LSD, psilocibina, ecstasy, ayahuasca. Das happy trips do passado à saúde mental do presente, poderão os psicadélicos ser o futuro da terapia?
LSD, psilocibina, ecstasy, ayahuasca. Das happy trips do passado à saúde mental do presente, poderão os psicadélicos ser o futuro da terapia?
©Getty Images
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Em 1967, John, Paul, George e Ringo deram ao mundo aquilo que o mundo acreditou ser uma ode a um psicadélico quase tão famoso como uma certa banda de Liverpool. A teoria revelou-se uma das maiores conspirações sobre uma das maiores obras-primas dos Beatles: Lucy In The Sky With Diamonds só podia ser uma inteligente, mas não suficientemente subtil, abreviatura de LSD. Possível? Sim. Real? Nem por isso. “Eu juro a Deus, ou juro a Mao, ou a qualquer pessoa de quem tu gostes, que eu não fazia ideia de que se lia LSD”, disse John Lennon à Rolling Stone em 1970. Entrevista após entrevista, o músico via-se obrigado a clarificar que Lucy não era uma acid song. “O meu filho chegou a casa com um desenho e mostrou-me esta mulher com um aspeto estranho a voar. Eu disse, ‘O que é?’, e ele respondeu, ‘É a Lucy no céu com diamantes’, e eu pensei, ‘Isto é lindo’. Escrevi logo a música. Depois do álbum ter saído, alguém reparou que as letras soletravam LSD e eu não fazia ideia disso... Mas ninguém acredita em mim.”
Não é de estranhar que a narrativa não tenha sido convincente para um público que, como escrevia a Rolling Stone, se limitava a revirar os olhos: do LSD à psilocibina (um composto alucinogénio encontrado nos chamados “cogumelos mágicos”), os psicadélicos são frequentemente associados a hippies e raves, ao mítico Woodstock e a trips tão intensas, místicas, e inexplicáveis, que são capazes de desbloquear a criatividade até então vedada, revelar horizontes até então desconhecidos, e despertar sentidos até então reprimidos. Quem já embarcou nesta “viagem” sabe o quão impressionante pode ser. Em 2008, 36 voluntários saudáveis participaram num estudo conduzido pela Universidade John Hopkins, nos Estados Unidos da América, onde ingeriram uma dose de psilocibina. Depois dessa sessão, 80% dos participantes classificaram a experiência como estando entre as cinco mais significativas da sua vida, a nível pessoal e espiritual; e metade dos voluntários consideraram a experiência como a mais marcante das suas vidas até então. Um ano depois deste estudo ter sido conduzido, os resultados foram confirmados e igualmente validados através de entrevistas a amigos e familiares dos voluntários.
But that was then and this is now: cinquenta anos depois do “LSD” dos Beatles ter andado nas bocas do mundo, e apesar de continuarem a ser sinónimos de uma experiência transcendente, os psicadélicos começam a ser vistos como algo que a ciência pode explicar. Ou, melhor, voltam a ser vistos como algo que a ciência pode explicar. “A meio do século XX, duas novas moléculas incomuns, compostos orgânicos com uma impressionante semelhança, explodiram no Ocidente. Com o tempo, estas moléculas iriam mudar o curso da história social, política e cultural, bem como as histórias pessoais de milhares de pessoas que eventualmente as introduziram nos seus cérebros.” É com esta constatação sobre o LSD e a psilocibina que o jornalista e escritor Michael Pollan dá o pontapé de saída para How To Change Your Mind, um livro de 2018 que relata a história um tanto desconhecida dos psicadélicos, desde a descoberta acidental do LSD à criminalização destas substâncias, passando pelo seu reaparecimento no século XXI e pelas próprias experiências do autor com este tipo de drogas.
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