Neste Dia Internacional da Visibilidade Trans, a Vogue Portugal homenageia quatro personalidades históricas que marcaram o movimento LGBTQIA+.
Neste Dia Internacional da Visibilidade Trans, a Vogue Portugal homenageia quatro personalidades históricas que marcaram o movimento LGBTQIA+.
A Morte e Vida de Marsha P. Johnson (2017), © Netflix
A Morte e Vida de Marsha P. Johnson (2017), © Netflix
Ao longo das aulas de História aprendemos sobre centenas de figuras históricas, a maioria homens brancos, que, na ausência de mais conhecimento, se tornaram no nosso imaginário como os únicos que tinham o poder de mudar o mundo. Mas a história não se limita àquilo que nos ensinam na escola, e quando se trata de património LGBTQIA+, os espaços em branco são mais que os preenchidos. Por isso mesmo, no Dia Internacional da Visibilidade Trans, tomámos as rédeas.
Dia 31 de março é o Dia Internacional da Visibilidade Trans, um dia dedicado à celebração da identidade trans. Enquanto população, as pessoas transgénero são das mais vulneráveis da nossa sociedade, ainda alvo de imensa discriminação, tanto social como legislativa. Por isso mesmo reafirmamos o nosso apoio a toda a população transgénero, e, por essa mesma razão, escolhemos homenagear quatro ativistas que revolucionaram o mundo em que viveram.
A coragem destas quatro figuras históricas, a forma como avançaram a história de quem somos enquanto uma civilização, é feita no simples ato da sua existência. A determinação em viverem quem são, independentemente das consequências negativas que teriam de arcar, é não só louvável, como verdadeiramente revolucionário. Honramos os titãs da história trans, que mudaram o mundo para as futuras gerações LGBTQIA+, tornando-o num sítio melhor.
Marsha P. Johnson (1945-1992)
O trabalho e património de Marsha P. Johnson é extremamente extenso, desde o seu papel nos Stonewall Riots, um dos acontecimentos mais marcantes no movimento de direitos LGBTQIA+, aos seus contributos durante a crise da Sida/HIV. A ativista, que após os eventos em Stonewall, criou uma associação que deu abrigo e alimentação a vários indivíduos trasngénero, tornou-se sinónimo do ativismo trans. Até à sua morte, em 1992, Johnson foi um símbolo do progresso da comunidade LGBTQIA+.
Sylvia Rivera (1951-2002)
Tal como Marsha P. Johnson, Sylvia Rivera foi uma das pessoas essenciais à catalisação do movimento de direitos LGBTQIA+. Em conjunto com esta, Rivera fundou STAR (Street Transvestite Action Revolutionaries), uma das primeiras instituições no mundo dedicada a apoiar pessoas transgénero, trabalhadores sexuais e membros mais novos da comunidade LGBTQIA+. Foi também uma poderosa ativista política, lutando a sua vida toda pela segurança dos direitos da comunidade queer. Mesmo após a sua morte, em 2002, o legado da ativista perdura, através da associação Sylvia Rivera Law Project, que se foca na representação política de pessoas transgénero.
Alan L. Hart (1890-1961)
Alan L. Hart foi o primeiro homem transgénero nos Estados Unidos a fazer uma cirurgia de mudança de sexo, assim como tratamentos de hormonas que se estabelecem como os primórdios das técnicas disponíveis hoje em dia. Hart foi também um dos mais importantes investigadores médicos do século XX, avançando o conhecimento sobre a tuberculose. Através dos métodos desenvolvidos pelo cientista, que permitia o diagnóstico da doença infecciosa através de raios-x, foram salvas inúmeras vidas, incluindo as de indivíduos assintomáticos, que de outra forma não teriam sido diagnosticados.
Lou Sullivan (1951-1991)
Louis Sullivan foi um ativista americano, assim como um dos primeiros homens transgénero a entrar na consciência pública. O autor, que se identificava como homossexual, é também responsável pela distinção entre orientação sexual e identidade de género, conceitos que, até aos seus contributos, eram considerados sinónimos. Para além das suas várias obras, Sullivan fundou também a associação FTM International, que se especializava no apoio médico e psicológico a homens transgénero. O ativista apelou por várias vezes à Associação de Psiquiatria Americana para reconhecer a sua identidade enquanto transgénero e homossexual, e até à sua morte em 1991, lutou pelos direitos de toda a população trans.
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