Moda sem género, porque quando se fala em comunicar com o mundo é, afinal, um dado irrelevante.
Moda sem género, porque quando se fala em comunicar com o mundo é, afinal, um dado irrelevante.
Fotografia de Branislav Simoncik. Vogue Portgugal, outubro de 2017.
Fotografia de Branislav Simoncik. Vogue Portgugal, outubro de 2017.
Fazer compras na secção de homem não é novidade para ninguém, mas o conceito sem género propriamente dito tem vindo a ganhar cada vez mais terreno nas Semanas de Moda. Designers como Rick Owens ou Alessandro Michele para Gucci têm-no adotado repetidamente nas suas coleções e muitas vezes não é possível distinguir com facilidade se o modelo que está a desfilar é um homem ou uma mulher. Porque esse não é um dado relevante.
A Moda sempre foi uma forma de comunicar com o mundo a personalidade de cada pessoa. Conformar-se com a norma é uma ideia obsoleta a todos os níveis e por isso as marcas procuram desafiar-se a criar para novos públicos. A nova geração de fashionistas vai vestir exatamente o que quiser. Nem mais nem menos. E a Gucci mostra que os homens não só podem, como devem usar camisas justas com estampado florido. Um exemplo desta mudança no mindset e atitude das camadas mais jovens é o rapper de 21 anos Jaden Smith, que posou com um casaco em pele e uma saia numa campanha de 2016 da Louis Vuitton. Quando o questionaram acerca da saia, disse à revista Nylon que queria contribuir para que daí a cinco anos, quando um miúdo for para a escola de saia não fosse espancado nem gozado pelas outras crianças – porque ninguém quererá saber.
Em 2020, as pessoas procuram definir-se para além do estabelecido pela opinião pública e pelas secções das lojas, onde tudo foi escolhido previamente por alguém que não eles. Até lojas como a Zara, H&M ou Zippy já ofereceram roupa tendo em conta a fluidez de género, dita unissexo. Porém, apenas até certo ponto e sob pena de serem cancelados nas redes sociais. Muitas calças para mulher, mas poucas ou nenhuma saia para homem.
O apoio da indústria da Moda face à neutralidade de género é mais necessário do que nunca, especialmente porque continuamos a enfrentar questões como a proibição de entrada na carreira militar por pessoas transgénero ao abrigo do governo de Trump, nos Estados Unidos. Entre tantas outras injustiças que merecem ser encaradas de frente. A inclusão tem obrigatoriamente de ser a norma e a Moda deve fazer parte do progresso, como aliás sempre fez. As novas gerações importam-se cada vez menos com o género, que é irrelevante quando se fala de confeção de vestuário e só querem que cada pessoa seja ela própria.
Sob esta premissa, a Vogue reuniu um shopping de peças genderless porque se 2020 é o ano da mudança, queremos começar por aqui.