda. Azul, que na sua paleta cromática pode ser tão forte e impactante como suave e calmante - e que, em muitas culturas, é ainda símbolo de paz, acreditando-se que mantém longe os espíritos malignos. Azul, que pode ser também um símbolo de amor – não é à toa que o ditado para as noivas é “something old, something new, something borrowed, something blue” –, e em termos corporativos, diz-se que é uma cor associada à inteligência, estabilidade e união. O único azul que não será aqui tolerado é o azul-melancolia.
A coleção chegará no próximo semestre, sob a etiqueta Vogue UNION ao lado de nomes fortes da Moda Nacional, e pretende fomentar uma união, mas uma que vai mais além daqueles que se movem na indústria do design de Moda em português. Num editorial que será apresentado na edição de outubro da Vogue Portugal, com todas as peças daqui resultantes, UNION só faz sentido com o apoio alargado não só de quem cria, mas também de quem consome. De quem aplaude. De quem segue, se inspira, faz wishlists e sabe que comprar português ajuda a economia. O investimento é dos intervenientes, mas também de quem depois usará o design nacional para o levar da calçada portuguesa aos passeios um pouco por todo o Mundo, mesmo que apenas em feeds de redes sociais. Num projeto que é anunciado agora mas constantemente atualizado nas plataformas vogue.pt e demais social media Vogue Portugal, até à sua apresentação final, UNION não se esgota nesta janela temporal. É um pontapé de saída para um sentido de comunidade que não se limita a esta iniciativa. Porque UNION não é apenas um artigo, um trabalho, ou um projeto. É um estado de espírito, uma mentalidade, um mindset. Um que está mais que devido e que mais que nunca é preciso.
Read the english version here.Texto original na edição Happy Together da Vogue Portugal, publicada em maio 2020.
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