Ficar em casa não significa que as nossas emissões individuais de CO2 caíram para zero. No mês em que celebramos a Terra, analisámos algumas das formas mais ocultas através das quais contribuímos para as alterações climáticas e que mudanças é que podemos fazer para sermos mais ecológicos.
Ficar em casa não significa que as nossas emissões individuais de CO2 caíram para zero. No mês em que celebramos a Terra, analisámos algumas das formas mais ocultas através das quais contribuímos para as alterações climáticas e que mudanças é que podemos fazer para sermos mais ecológicos.
Fotografia de Gosha Pavlenko. Styling de Giulia Meterangelis.
Fotografia de Gosha Pavlenko. Styling de Giulia Meterangelis.
Todos sabemos que viajar de avião não é bom para a nossa pegada de carbono, mas e quanto a todos os filmes e séries que estamos a ver compulsivamente na Netflix durante este isolamento social? Cada vez mais, estudos comprovam que os hábitos digitais também estão a contribuir para a crise climática, devido aos enormes centros de dados e servidores que alimentam a Internet. De acordo com a UNFCCC, o setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) é responsável por 2% das emissões globais de gases de efeito estufa - tornando-o assim tão prejudicial quanto a indústria da aviação.
O streaming é um fator importante, com um estudo a demonstrar que cinco mil milhões de reproduções do vídeoclipe de Despacito de 2017 consumiram tanta eletricidade quanto cinco países africanos num único ano. “Muitas pessoas desconhecem os impactos ambientais do streaming”, afirmou Beth Webb, apresentadora do documentário Dirty Streaming: The Internet’s Big Secret da BBC, à Vogue. “Trata-se realmente de entender como a Internet funciona no que à energia diz respeito e o quão consumidora do ambiente é em vários aspetos.”
Mas o uso da internet, que tem aumentado durante a pandemia do novo coronavírus, não é de forma alguma a única atividade do quotidiano surpreendente que contribui para a nossa pegada de carbono. Aqui estão seis das coisas pelas quais a maioria de nós é culpada e as maneiras de reduzir o seu impacto no meio ambiente.
1. Enviar emails
Pegada de carbono: 0.004kg por email
Enviar emails é uma parte importante das nossas vidas, mas já alguma vez considerou o impacto de todas as trocas de email desnecessárias que se fazem diariamente? De acordo com o professor Mike Berners-Lee, um email regular leva à produção de 4g de CO2, enquanto um email com um anexo grande vai até aos 50g, devido à eletricidade necessária para enviar, receber e armazenar os emails. Isto pode não parecer muito, mas considerando todos os emails que enviamos globalmente.
O que podemos fazer? Um estudo recente da empresa de energia OVO sugeriu que se cada adulto no Reino Unido enviasse menos emails de agradecimento, economizaria quase 16.500 toneladas de carbono por ano.
2. Plataformas de streaming
Pegada de carbono: 0,42kh por um programa de uma hora
Acompanhar as nossas séries preferidas é uma das nossas atividades de eleição nesta quarentena, mas é também um contributo para a pegada de carbono. Um estudo sugere que 420g de CO2 são emitidas a cada hora que gastamos a ver um filme ou série numa plataforma de streaming. A Netflix revelou em fevereiro que o seu consumo global de energia aumentou 84% em 2019.
O que podemos fazer? Ver filmes e séries no padrão standard de definição, em vez da alta definição que usa até cinco vezes mais energia - é uma maneira fácil de reduzir o nosso impacto individual. (A Netflix afirmou em março que está a reduzir a qualidade de vídeo na Europa para reduzir a pressão sobre os provedores de internet durante a pandemia do novo coronavírus.) Não deixar a nossa série favorita como background é outra maneira de reduzir a pegada.
3. Comer queijo
Pegada de carbono: até 6.75kg para 500g de queijo
Grande parte da população está ciente do impacto ambiental que é comer carne, mas a produção de laticínios leva a emissões significativas de carbono. O queijo é um excelente exemplo disso, produzindo entre 8,8kg e 13,5kg de CO2 por quilograma - mais do que um frango, que tem uma pegada de 6,9kg por quilograma de carne.
O que podemos fazer? Além de reduzir ou retirar completamente o queijo da nossa alimentação, outra maneira de reduzir o impacto do hábito lácteo é optar por um queijo com menos gordura e menos denso, como a mozzarella ou a ricotta.
4. Comprar roupa
Pegada de carbono: 33,4kg por um par de calças de ganga ou 15kg por uma t-shirt em algodão
Com a indústria da Moda a contribuir com cerca de 10% das emissões globais de gases de efeito estufa, é evidente que precisamos de pensar nas nossas roupas para reduzir o nosso impacto ambiental. A produção de tecidos e a sua lavagem são os principais fatores para a pegada geral de carbono: um par de jeans da Levi’s pode levar até 33,4kg de CO2 a ser emitido ao longo da sua vida útil, por exemplo, enquanto uma t-shirt em algodão pode ter emissões de 15kg.
O que podemos fazer? Devemos todos considerar lavar menos as nossas roupas e comprar menos. Enquanto isso, prolongar a vida útil de cada peça por mais nove meses pode reduzir a sua pegada de carbono entre 20% a 30%, segundo a WRAP - isto significa que optar por roupas vintage ou em segunda mão é também uma escolha mais consciente.
5. O uso de água quente
Pegada de carbono: 875kg por domicílio num ano
Economizar água não é apenas conservar H2O; o consumo de água também gera altas emissões de CO2, devido à energia necessária para a fornecer, tratar e usar. Um estudo da River Network estimou que 5% de emissões de carbono dos EUA vêm do uso da água, enquanto um relatório do Energy Saving Trust sugeriu que o uso de água quente produz 875 kg de CO2 por família anualmente.
O que podemos fazer? Para economizar água e energia, podemos reduzir o tempo que passamos a tomar banho (o maior uso de água da famílias), lavar a roupa a 30º (o que pode economizar até 40% de eletricidade ao longo de um ano) e encher a máquina de lavar a louça com a capacidade total.
6. Resíduos domésticos
Pegada de carbono: 313kg por domicílio por ano
Sabia que toda a vez que vai deitar fora o lixo, a sua pegada de carbono aumenta? Isso deve-se à energia necessária para produzir esse itens, bem como as emissões de gases de efeito estufa que são produzidas quando os resíduos acabam em aterros sanitários.
O que podemos fazer? O desperdício de alimentos é o maior fator para as emissões de resíduos domésticos, o que significa que é crucial evitar a compra a granel durante a pandemia atual e adubar as sobras. A reciclagem pode salvar grandes quantidades de CO2, principalmente no que diz respeito a materiais como o alumínio e o plástico. De acordo com a EPA, os EUA eliminaram 181 milhões de toneladas de CO2 do lixo doméstico em 2014 simplesmente por comportarem e reciclagem - o que equivale a tirar 38 milhões de carros das ruas.